Última capital dividida do mundo separa turcos e gregos e encanta turistas
Uma ilha que fica no Mar Mediterrâneo tem a única capital do mundo dividida. Imagina só ter que passar por um ponto de controle e mostrar documentos para atravessar uma rua: assim é a vida em Nicósia, a capital do Chipre.
De um lado se fala turco e do outro, grego. Além do idioma ser diferente, a moeda também é outra; na parte sul se usa o euro e no norte, a lira turca.
A origem dessa divisão é a invasão turca na região norte da ilha, aproveitando o golpe de estado de 1974. Quando esse conflito militar, que deixou cerca de 4 mil mortos, terminou, os políticos turcos "anexaram" uma parte do território para si.
Só para ter uma ideia, cerca de 30% do Chipre é hoje a República Turca de Chipre do Norte. Mas esse território só é reconhecido pela própria Turquia. Nenhum país, e nem mesmo a ONU, legitima essa ocupação.
Para evitar mais conflitos, uma linha verde foi traçada para dividir os dois territórios. São 160 quilômetros desmilitarizados e patrulhados por soldados das Forças de Paz das Nações Unidas. A divisão de Nicósia foi feita bem no meio da parte antiga, um lugar que está rodeado por belas muralhas venezianas.
Turismo daqui e dali
Apesar dessa peculiaridade, o Chipre é um destino turístico que consegue reunir muitas coisas em um só lugar; praias lindas, história, castelos, uma mistura de culturas e uma culinária rica.
Hoje em dia é muito tranquilo visitar a ilha, assim como a parte norte. Os moradores são muito abertos e estão acostumados ao turismo, principalmente nos meses de verão de junho a setembro.
Em Nicósia, existem dois pontos de controle onde moradores e turistas precisam mostrar o passaporte para poder cruzar. Para atravessar de carro, o checkpoint é por Agios Dometios/Kermia/Metehan ou Kato Pyrgos. Para pedestres, os dois pontos ficam na Ledra Street e Ledra Palace.
Do lado grego o ambiente é mais parecido ao de uma cidade europeia. A rua principal é a Ledra que tem várias lojas de marcas internacionais, restaurantes e cafés. A parte mais interessante é a que está dentro das muralhas.
Ao longo dos grandes muros de pedra também é possível ver a área militarizada com suas barricadas, arames farpados e os soldados das Nações Unidas patrulhando a linha verde que ocupa muitos quilômetros. É tranquilo passar por ali e observar a divisão da capital do Chipre.
O lado turco também é seguro e a diferença é evidente ao atravessar: bazares, especiarias, mesquitas e bandeiras vermelhas e brancas recebem os visitantes logo na entrada. Estar ali é quase como caminhar pelas ruas de Istambul.
Além do idioma diferente é fácil notar que essa região não é tão rica como a parte sul da ilha. As casas são mais simples e algumas construções estão até mesmo abandonadas.
Se a visita for um bate e volta de um dia, algumas horas são suficientes para caminhar pelas ruas estreitas de Nicósia, almoçar em algum restaurante, saborear um doce turco e retornar.
Os lugares mais recomendados são a Mesquita Selimiye, o bazar Belediye e o belo Büyük Han Caravanserai. Essa construção otomana, do século 16, era usada como pousada pelas pessoas que viajavam a cavalo antigamente. Hoje em dia alberga várias lojas de artesanato e um belo café no pátio.
Se a ideia é explorar um pouco mais, a melhor opção é alugar um carro para visitar outras cidades como Kyrenia, que tem um porto muito charmoso e um castelo.
Outra parada que vale a pena é Famagusta, famosa pelas suas ruínas romanas. Também há hotéis e outros tipos de alojamentos turísticos na parte norte, para quem quiser aproveitar vários dias por lá.
Como chegar
Como o Chipre faz parte da União Europeia, turistas brasileiros devem mostrar a mesma documentação exigida por outros países do bloco para visitar a ilha. Brasileiros não precisam de visto e podem ficar até 90 dias.
Para isso devem apresentar estes requisitos: passaporte com uma validade mínima de seis meses, passagem de retorno ao Brasil ou com destino a outro país. Comprovantes financeiros para a estadia; dinheiro, cartão de crédito internacional, etc. Além disso, também precisam mostrar a reserva do alojamento onde vão ficar hospedados ou a carta convite impressa do anfitrião que vai oferecer hospedagem no Chipre.
A parte norte controlada pelo governo turco tem um aeroporto, o de Ercan, que faz voos somente entre a ilha e a Turquia. Se quiser visitar o Chipre, a recomendação do consulado brasileiro é entrar pelos aeroportos da parte sul, que estão nas cidades de Larnaca ou Pafos.
Ou seja, depois de entrar no país pela parte sul é só ir de carro até Nicósia e atravessar os postos de controle. Mas não é recomendado chegar de avião pelo lado turco porque o turista pode ser impedido depois de seguir viagem pelo resto da ilha. Muitas cidades europeias fazem voos diários para o Chipre.
Viagem na pandemia
Viajantes do o Brasil precisam apresentar um teste RT-PCR (NAAT) negativo feito até 72 horas ou antígeno (teste rápido) 24 horas antes de partir para o Chipre.
Todos os viajantes, independentemente do status de vacinação, são obrigados a realizar um teste PCR na chegada ao aeroporto. O custo do teste será arcado pelos viajantes.
Todos os viajantes, exceto aqueles que receberam uma dose adicional da vacina de covid-19 (3ª dose de uma vacina e 2ª dose de vacina de dose única) ou vacina de reforço de covid-19, são obrigados a realizar um teste rápido de antígeno até 72 horas após a data de chegada ao país. O custo do teste é gratuito para quem apresentar o cartão de embarque no local do teste.
Crianças menores de 12 anos estão isentas de apresentar o teste de covid-19 antes da partida.
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