Parece lava, mas é água. Fenômeno da "cascata de fogo" surpreende nos EUA
Nesse Patrimônio Mundial da UNESCO, tudo beira ao exagero. Criado há mais de 150 anos, o Parque Nacional de Yosemite é endereço de 3 mil km² de quedas d'água, árvores gigantes e picos que ultrapassam os 3 mil metros de altura.
Mas é em fevereiro que essa área preservada a 260 quilômetros de São Francisco vê um de seus paredões no vale de Yosemite arder como fogo.
O destaque da curta temporada é a Horsetail Fall ("Cachoeira Rabo de Cavalo", em tradução literal), uma queda sazonal de 300 metros de água de degelo das montanhas da cordilheira de Serra Nevada que cai pelo paredão da El Capitan, entre dezembro e abril.
Poderia ser apenas mais uma das tantas cachoeiras desse parque nacional com algumas das quedas mais altas do mundo. Mas não é.
Em dias sem nuvens, a combinação entre uma determinada quantidade de água e a incidência de luz solar no ângulo certo é responsável por um fenômeno natural que, visto de longe, parece uma fina cascata de fogo que escorre por essa formação de mais de 900 metros de altura.
"É como apreciar as mudanças do ângulo do Sol", explica o fotógrafo Michael Frye, em vídeo do NPS (National Park Service), departamento federal responsável pela gestão dos parques nacionais dos Estados Unidos.
O efeito, que não é visível todos os anos, dura cerca de três minutos, tempo suficiente para a luz solar incidir na queda d'água, por volta das 17h30.
Fenômeno efêmero
Para ver aquele intenso brilho alaranjado que parece flutuar na borda leste da El Capitan é preciso planejamento.
O fenômeno só pode ser visto entre o final do inverno e o início da primavera no Hemisfério Norte. Segundo o NPS, em 2022, a temporada deve ir até o próximo dia 28 de fevereiro.
Mas isso não é tudo. O sucesso da Horsetail Fall depende também da quantidade de neve que caiu na temporada anterior e, consequentemente, da boa quantidade de água de degelo para a formação da cachoeira.
A fama do atrativo começou no início dos anos 70, quando o fotógrafo Galen Rowell teria feito o primeiro registro daquela fina faixa alaranjada escorrendo pela borda leste da El Capitan, considerada a maior rocha de granito do mundo.
Desde então, milhares de pessoas já foram ao parque com o único objetivo de registrar esse efêmero fenômeno natural.
Porém, com a popularidade da atração, que em 2019 chegou a atrair mais de 2 mil pessoas em um único local, são designados agora setores específicos para observação, a fim de evitar a erosão e o pisoteamento da vegetação pelos visitantes que se instalavam ao longo das margens dos rios do parque.
O fenômeno, embora natural, remete a outro clássico de Yosemite.
Na segunda metade do século 19, o proprietário de um hotel local deu início a uma (equivocada) tradição de lançar do alto do mirante Glacier Point madeiras de abeto vermelho em chamas.
Pontualmente às 21 horas, um mestre de cerimônias gritava "Let the Fire Fall!" ("Deixe o fogo cair!", em português) e as brasas eram empurradas penhasco abaixo, transformando o local em uma cachoeira artificial de fogo.
Proibida e liberada por diversas vezes, ao longo do século passado, a prática foi finalmente banida em 1968 por um diretor do National Park Service que acreditava que aquilo era um espetáculo artificial "mais apropriado para a Disney do que para um parque nacional".
De fato, o atrativo não é um daqueles tantos parques temáticos que os Estados Unidos tão bem sabem criar. Mas bem que parece.
O Parque Nacional de Yosemite é conhecido também por atrações naturais como as Yosemite Falls, com 739 metros de altura, aproximadamente, e a Grizzly Giant, uma senhora sequoia de cerca de 3 mil anos e 63 metros de altura.
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