Ex-funcionários acusam companhia aérea de controlar peso de comissárias
Ex-comissárias da Emirates acusaram a companhia aérea de manter uma "polícia do peso" e controlar o peso das funcionárias; que seriam proibidas de engordar caso queiram manter seus empregos.
Ao site Insider, um grupo de seis ex-funcionários revelou a existência do "Programa de Gerência da Aparência", através do qual pesagens quinzenais das trabalhadoras teriam sido conduzidas.
Karla Bayson, ex-comissária de 36 anos que trabalhou na Emirates por nove anos, disse à publicação que teve colegas que receberam avisos a respeito de seu peso e um prazo para perder o peso: duas semanas. A cada quinze dias, elas seriam "novamente checadas".
Sua antiga colega, Maya Dukaric, acrescentou ainda que a "polícia do peso" está presente em aeroportos e interromperia a tripulação periodicamente emitir alertas a respeito de sua aparência.
Tripulantes entrariam para o tal programa por dois caminhos: ou seriam diretamente identificados pela "polícia do peso" ou denunciados pelos próprios colegas, segundo um ex-parceiro e outro ex-gerente do RH da empresa que teriam conversado com o Insider sob condição de anonimidade.
No programa, todos receberiam planos de dieta, exercícios e teriam reuniões regulares com nutricionistas, experts em dietas e representantes dos Recursos Humanos para aferir os progressos. Falha em atingir os objetivos seriam seguidas de avisos, checagens de peso e, em alguns casos, punições como corte de pagamentos.
Duygu Karaman, outra ex-comissária da Emirates, disse ao jornal Daily Mirror que conheceu colegas que tiveram os pagamentos reduzidos por causa de seu peso. Ainda de acordo com o ex-parceiro do RH ouvido pelo Insider, o corte acontece porque as profissionais seriam suspensas. Uma vez não escaladas para os voos, elas não recebem o pagamento por tempo de voos em um dia.
"Se você não perder [peso] naquele período exato de tempo, você pode perder seu emprego. Você sempre está sob o estresse desta pressão porque você sempre pensa que tem que ser perfeita", disse Maya Dukaric ao site.
Maior pressão sobre as novas mães
Já Karla Bayson relatou que a política é rígida especialmente as mulheres que acabam de se tornar mães, já que elas seriam mantidas fora das escalas de voo até perderem o peso exigido. Após ganhar 20 kg na gestação em 2020, ela disse ter sentido bastante ansiedade.
O ex-gerente do RH teria esclarecido ao Insider que aquelas que entram em licença-maternidade recebem o prazo de 180 dias para perder o peso da gestação. Tripulantes assinariam um contrato antes de partir para a licença reconhecendo os requisitos de peso ao retornar ao trabalho.
Filipa Pereira, outra ex-comissária que voou com a companhia por oito anos, revelou à publicação que as checagens de peso eram rotineiras durante sua carreira. "Eu lembro a última vez que fui pesada, foi antes de me candidatar a uma promoção. Eles checaram todo o uniforme e o meu peso".
Segundo Filipa, o objetivo era garantir que ela passaria "pelos requisitos de imagem e uniforme".
Questão de saúde ou imagem?
"Não comentamos as políticas internas, procedimentos ou casos específicos e confidenciais de funcionários antigos ou atuais", afirmou a Emirates ao site.
"Como uma companhia aérea global, nós tratamos o bem-estar de nossos funcionários como a nossa maior prioridade e acreditamos que estar em forma e saudável, tanto fisicamente como mentalmente, é um aspecto essencial para que eles possam conduzir seus deveres de maneira segura e eficiente", diz ainda o comunicado.
"Pode não ser sempre aparente aos nossos clientes, mas as responsabilidades da nossa equipe de tripulação são vastas e a habilidade deles de influenciar e conquistar resultados seguros quando necessários exige treinamento extenso e um padrão mínimo de boa forma física", conclui.
Na seção de recrutamento do site da Emirates é detalhado que o comissário deve ser "fisicamente capaz para esta função exigente com um Índice de Massa Corpórea (IMC) saudável".
O ex-gerente teria salientado ao Insider que "se o IMC está acima do que deveria ser", o profissional "se torna um risco" para si mesmo e para a companhia. "E se você tiver um infarto e tivermos que desviar o avião para outro destino? Quem vai pagar os US$ 100 mil (R$ 550 mil) que isso vai custar?".
No entanto, o ex-parceiro do RH da Emirates teria dito que as "regras são escritas de maneira pouco clara" nos contratos e treinamentos. "Imagem e uniforme podem significar o seu peso. Podem significar que seus sapatos não estão polidos. Podem querem dizer que você não cortou o cabelo", ponderou.
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