Flores secas: como fazer em casa essa arte terapêutica e cheia de poesia
As flores enchem a decoração de vida, mas foi-se o tempo em que elas precisavam ficar apenas em vasos. Com técnicas de secagem dos arranjos, é possível soltar a criatividade e deixar que a imaginação seja o limite na hora de compor a décor com flores desidratadas.
Uma especialista em fazer esses arranjos em casa é a publicitária Ellen Melo Cortizo, que compartilha as suas dicas no perfil @ellencortizo. Seus primeiros arranjos vieram da vontade de fazer com que as flores durassem por mais tempo.
E quando me deparei com a beleza dos arranjos secos, cheios de tons terrosos e texturas tive vontade de estudar e descobrir as técnicas de secagem".
Segundo ela, o sol modifica as cores das folhas, o que algumas vezes as deixa até mais bonitas. "Folhas de eucalipto, por exemplo, ficam rosadas quando estão secando no sol. Mas outras podem ficar amareladas. Então o ideal é secar em local mais escuro, porém, ventilado", aconselha.
Normalmente, as flores devem ser colocadas para secar de cabeça para baixo, o que segundo Ellen evita que as pétalas caiam. Basta pendurá-las em um varal.
Depois de prontas, Ellen costuma colocar as flores em um local que não receba sol direto e que não seja úmido, usando-as em colagens, quadros ou até mini arranjos em redomas de vidro.
Ellen diz que gosta sempre de ir testando novas flores para ver como se comportam no processo de secagem. "Gosto de fazer muitos testes e de tocar e observar a estrutura da planta. Quanto menos água ela acumula na sua estrutura, mais dá certo o processo de secagem.
Então escolho plantas e flores com estrutura mais seca e firme como capim dos pampas, eucaliptos, rosas, latânias, proteas, craspedias ou crisântemos", completa.
Coisa de família
A geógrafa Lorenzza Gonçalves França conta que seu amor por flores secas começou há mais ou menos 15 anos, quando sua mãe e avó começaram a fazer guirlandas de cipó e flores secas para presentear pessoas queridas.
De lá para cá todo ano minha mãe faz algumas guirlandas para presentear e sempre arrumamos as nossas, para cada ano ser único", conta.
Lorenzza afirma que sempre se encantou pelo processo de transformação das flores, mas foi no início de 2020, quando se mudou para o atual apartamento, que passou a testar as possibilidades da secagem.
"Me vi cercada por uma tela em branco e uma infinidade de possibilidades, mas não tinha dinheiro suficiente para conseguir decorar da forma que eu desejava. Como sempre gostei de DIY (do it yourself), essa foi a oportunidade perfeita para me aventurar. Foi então que meu fascínio pelo mundo da desidratação das flores cresceu".
Lorenzza começou secando as flores Gypsy, que segundo ela são as melhores para se aventurar. "Dá para secá-las na água, como um arranjo, ou deixá-las penduradas de cabeça para baixo. Eu acho que ela fica bem em qualquer método", disse.
"Faço pequenos jardins secretos, em potes de vidro; paisagens mágicas em porta retratos com borboletas feitas de pétalas de Bougainville; relicários; mini arranjos florais; cartões para dar de presente ou apenas deixar um galho de flor seca em uma sacola de palha pendurada na parede", detalha.
Dicas valiosas
Como são bastante sensíveis, Lorenzza aposta no spray de cabelo, o famoso laquê, para que elas durem mais.
"Também é possível usar verniz, mas particularmente não gosto do aspecto, pois perde um pouco da textura e dá um brilho nas flores", explica.
Para as flores que não uso laquê, no final da vida delas eu sempre esfarelo e coloco nos vasos de plantas, para de certa forma virarem adubo".
Durante o método de secagem de cabeça para baixo, Lorenzza recomenda sempre ficar de olho nas flores, checando se o processo está ocorrendo de forma certa, se não está gerando nenhum fungo.
Para que as pétalas não percam a coloração, ela recomenda dois métodos específicos de secagem: em um ambiente escuro e seco, como um guarda-roupa que não fique sendo aberto o tempo todo; e no sal grosso, onde a flor é colocada sobre uma camada de sal grosso em uma vasilha e coberta por outra camada de sal.
"As flores devem estar bem separadas para um melhor resultado. Normalmente, eu checo toda semana para ver como está indo o processo e este método é ótimo para girassol, margaridas e gérberas", diz ela, que também dá outras dicas no perfil @helo_lar.
Processo terapêutico e arranjos com memória
Para a vendedora Thainara Walesca Maciel Torres, o processo de secagem das flores funciona também como uma atividade terapêutica, que inclusive a ajuda a ficar longe do celular.
Ela começou a desidratar plantas por acaso, depois de podar duas folhas de uma samambaia que havia ganhado de presente.
"Como ganhei de uma pessoa especial decidi deixar as folhas guardadas em um livro, pois seria uma forma de continuar com ela caso algo desse errado no cultivo. Quando secou, resolvi fazer um quadrinho", conta, acrescentando que logo na sequência já fez mais dois.
Amei tanto o processo que percebi que estava horas fazendo isso sem nem lembrar do celular. Foi muito relaxante".
Para Thai, que compartilha estes conteúdos no perfil @green.home13, somente o processo de deixar a flor desidratada de cabeça para baixo, já é poesia pura. "Acho belíssimo ver as flores secas contrastando nas paredes brancas", diz.
Em seus arranjos, Thay gosta de pensar que há muito mais do que beleza estética. "Tem muitos sentimentos envolvidos ali. Fiz uma redoma com uma das rosas de um buquê que ganhei do meu esposo de aniversário, outra já foi de um buquê do nosso último aniversário de namoro. Em cada arranjo tem muitas histórias", completa.
Para ela, as rosas são as flores mais fáceis de secar e, por isso, muito indicadas para principiantes. "Já outras espécies como crisântemos e gérbera dão mais trabalho, pois as folhas costumam a ficar bem bagunçadas.
O crisântemo muitas vezes escurece demais. Mas faz parte do processo, pois a natureza é perfeita na sua imperfeição", finaliza.
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