Como hostels da Europa se adaptaram para sobreviver em época de covid-19
Entre os muitos golpes que deu na economia mundial, a pandemia acertou em cheio um tipo de instituição amada por viajantes dos quatro cantos do globo: os hostels.
Estes meios de hospedagem de baixo custo, afinal, nunca tiveram nada a ver com distanciamento social, oferecendo estadias em quartos compartilhados (às vezes por mais de 10 pessoas ao mesmo tempo), áreas sociais desenhadas para estimular contato entre pessoas desconhecidas e festas onde aglomerações eram da parte da diversão.
Não à toa, diversos hostels foram obrigados a fechar as portas (definitivamente ou de maneira temporária) desde a eclosão da crise do coronavírus — e, até hoje, são vistos com receio por muitos viajantes que querem evitar, a qualquer custo, contato com a covid-19.
Mas como estes tradicionais recantos mochileiros têm se adaptado para sobreviver à pandemia na Europa, onde sempre foram uma opção viável de hospedagem para brasileiros querendo fugir do alto custo de vida do Velho Continente?
Grandes mudanças
Com unidades em diversas cidades da Europa, como Amsterdã, Edimburgo e Veneza, a rede de hostels a&o realizou significativas alterações em sua infraestrutura por causa da pandemia.
Atualmente, as recepções dos estabelecimentos da marca estão cuidadosamente desenhadas para preservar o distanciamento social entre os viajantes que chegam para realizar o check-in, com sinalizações no chão indicando a distância que as pessoas devem manter na fila e proteções transparentes separando os recepcionistas de máscara dos clientes.
São medidas que, apesar de aumentar a segurança sanitária dos presentes, tiraram um pouco da informalidade típica que viajantes esperam encontrar nos hostels.
E não foi apenas esta característica que se perdeu.
"Um elemento central de nossos lobbies sempre foram as estantes onde os hóspedes realizavam trocas de livros. Mas tivemos que abolir estes espaços por causa de nossas medidas de higiene", relata Oliver Winter, fundador e CEO da a&o Hostels.
O executivo também afirma que, durante a pandemia, seus hostels fecharam temporariamente as cozinhas utilizadas pelos hóspedes (em um verdadeiro baque para os mochileiros que fazem questão de preparar sua própria comida para economizar na viagem).
Atualmente, porém, muitos destes espaços já foram reabertos com um sistema de reserva de horário.
Além disso, por segurança sanitária, quartos compartilhados da rede a&o hostels não tiveram sua capacidade máxima de ocupantes preenchida em dois anos de pandemia. E o número máximo de hóspedes permitido no café da manhã ou jantar também foi minimizado.
Quanto às exigências para o uso de máscara e apresentação de certificado de vacinação contra a covid-19 dentro dos hostels, Winter lembra que os regulamentos na Europa não são uniformes e têm mudado bastante.
"Para nossos hostels na Alemanha, por exemplo, o uso de máscaras e a apresentação de certificados de vacinação ou testes negativos para covid-19 têm sido obrigatórios".
E, para combater a disseminação do coronavírus em seus ambientes, a a&o Hostels investiu em tecnologia. Uma das ações foi expandir as maneiras de fazer check-in, por um aplicativo ou em um terminal de autoatendimento no lobby. E, em muitas unidades, o hóspede pode acessar seu quarto com o celular, como se fosse uma chave.
A a&o Hostels inseriu até um novo cargo em sua lista de funcionários: o de Oficial de Higiene, cuja responsabilidade é garantir que estas e outras medidas sanitárias contra a covid-19 estejam sendo aplicadas de maneira correta nas unidades da rede.
Taxa de ocupação volta a crescer
Presente em Viena, Londres, Munique e Budapeste, a rede Wombat's The City Hostels viu a cara de muitos de seus hostels ser alterada por causa da pandemia, como blindagem de plexiglas para manter distância mínima entre funcionários e hóspedes em locais como os balcões de check-in, marcações no chão para indicar o distanciamento social correto nas áreas comuns e estabelecimento de maior espaço entre mesas e assentos nas áreas comuns.
Além disso, como visto em lugares do mundo inteiro, a rede espalhou desinfetantes para as mãos por todas as suas unidades e fixou placas de informação atualizadas regularmente sobre regras de higiene contra a covid-19.
"E começamos a implementar um novo conceito de café da manhã, que estará disponível em todas as unidades ainda neste ano, com buffets substituídos por comida servida individualmente", diz Sascha Dimitriewicz, proprietário da Wombat´s.
Como grande parte dos negócios turísticos do globo, a rede Wombat's sofreu com o desaparecimento dos viajantes, mas, pouco a pouco, está retomando o ritmo pré-pandemia.
Antes da pandemia, a ocupação média anual da rede era de 82%. Em 2020, chegaram a registrar uma queda de 78% no número de hóspedes. E os hostels foram totalmente fechados por vários meses ao longo de 2020 e 2021.
Nossas taxas de ocupação atuais correspondem a cerca de 1/3 do que eram antes da pandemia. Mas estamos em ritmo de retomada em todos os nossos destinos".
Oito pontos de contato
A rede de hostels St Christopher's Inns, espalhada por diversas cidades europeias, como Paris, Barcelona, e Praga, estabeleceu em suas unidades um procedimento chamado, em inglês, de "Eight Customer Contact Points Deep Cleaning Schedule", que busca higienizar com altíssima frequência os oito tipos de superfícies mais tocados pelos clientes durante sua estadia, como maçanetas, interruptores de luz e as estruturas dos beliches.
Além disso, a rede reduziu a capacidade dos dormitórios e aumentou a distância entre as camas, que são protegidas com cortinas e contam com pontos de luz e de tomada próprios.
A St Christopher's Inns também afirma que conversou com seus clientes para saber quais medidas sanitárias eles queriam ver adotadas durante a pandemia, que pediram mais estações de desinfetante para as mãos e comunicação sobre as novas medidas de limpeza.
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