Novo aeroporto de Berlim vira meme com filas e caos na operação

Com pouco mais de um ano de operação, o novo aeroporto Berlin-Brandenburg já acumula tantas queixas de atrasos quanto na época em que tentava sair do papel. Após quase nove anos de obras, ele foi inaugurado em outubro de 2020 em plena pandemia, mas sob a premissa de modernizar o acesso à capital alemã.

No entanto, uma série de queixas já surgiu tanto nas redes quanto na imprensa internacional, a mais comum a respeito das enormes filas para check-in e recuperação de bagagens. No início de novembro, a Deutsche Welle reportou ainda que havia sido identificado uma bactéria do tipo coliforme fecal na água oferecida aos passageiros do BER.

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Dias depois, o próprio aeroporto informou que as operações de voos haviam sofrido atrasos por causa de um alarme de incêndio disparado por um viajante que fumou no banheiro. Os avisos de problemas ou interrupções na dinâmica dos terminais são tão frequentes nas plataformas oficiais do BER que inspiraram um perfil no Twitter que tem como objetivo "ajudar o aeroporto de Berlim a se desculpar".

"Sentimos muito pelos atuais atrasos no aeroporto de Berlim #BER. A transição de aeroporto em testes para parque de aventuras de inverno não tem acontecido tão facilmente quanto gostaríamos. Continuem fieis a nós e visitem nossas novas atrações de ski", ironizam os autores em uma das postagens.

À CNN americana, o porta-voz do aeroporto, Jan-Peter Haack, reconheceu os problemas. "Tivemos alguns dias em que enfrentamos problemas e não oferecemos o serviço que os viajantes deveriam receber". No entanto, ele atribui a responsabilidade pelas operações irregulares à pandemia, que teria feito com que muitos trabalhadores pedissem demissão pelos riscos de contágio.

Os protocolos de combate a covid-19 ainda teriam dificultado contratações, que precisam se adequar às legislações vigentes no país a respeito de folgas e licenças de saúde. "Eu diria às pessoas, em primeiro lugar, que temos empatia. E que vocês, quem sabe, tentem [nos] dar mais uma chance. Estamos melhorando, espero, todos os dias", disse ainda à CNN.

Recém-inaugurado, o aeroporto já ficou "velho"

Um professor universitário da capital, Kunal Saigal, contou ainda a emissora que perdeu seu voo devido às filas e ao atendimento pouco cortês dos funcionários do BER e teve ainda um prejuízo de US$ 340 (R$ 1.927) em testes de covid e táxis, que não lhe foram reembolsados.

Ele diz ter saudade do aeroporto anterior da cidade, o Berlin Tegel, construído na Guerra Fria e fechado em novembro de 2020. "Você podia parar seu carro próximo ao meio-fio, chegar ao seu terminal em dois minutos e estar no portão de embarque em 10 minutos. Era tão mais eficiente e alemães privilegiam muito este aspecto de eficiência. Aquilo era realmente eficiente, este é o oposto", reclamou sobre o design do prédio, que teria aumentado as distâncias entre a entrada e os terminais.

Segundo o jornal Berliner Morgenpost, em outubro, a Lufthansa recomendou por e-mail a todos os seus passageiros com viagens programadas que chegassem ao aeroporto de Berlim com quatro horas de antecedência para o check-in.

Já o Financial Times apontou no início de dezembro que este não é o único problema de grandes proporções que enfrenta o BER: o aeroporto precisaria de uma injeção de capital privado urgente, já que suas obras teriam consumido duas vezes e meia o orçamento previsto, atingindo quase 7 bilhões de euros.

Projetado há uma década, o aeroporto ainda tem sido criticado por fornecer tótens para carregar celulares, em vez das tomadas acopladas a cada assento, mais comuns nos terminais em 2021.

Segundo o porta-voz Haack, a administração do aeroporto está ciente do problema que foi detectado ainda na construção, mas não foi consertado para evitar um atraso maior na entrega da obra. O reparo estaria no orçamento, mas não é prioridade diante de outros problemas.

Ele informou ainda à CNN que o aeroporto já começou a implementar iniciativas para vencer as filas, como uma força-tarefa que atuará durante as festas com 40 funcionários extras na segurança, check-in e bagagem para auxiliar os passageiros.

Além disso, novas mesas teriam sido acrescentadas à checagem de segurança para descarregar notebooks e recipientes com líquidos, já que o espaço anterior seria limitado e tornaria o processo mais lento. Segundo a emissora, já não havia filas na segurança do aeroporto na última sexta (10), mas banheiros estavam sujos e molhados, enquanto corredores estavam interditados.