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Brasileiro quer ser o 1° homem negro a conhecer todos os países do mundo

Robson em Nova York, antes de começar sua longa viagem por todos os 196 países do mundo - Arquivo pessoal
Robson em Nova York, antes de começar sua longa viagem por todos os 196 países do mundo Imagem: Arquivo pessoal

Priscila Carvalho

Colaboração para Nossa

11/02/2022 04h00

Desde criança o produtor de conteúdo e gestor hospitalar Robson Jesus (@onegovailonge) precisou se destacar em seus projetos. Morador de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, ele se formou com bolsas de estudo e seguiu na carreira de saúde por anos em um renomado hospital da capital paulista.

Aos poucos, foi se desenvolvendo e conquistando recursos para viajar. E foi durante seu intercâmbio para os Estados Unidos, onde foi estudar inglês, que pegou gosto pelas viagens. "Pedi exoneração do meu trabalho e fiquei um ano lá em San Diego, na Califórnia", conta a Nossa.

Na volta ao Brasil, decidiu se reinventar e mudar de área. A vontade de explorar diversos lugares também continuava muito forte, até que um dia pensou que poderia dar uma volta ao mundo, criar uma rede social e bater um recorde: ele seria o primeiro homem negro a conhecer os 196 países.

Eu comecei a pesquisar e não havia referências de influenciadores e produtores de conteúdo. Faltava isso e eu achei uma pessoa só", conta.

Robson em Cajón del Maipo, no Chile - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Robson em Cajón del Maipo, no Chile
Imagem: Arquivo pessoal

Depois de muitas pesquisas no Guinness Book, ele viu que somente uma mulher negra já havia registrado a marca de conhecer todos os países do mundo e, até esse ano, nenhum homem. Como ainda não havia registros novos para esse recorde, ele entrou com o processo para realizar o feito e começou a estudar formas de como concretizar esta ideia.

O processo de inscrição pode ser feito de forma gratuita ou, em casos de urgência, com o pagamento de US$ 1.000. Para concluir esse feito, ele criou o projeto "O Nego vai Longe", no qual pretende conhecer todas as nações em até três anos, começando no próximo dia 28 de fevereiro.

Sem pressa, com atenção

Robson em Las Vegas - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Robson em Las Vegas
Imagem: Arquivo pessoal
Robson em Los Angeles - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Robson em Los Angeles
Imagem: Arquivo pessoal

O projeto ou sabático, a princípio, começaria no Japão. Porém, Robson precisou mudar os planos devido ao fechamento de fronteiras provocado pela pandemia.

Agora, a viagem ainda terá início na Ásia, mas começando pela Tailândia. Ele pretende ficar oito meses no continente e permanecer uma média de cinco a sete dias em cada lugar.

Robson deseja fazer uma viagem mais "slow travel" e sem "pingar" em cada território.

O primeiro homem a ser o mais rápido do mundo e a conhecer todos os países já aconteceu. Não pretendo tirar esse recorde. Como não tenho tanta pressa assim, determinei de cinco a sete dias em cada país", diz.

Robson em Farellones, Chile - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Robson em Farellones, Chile
Imagem: Arquivo pessoal

Para não errar no planejamento e evitar problemas de logística, o produtor de conteúdo se preparou de diversas formas. Além de se estruturar financeiramente, ele segue tendo aulas de história e geopolítica, para não encarar fechamento de fronteiras, guerras civis ou outras situações conflituosas. "Meu professor falou de conflitos na Etiópia, por exemplo, e que não estão sendo falados tanto na mídia".

Viajar por pouco...

O valor orçado, segundo Robson, foi de aproximadamente R$ 500 mil. Para iniciar a jornada, ele foi atrás de diversos recursos. Juntou o dinheiro de quase dez anos de trabalho e ainda busca patrocinadores para o projeto. "As empresas têm um pouco de resistência, mas é um problema institucional", opina.

Robson em Gramado, no Rio de Grande do Sul - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Robson em Gramado, no Rio de Grande do Sul
Imagem: Arquivo pessoal
Robson em San Diego, Estados Unidos - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Robson em San Diego, Estados Unidos
Imagem: Arquivo pessoal

Por enquanto, ele conquistou apenas 20% do valor e deseja se estruturar ao longo da viagem. Como está pensando em produzir conteúdos para as redes sociais, um de seus objetivos é ajudar pessoas que pretendem realizar o mesmo que ele e não sabem por onde começar. Dessa forma, também se capitalizará dando mentorias e consultorias.

Embora pareça "fácil", ele conta que planejar uma viagem desse porte exige muita estratégia e preparação para que o roteiro não saia errado ou até o envolva em apuros. "Nos últimos anos, eu venho me preparando muito. Existe muita coisa para entender".

Para fazer um projeto dessa magnitude, ele decidiu economizar tanto na hospedagem, quanto no deslocamento. E sair todo dia, ir a bons restaurantes ou sair de balada, por exemplo, está fora de questão. A princípio, ele quer gastar 10 dólares por dia. "Quando estiver pela Ásia, farei o orçamento da Oceania, que será o próximo continente".

Para quem planeja aventura semelhante, ele dá uma dica de ouro: "É fundamental ter 20% do seu orçamento para começar".

... e viver de tudo

Mesmo diante do novo e ainda com muitas dúvidas, ele diz que está otimista e com os pés no chão.

Estou me preparando para o mundo"

Ele conta ainda que não será uma viagem tradicional, e sim, um roteiro com experiências reais.

Ele ainda orienta ter o apoio da família e alguém de confiança para os momentos em que pensar desistir ou sentir medo. "É importante ter alguém que te ajude, te impulsione e te dê um norte. Ter alguém em quem se espelhar", diz.

Por último, o brasileiro afirma que investir em idiomas, principalmente no inglês, faz toda diferença nesse tipo de viagem. "Você vai entrar em um país que não fala sua língua. É importante ter uma noção do inglês", diz.