Elefante branco no meio de Paris? Torre triangular causa polêmica na França

As obras da Tour Triangle ou "Torre Triângulo", um dos projetos arquitetônicos mais polêmicos de Paris nos últimos 50 anos, começaram nesta quinta-feira (10), anunciou o grupo imobiliário comercial Unibail-Rodamco-Westfield (URW), responsável pela construção, à agência AFP.

No entanto, nem bem começa a sair do papel, o novo arranha-céu de 42 andares e 180 metros de altura — em uma cidade que tem pouquíssimos e é conhecida pela uniformidade de sua arquitetura Haussmanniana desde o século 19 — já enfrenta resistência.

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Subprefeito do 15º distrito de Paris, que inclui Montparnasse, onde a torre deve ser erguida, Philippe Goujou se posicionou contra a construção e disse à AFP que "o bairro será devastado por diversos anos" caso o projeto seja mesmo finalizado em 2026, para quando está previsto.

Ele ainda reclamou que o fluxo constante de caminhões e de "quatro guindastes gigantes" já havia começado.

O projeto avaliado em 660 milhões de euros (cerca de R$ 4 bilhões) e assinado pelos arquitetos suíços Herzog & De Meuron foi capitaneado pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo.

Rejeitado inicialmente pela Câmara Municipal de Paris em 2014, ele foi finalmente aprovado em 2015 e muito celebrado por Hidalgo, que atualmente é candidata à presidência da França.

Apesar de sua forte agenda ambiental — ela promove o uso de bicicletas, em vez de carros, nas cidades francesas —, a prefeita foi bastante criticada por parte da população e grupos de defesa do meio ambiente por causa da torre.

Ainda segundo a AFP, vereadores do Partido Verde francês denunciaram a obra como "uma aberração climática" que deveria ser descartada por sua "pegada de carbono catastrófica".

Como você pode justificar construir uma torre, que precisa de enormes quantidades de energia, com 753,5 mil metros quadrados de escritórios em Paris — uma cidade que já está cheia de escritórios?" Questionou a associação "Collectif Contre La Tour Triangle", à agência.

No entanto, não é apenas o impacto ambiental da estrutura de vidro e aço que incomoda parisienses e turistas: a estética claramente dissonante daquela que se vê nas ruas da capital francesa, gerou questionamentos a respeito de uma descaracterização do "aspecto romântico" de Paris, segundo a CNN.

Na ocasião em que o projeto foi aprovado, Olivier de Monicault, presidente da SOS Paris — uma organização que se opõe à construção de arranha-céus na Cidade Luz —, disse ao New York Times que a torre serviria como "uma parede que criaria uma enorme sombra nas redondezas do bairro".

Ele ainda argumentou que o prédio mudaria a cara de Montparnasse — e "turistas não vêm para ver Manhattan", finalizou, se referindo ao distrito nova-iorquino.

A prefeita Anne Hidalgo, ao contrário, argumenta que a cidade precisa caminhar na direção do futuro. A ideia é que a Tour Triangle abrigue escritórios, centros médicos, espaço de exposições, creche, centro de entretenimento, lojas, bares e restaurantes.

No entanto, promotores parisienses abriram uma investigação em junho de 2021, segundo a AFP, para verificar se houve favoritismo na negociação do contrato do terreno em que a obra começou hoje. Mesmo dando um passo adiante nesta quinta, o destino da Tour Triangle ainda permanece indefinido.