Porcelana irreverente é sonho realizado de designer que queria ser Papa
Aos 15 anos, Matteo Cibic (@matteocibic) era um jovem desconhecido no interior da Itália que sonhava em ser o próximo papa. Sim, "o" Papa. Há uma única vaga para esse cargo — está atualmente ocupada e sem previsão de reabrir, você sabe.
Diante do sonho exótico do filho, seus pais sugeriram que ele passasse a temporada de férias no estúdio de seu tio, o renomado designer Aldo Cibic, em Milão. Nos arredores havia uma exposição de arte. Para alívio da família, o fascínio foi imediato. "Aquele foi o momento em que pensei: é melhor viver a vida como um designer do que como um Papa", conta.
Anos depois, Matteo estudaria Design no Politécnico di Milano. Criou também um site de relacionamentos e quase enlouqueceu pela falta de controle no processo — mas aprendeu muito sobre comportamento humano. Ele conta suas experiências ao Nossa com a mesma graça que põe em suas criações de linguagem leve, jovem e irreverente.
Lições sobre ser humano
Por sorte, aos 30 anos, Matteo entendeu o que gostaria de fazer pelo resto da vida. E não era rezar. "Comecei a produzir móveis esculturais e percebi que objetos sem função são muito mais valiosos que os utilitários. E vi que itens com dupla função simplesmente não vendem."
Com bom humor ele revela mais: "Se ninguém fez algo, significa que é difícil realizar. Mas se você acreditar naquilo, vai estourar", diz.
Ultimamente o designer tem cruzado o Atlântico a fim de desenvolver projetos com marcas brasileiras. Nesta semana, por exemplo, na feira Abup, ele lança uma coleção de porcelanas chamada Paradiso Dreams, produzidas no Brasil pela marca Boomsp para a Casa Bonita. Figuras antropomórficas instigantes estampam vasos, moringas, caixas e pratos de porcelana.
Objetos são como pessoas, têm alma, cor, espírito. Em uma sociedade com pouco respeito por eles, há pouco respeito pelas pessoas e relacionamentos."
Porcelanas com toque irreverente
A mesma cerâmica e o fazer manual que lança hoje o instigaram lá atrás, ele lembra, quando ainda tinha o plano de ser Papa. "Aos 16 anos eu fazia pequenos moldes nesse material. Com o tempo, conhecer pessoas que gostavam do meu trabalho fez a diferença", diz.
Curioso, ele sempre conhece a fundo os processos que envolvem seu trabalho. "Gosto de desafiar artesãos e levar técnicas e tecnologias de outras indústrias", fala, ciente de que é preciso dar escala ao feito à mão.
Sobre a rotina de designer, talvez seja tão atribulada quanto a de um Papa cheio de compromissos, mesmo. "Gasto entre 4 e 5 horas ao telefone, duas horas resolvendo burocracias e depois caminho para pensar. Depois disso, de 10 a 20 minutos eu desenho."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.