Palácios dos marajás do Rajastão revelam o lado mais luxuoso da Índia
Conhecer a Índia significa descobrir "várias Índias" diferentes que, apesar de terem sido unificadas em um só país, mantêm particularidades nas suas diferentes regiões. Um desses lugares que possui todo um universo cultural único é o Rajastão, conhecido também por ser a "Terra dos Marajás".
Localizado na fronteira com o Paquistão, na região noroeste, o maior estado indiano é um dos lugares mais visitados pelos viajantes, pois sua capital, Jaipur, faz parte do "Triângulo Dourado", o roteiro número um do país. Nele, também estão incluídas as cidades de Delhi, a capital da Índia, e Agra, onde está localizado o Taj Mahal.
Percorrer a enorme extensão territorial do Rajastão, é como estar em um cenário de cinema, onde seus majestosos palácios e imponentes fortalezas contam a história milenar vivida ali. Afinal, o que é hoje um único estado indiano, já foram diversos reinos bem separados.
Na realidade, a desunificação era tão forte que os marajás entravam em guerra entre si com frequência, defendendo suas muralhas, competindo para ver quem tinha o palácio mais majestoso e mais potência. O que acabou resultando na riqueza dos detalhes das construções e nas características particulares de cada reino, que hoje são divididos em cidades.
Apesar de Jaipur, a capital e porta de entrada do Rajastão, concentrar alguns dos fortes e palácios mais bonitos do estado, vale a pena seguir viagem e desbravar outros destinos, porque eles todos são bem diferentes entre si.
Algumas das belas surpresas são palácios no alto de montanhas, um deserto de perder de vista, centros históricos pintados de azul ciano, rosa pastel e feitos com pedras douradas, além de uma cidade murada viva, que tem moradores há centenas de anos.
Jaipur, a cidade rosa
Jaipur é a capital e porta de entrada do estado e é conhecida como "Pink City" ou "cidade rosa", pois no século 19 o marajá Sawai Ram Singh pintou o centro histórico com a cor rosa pastel.
Nesta parte antiga da cidade fica um dos maiores cartões postais: o Hawa Mahal, um palácio construído em formato de colmeias e com pequenas janelas, onde as mulheres da corte real poderiam observar festividades e o movimento da rua sem serem vistas.
Outra construção muito importante é o chamado Palácio da Cidade, um complexo de jardins e prédios, com uma mistura da arquitetura rajastani e mongol.
A quase nove quilômetros da Cidade Rosa fica Amber, onde era a capital anterior a Jaipur, prévia à criação da parte baixa da cidade. Nela, está uma das atrações mais emblemáticas da região, o Forte de Amber, um complexo de palácios em arenito rosa e mármore branco, templos, mirantes, jardins e uma muralha que começou a ser construída no século 16 pelo Marajá Man Sight.
Jodhpur, a cidade azul
Jodhpur é puro contraste da modernidade com a história. A cidade, segunda maior da região e com mais de um milhão de habitantes, tem todo aquele clima caótico dos grandes centros indianos. Porém, ao adentrar o seu centro histórico, as avenidas viram ruelas apertadas, tudo vai ficando mais calmo, pessoas jogam cartas nas ruas e os prédios históricos se confundem com hotéis, restaurantes e lojas.
O destaque aqui é a chamada "Blue City", a "cidade azul", um dos bairros onde todas as casas são pintadas de azul ciano. Há várias teorias do porquê as casas têm essa cor e uma delas é que o marajá Rao Jodha ordenou que fossem pintadas para evitar insetos e amenizar a incidência dos raios de sol, diminuindo o calor.
Além disso, essa também é a cor do deus Shiva, simbolizando o sagrado. Outro significado atribuído é que se refere a uma casta superior, a dos Brahmins, indicando o status dos donos das moradias.
O som das buzinas e o vai e vem das motocicletas fica ainda menor à medida que se aproxima do Forte de Mehrangarh. Imponente, a fortificação de 10 quilômetros de extensão está localizada no alto de uma montanha, a 120 metros de altura do centro histórico, sendo uma das preciosidades do Rajastão.
O complexo, além de belíssimo, é extremamente conservado e onde está um museu imperdível que guia a visita através dos seus templos hindus, muçulmanos e salões em mármore que contam a história dos marajás.
Jaisalmer, a cidade dourada
Localizada ao lado do deserto de Thar, na fronteira com o Paquistão, Jaisalmer tem um clima de cidade pequena, onde, apesar do vai e vem de tuktuks e vacas, o ritmo é mais tranquilo. O visual do forte impressiona de todos os ângulos.
São centenas de casas empilhadas uma nas outras com pequenas janelinhas, construídas em um arenito amarelo, que se integram à cor da paisagem desértica e que acabou dando à Jaisalmer o título de "Golden City", ou "cidade dourada".
Diferente das outras cidades fortificadas do Rajastão, que deixaram de ser moradia e viraram pontos turísticos, Jaisalmer é singular, pois se trata de um complexo histórico vivo. Até os dias de hoje há mais de três mil pessoas que vivem dentro da fortaleza, fazendo dela uma das fortificações habitadas mais antigas do mundo — o que é fascinante.
Em meio à vida pulsante dentro das muralhas, que levam a ruelas muito apertadas repletas de lojas, casas, restaurantes, está o magnífico complexo de templos Jain. Construídos entre os séculos 15 e 16, eles são verdadeiras obras primas da arquitetura, com paredes talhadas com deuses e uma maravilha de detalhes.
Chittorgarh e uma fortaleza a perder de vista
Quando parece que não é mais possível ver nada mais magnífico, ainda tem o Forte Chittorgarh para visitar, o maior complexo de fortes da Índia. Além das suas muralhas imponentes, aos pés da cidade de Chittorgarh, o complexo abriga mais de 65 construções preservadas em seu interior.
A história de Chittorgarh é tristemente marcada pelas disputas e invasões, que resultaram em três períodos que seus moradores optaram por fazer suicídios em massa, em 1303, 1535 e 1568. Esse tipo de decisão era tomada em diversos reinados do Rajastão quando uma cidade estava sob ataque e era dominada pelo inimigo. Acreditava-se que tirar a própria vida era a única opção para não perder a honra e salvar a alma, evitando ser escravizado pelos invasores.
Atualmente todo o complexo é um patrimônio cultural, aberto à visitação, com construções marcadas por diversos períodos de ocupações, desde o século 7.
Bundi e um Rajastão menos turístico
É claro que todas essas atrações do Rajastão atraem muitos turistas, tanto estrangeiros quanto indianos. Porém, quem procura um destino menos tradicional pode visitar Bundi, no sul do estado.
Seu centro histórico também tem algumas casas pintadas de azul, como em Jodhpur, e há templos por todos os lados.
Além disso, a cidade possui mais de 50 baoris, que são poços com escadarias utilizados para o armazenamento de água e que, atualmente, viraram construções históricas.
O palácio de Chitrasala, localizado no alto de uma montanha, é um dos maiores do Rajastão e também um dos mais bonitos. Vale a pena admirar também seus lagos, como o Jait Sagar.
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