Hipertermia em cachorros pode ser fatal: saiba como prevenir e socorrer
Dia de calor, sol do meio-dia, asfalto quente e o cachorrinho não quer continuar o passeio. Agitado e com a respiração ofegante, ele claramente começa a apresentar todas as características de uma condição grave provocada pelo excesso de exposição ao calor: a hipertermia.
A situação é mais comum do que se pode imaginar. Sem perceber os sinais de sofrimento do bichinho, o tutor pode estar diante de uma situação limite em que o socorro rápido seria a única opção para evitar sequelas graves e até mesmo salvar a vida do seu melhor amigo.
A hipertermia acontece pelo excesso de exposição ao calor, quando o corpo do cãozinho sofre um superaquecimento e atinge temperaturas que chegam a mais de 40°C. É nessa condição que também podem aparecer sintomas como alteração na coloração da língua, gengiva e parte interna das orelhas, apatia, andar cambaleante, confusão mental, excesso de salivação, vômito e diarreia.
Entre as sequelas, de acordo com Alexandre Merlo, veterinário e gerente técnico de animais de companhia da Zoetis, podem estar lesões hepáticas e renais, morte de células, anemia e convulsões.
A gente sua, eles ofegam
Fisiologicamente, assim como os humanos, os animais possuem um mecanismo de controle da temperatura, que "falha" quando é exposto a um supercalor. Existe, no cérebro de ambos, uma estrutura chamada hipotálamo.
Como explica a veterinária Kelli Nicida, coordenadora do centro veterinário Seres/Petz, é essa estrutura que se comunica com receptores de temperatura distribuídos por todo o corpo e, quando acontece um aumento de calor, esses receptores desencadeiam respostas no organismo como a dilatação dos vasos sanguíneos periféricos, o que facilita a dissipação do calor.
A diferença do tutor para o pet está na forma de perder esse calor, já que enquanto os humanos suam para manter a temperatura corporal, os cães não têm quantidades significativas de glândulas sudoríparas para promover um resfriamento importante.
Por isso, eles perdem calor através da ofegação, que é uma forma de eliminar ar quente.
Mas, quando o calor é maior do que eles conseguem perder, os animais começam a ter uma respiração mais acelerada e podem apresentar alterações neurológicas, no sistema muscular, podendo até convulsionar", afirma Merlo.
Socorro rápido
Por isso é que o tutor deve agir rapidamente assim que notar os sinais de temperaturas elevadas em seu cãozinho.
Para Merlo, o ideal é mesmo em respeitar e observar o animalzinho durante o passeio. Se o tutor tem qualquer dúvida, deve levar o cãozinho correndo para o veterinário, porque é uma emergência.
Se achar que o pet está muito quente, pode dar um banho imediatamente, sem demora, em temperatura ambiente.
Às vezes as pessoas pensam que basta tirar o bichinho do calor, mas se foi intenso, é preciso fazer mais porque alguns animais acabam morrendo sem socorro rápido. O pet tem de ser resfriado", indica.
A veterinária Sálua Carolina Cataneo, gerente de marketing da Pet Society, alerta, porém, que nunca se deve molhar o animal com água gelada, pois é preciso respeitar e ajudar o próprio organismo a retomar a homeostase (equilíbrio) gradualmente.
Como prevenir a hipertermia
Algumas medidas podem evitar que o bichinho chegue ao superaquecimento e ao estado de emergência médica. Nos períodos de verão e, consequentemente, temperaturas mais altas, é importante que se aumente a ingestão de água.
Bárbara Scherer, veterinária da DrogaVet, indica que o tutor utilize potes graduados ou fontes de água que liberam o líquido à medida que o animal vai consumindo. Também é recomendado espalhar vários potes pela casa inclusive com cubos de gelo para mantê-la sempre fresca.
Alimentos úmidos ou petiscos gelados que auxiliam na hidratação e ao mesmo tempo resfriam os animais são excelentes opções. A comida deve ser leve e na quantidade correta, já os petiscos podem ser oferecidos gelados.
Os brinquedos de borracha podem ser recheados com patê de sachê ou de frutas congeladas para entreterem e, ao mesmo tempo, alimentar os cães", diz Bárbara.
Uma casa arejada com janelas abertas, ar condicionado ou ventilador, além de tapete térmico onde o animal possa deitar e abaixar sua temperatura também são boas opções.
É importante salientar que o conforto do bichinho deve ser respeitado e ele não deve ser forçado a nenhuma dessas situações, como ficar no tapete térmico, por exemplo.
Passeio seguro tem hora
Os melhores horários para um passeio tranquilo e seguro em dias mais quentes são das 7h às 10h e das 16h às 18h. O tutor também deve ofertar áreas de sombra constantemente para os pets, além de evitar deixar os animais na praia, já que a areia retém muito calor e reflete o sol, aumentando a possibilidade de queimaduras e hipertermia.
Durante os períodos de calor excessivo e alta exposição solar também deve-se evitar andar pelos calçadões das praias.
Focinho achatado: atenção especial
Os cãezinhos braquicefálicos (aqueles que apresentam os focinhos achatados), assim como idosos, hipertensos e obesos, necessitam de atenção especial
A exposição ao sol nos horários mais quentes é proibida para estes animais porque eles podem entrar em hipertermia rapidamente e, caso não sejam atendidos a tempo, virem a óbito", alerta Sálua.
Pug, buldogue, pequinês, shitzu e lhasa apso são raças desse tipo de cão têm uma série de alterações no trato respiratório.
"Esses animais têm as narinas mais fechadas, o palato mole comprido e podem sofrer com alterações na laringe, condições que dificultam a troca de calor. Se eles são submetidos a altas temperaturas e recebem grande quantidade de calor, não têm como perder", afirma Merlo.
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