'Camisa de time do bairro é lembrança das tardes de sábado com meu pai'
Murilo de Melo
Mesmo sem jogar futebol, meu pai adorava o esporte. E sempre que comprava uma camisa de time, ele pegava uns números maiores, porque na época eu era obeso. Cheguei a ter obesidade tipo 2 e meu pai era muito magro, mas as camisas eram no meu número para a gente poder compartilhar. Eu achava isso fantástico.
De todas as camisas que ele tinha, a única que eu ainda guardo é a do Veteranos das 4, um time do qual você provavelmente nunca ouviu falar. É que ele é do bairro Aririú, em Palhoça, Santa Catarina. Tinha esse nome porque costumava jogar sempre às 16 horas no campinho local — que hoje nem existe mais, foi tirado daqui para a construção de um anel viário.
Todo sábado de tarde, eu e meu pai íamos ao campo para assistir aos jogos que aconteciam por lá. E o Veteranos das 4 era o time da casa, então tinha nosso total apoio. Ficávamos lá torcendo, dando risada, brincando com os árbitros, dividindo um refrigerante. Apesar de ele não jogar futebol, era muito querido por todos do time, porque estávamos sempre lá torcendo e fazendo bagunça. Eram momentos hilários e que nos uniam muito.
Lá por 2013 ou 2014, meu pai encomendou essa camisa para ajudar o Veteranos das 4 a comprar uniformes novos para o time. E, como de praxe, pegou uns números maiores para eu poder usar. Ela é uma camisa esportiva clássica: tem tecido frio, mole, absorve o suor. Mas tem o nome do meu pai, Osmar, estampado nas costas, o que a torna muito especial.
Meu pai faleceu em 2015 e, desde então, deixei de gostar de futebol, é algo que não faz mais tanto sentido para mim. Mas continuo guardando essa camisa e, volta e meia, ainda uso nos fins de semana ou quando estou com saudades dele.
É uma peça que me traz boas lembranças, me deixa meio nostálgico. É como se eu estivesse perto dele revivendo todos aqueles momentos".
Pretendo continuar usando-a até ver que é melhor parar, porque pode começar a estragar. Aí vou guardar com cuidado, porque quero mantê-la comigo para sempre, assim como as lembranças de tudo que presenciei com meu pai torcendo pelo Veteranos das 4.
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