Fornecedores da C&A e Zara se recusam a pagar salário mínimo aos empregados
De acordo com a Worker Rights Consortium, organização independente que trabalha a favor dos direitos de trabalhadores no mundo, funcionários das fábricas de Cartanaca, na Índia, responsáveis por produzir roupas para marcas globais, como a Zara, Nike, H&M, Puma, C&A, Gap, Tesco e Marks & Spencer, não recebem o salário mínimo desde abril de 2020.
Ainda de acordo com a WRC, o valor total de salários não pagos já ultrapassa os 41 milhões de libras. Já os trabalhadores, somam cerca de 400 mil indivíduos. O Estado de Cartanaca é conhecido por ser um dos grandes polos de produção têxtil no mundo.
"Em termos de número de trabalhadores afetados e total de dinheiro roubado, este é o ato mais flagrante de roubo de salários que já vimos. Os filhos dos trabalhadores do vestuário estão com fome, então as marcas podem ganhar dinheiro", acusou Scott Nova, diretor executivo do WRC, ao jornal "The Guardian".
Uma funcionária relatou, também ao jornal britânico, as dificuldades enfrentadas nesse último ano: "Se tivéssemos aumento de salário no ano passado, poderíamos ter comido vegetais pelo menos algumas vezes por mês. Ao longo deste ano, só alimentei minha família com arroz e molho de chutney".
A reportagem do "The Guardian" afirma que as marcas ocidentais, que se beneficiam dessa forma de trabalho, "se recusam a intervir ou não agem para garantir que os trabalhadores fossem pagos de acordo com a lei indiana".
O pagamento do salário mínimo é praticamente o menor obstáculo na responsabilidade de uma marca para com sua força de trabalho. Se eles não insistirem em que isso seja pago, eles estão permitindo que uma violação dos direitos humanos em grande escala continue impunemente".
Scott Nova
Após as denúncias, as marcas afirmaram estarem "comprometidas em pagar o salário mínimo legal e esperar que seus fornecedores cumpram a ordem do tribunal superior", como relatou o The Guardian.
Como destacado no título, a C&A disse em comunicado que exige dos seus fornecedores o cumprimento da ordem judicial e que estava "confiante" de que o fariam. A multinacional disse que espera uma confirmação por escrito de seus fornecedores.
Já a Zara afirmou que "tem um código de conduta rigoroso, que exige que todas as fábricas de nossa cadeia de suprimentos paguem salários legais, no mínimo. Estamos engajando fornecedores na região para incentivá-los a fazer o pagamento VDA".
A porta-voz da Inditex, proprietária da etiqueta espanhola, declarou ainda que os salários devem sempre ser suficientes para atender, pelo menos, as necessidades básicas dos trabalhadores e de suas famílias.
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