Porco no rolete começou com aposta e reúne 25 mil pessoas em festa anual

Dono do maior rebanho de suínos do Brasil, o município de Toledo é reconhecido por propagar a cultura de um patrimônio gastronômico imaterial do estado do Paraná: o porco no rolete.

O preparo do animal, que é assado inteiro e recheado com tudo que tem direito, está diretamente ligado a festas, tanto com a que acontece anualmente em sua homenagem desde 1974 quanto às comemorações particulares, como casamentos, batizados e formaturas.

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Os motivos? O porco serve 50 pessoas com facilidade e, como qualquer refeição grande, demora para ficar pronto.

Os temperos, que podem incluir alho, alecrim, manjerona e vinho branco, são colocados numa salmoura (mistura de água, sal e açúcar) de cerca de 2 litros e injetados na carne 48 horas antes de acender a churrasqueira.

Para o recheio, prepara-se no fogão uma farofa caprichada. "Geralmente leva carne moída, bacon, salame, ervilha, milho, frutas cristalizadas, cenoura brócolis... Vai do gosto de cada um", conta Claudemir Rossi, presidente do clube Caça e Pesca de Toledo.

A mistura preenche o interior do porco ao ser inserida pela barriga, que posteriormente deve ser costurada com um barbante.

Quando está devidamente temperado e recheado, o animal de até 35 quilos é encaixado em três espetos grandes. As extremidades ficam apoiadas em placas que fazem o porco girar sobre o calor da brasa e assar com uniformidade.

São necessárias oito horas para a carne chegar no ponto e o couro pururucar.

Agora tem motor e é automatizado. Mas no início o movimento era no braço, na manivela".

Haja suor!

A aposta de um agricultor

De acordo com o turismólogo Chico Paulista, a história do porco no rolete começou em 1973. Um agricultor da região chamado Celeste Vivian, que se vangloriava em ter descoberto como assar o animal inteiro no espeto de madeira a manivela, lançou o desafio: alguém saberia fazer uma receita tão boa quanto a dele?

A proposta foi parar na rádio da cidade e outros assadores se empolgaram em participar do embate. Assim, foi organizada pelo Clube Caça e Pesca a primeira Festa do Porco no Rolete.

Ao longo dos anos, o evento gastronômico entrou no calendário do Ministério do Turismo e passou a atrair cada vez mais gente.

"Assamos em torno de 300 porcos e recebemos 25 mil pessoas", diz Claudemir.

Não à toa o volume de carne e de gente chamou a atenção de empresas, que começaram a enviar representantes para o concurso e a dedicar um rebanho para a festa.

Chamado de porco light, o animal é fruto de evolução genética e cruzamento de raças, tem menos banha e mais carne.

48 anos de competição

A disputa que deu origem ao evento segue como a atração principal do encontro. Sempre em setembro, cozinheiros são deslocados de grandes centros urbanos, como Curitba e São Paulo, para eleger o melhor porco no rolete.

"Cerca de dez jurados visitam os estandes dos participantes e observam a higiene, as vestes do assador e a churrasqueira".

Os principais critérios, porém, são sabor, aroma e textura. Às cegas, os especialistas provam partes da carne, do recheio e da pele do porco e dão notas de acordo com a sua opinião.

Levam o troféu para casa os três primeiros colocados em quatro categorias: melhor porco, melhor estande, melhor recheio e melhor assador.

Claudemir, que coleciona 13 prêmios, diz:

É uma brincadeira que a gente leva muito a sério".

Após ter sido cancelada por dois anos consecutivos em razão da pandemia, a 49ª edição da Festa Nacional do Porco no Rolete acontecerá em Toledo no dia 11 de setembro 2022.