Escassez de champagne pode afetar comemorações de Réveillon no mundo todo
A escassez — ou, pelo menos, significativa diminuição — nos estoques mundiais de champagne pode impactar as comemorações de ano-novo ao redor do globo.
A causa do problema? Há duas, mas eis a primeira delas: as últimas duas colheitas de uvas na região da Champagne, que produz a bebida na França, tiveram performance abaixo do esperado para o ano de 2021.
Em abril, a revista "Food and Wine" noticiou que 80% dos vinhedos franceses haviam sido atingidos por fortes geadas, o que resultou em perda de ao menos um terço de toda a produção. O britânico "The Guardian" ainda reportou os esforços de alguns donos de vinícolas de derreter o gelo antes que toda a safra fosse perdida com o auxílio de múltiplas velas espalhadas pelas plantações.
Até mesmo o presidente Emmanuel Macron compartilhou imagens dos campos iluminados saudando o trabalho dos agricultores:
As perdas, no entanto, se repetiram em setembro. Fortes chuvas ocasionaram perdas de mais 25% a 30% da produção dos vinhedos, um total de mais da metade de toda a safra do ano comprometida pelas mudanças climáticas.
O segundo fator foi a pandemia. Mundialmente, diversos setores de distribuição de matérias-primas e serviços foram prejudicados pelo fechamento de fronteiras, desemprego, internações e perdas de vidas trazidas pela covid-19. Pubs britânicos ficaram sem cerveja em setembro por falta de motoristas que transportasse as bebidas das cervejarias aos estabelecimentos.
Faltas de garrafas obrigaram os vinhos a passar mais tempo nos barris na Argentina e na Califórnia — duas regiões de expressividade na produção — e alteraram o seu sabor. Restaurantes nos EUA se viram sem garçons, justamente por causa dos protocolos sanitários, e recorreram a robôs para atender clientes.
O mesmo se repetiu na região da Champagne: o processo de engarrafamento e distribuição se tornou mais difícil. Mas houve ainda um agravante importante.
"Havia um excedente de champagne pouco antes da covid-19 e aí a covid aconteceu e houve um abundante consumo de todos os tipos de vinhos. Quando o mundo reabriu, o que notei 'desaparecer' mais rápido foi o champagne. As pessoas estavam se sentindo festivas, o que criou uma alta demanda. É a tempestade perfeita", explicou Paola Embry, sommelier e diretora de vinhos da Wrigley Mansion, um complexo de restaurante dentro de uma mansão de luxo em Phoenix, nos EUA, ao site especializado "Food52".
Ou seja, as pessoas beberam para suportar as quarentenas e beberam para comemorar o fim delas. Com estoques reduzidos e produções que ainda enfrentam obstáculos, podemos esperar que os dois próximos anos sejam difíceis para os amantes de champagne.
Paola não acredita que a bebida vá simplesmente desaparecer das taças na virada, mas que é possível que elas não estejam disponíveis em toda parte. Por isso mesmo, o impacto da safra deficiente já é sentido também no bolso: o "Food52" estimou que este tipo de vinho espumante já esteja cerca de 20% mais caro nos EUA.
Com algum planejamento, brindar a chegada de 2022 pode até ter champagne, mas pode custar bem mais.
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