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Suor frio a 112 km/h: venci medo na montanha-russa mais radical da Flórida

A Jurassic World VelociCoaster é a mais nova (e intensa) montanha-russa da Islands of Adventure, no parque da Universal, em Orlando - Divulgação
A Jurassic World VelociCoaster é a mais nova (e intensa) montanha-russa da Islands of Adventure, no parque da Universal, em Orlando
Imagem: Divulgação

Sean Farinha

De Nossa

13/03/2022 04h00

Para quem tem medo de montanha-russa, dois minutos são uma eternidade. A sensação de frio na barriga passa longe do prazer. Mãos suadas, olhos fechados e um amplo repertório de palavrões fazem parte do pacote. Isso para os que ainda se atrevem a sentar em um daqueles assentos — basta prender a trava de segurança que os pensamentos correm na cabeça: "agora não tem mais volta".

Certamente subestimei todas estas sensações quando passei pelos portões do Islands of Adventure, um dos parques da Universal em Orlando para os apaixonados por este tal de "frio na barriga". Eu, teoricamente, não sou um deles.

Montanhas-russas são completamente estranhas à minha realidade desde criança. Aliás, minha mãe guardou por anos esse registro do meu último passeio do tipo: a foto de um menino chorão clamando para ser retirado do brinquedo em um parque de diversões.

Olhe estas quatro crianças e adivinhe quem sou eu, o inimigo da diversão radical  - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Olhe estas quatro crianças e adivinhe quem sou eu, o inimigo da diversão radical
Imagem: Arquivo Pessoal

Isso só para contextualizar o choque que eu tive ao ficar frente a frente com a Jurassic World VelociCoaster, nova atração radical do parque destinado especialmente àqueles que, segundo Gabriela Lander, diretora da Universal Creative e idealizadora do projeto, gostam de "fortes emoções".

Antes mesmo de entrar na fila, o visitante já dá de cara com o chamado top hat (a gigante forma em curva de onde o carrinho 'despenca') da VelociCoaster. É impossível ignorar: a estrutura tem 47 metros e proporciona uma queda de 42 metros em 80 graus, a mais inclinada dentre todas as atrações dos parques da Universal.

A cena (de horror, para mim, naquele momento) foi devidamente registrada no Instagram de Nossa, de o play e veja:

A adrenalina não para por aí. Num percurso de dois minutos e 1.400 metros de trilhos, são nada menos que quatro inversões — uma delas com sensação de gravidade zero por 30 metros —, um espiral de 360 graus pouco acima da lagoa do Islands of Adventure e dois lançamentos em alta velocidade que podem chegar a 112 km/h.

Para os outros visitantes ansiosos para embarcar naquele bendito carrinho, aquilo era diversão garantida. Para mim, era o sétimo círculo do inferno de Dante.

A montanha-russa é inspirada na saga Jurassic World tem 1.400 metros de trilhos - Divulgação - Divulgação
A montanha-russa é inspirada na saga Jurassic World tem 1.400 metros de trilhos
Imagem: Divulgação

Não entro nisso de jeito nenhum", pensei, na falsa esperança de que ninguém notasse que amarelei na hora H.

"Vamos lá?", perguntou Caroll, representante da Universal Parks & Resorts, para o grupo de doze jornalistas convidados. Fiquei em silêncio com outros quatro colegas que, certamente, pensaram o mesmo que eu ao ver aquele top hat tenebroso.

"Obrigado, mas prefiro não ir, gente", respondi. Até que meu amigo Pedro soltou: "Quando você vai ter essa oportunidade de novo?". Chantagem emocional funciona comigo. "Ok, lá vou eu".

O ponto mais alto do brinquedo tem 47 metros - Divulgação - Divulgação
O ponto mais alto do brinquedo tem 47 metros
Imagem: Divulgação
E a velocidade pode chegar a 112 km/h - Divulgação - Divulgação
E a velocidade pode chegar a 112 km/h
Imagem: Divulgação

No mundo dos dinossauros

Topado o desafio, era hora de entrar fila. Se você conseguir de alguma forma contornar o nervosismo e prestar atenção nos detalhes, vai perceber como tudo é milimetricamente pensado. O cenário é uma recriação perfeita dos filmes da franquia "Jurassic World".

O storytelling já começa aí: robôs hiper-realistas dos velociraptors Blue, Charlie, Delta e Echo aparecem presos nos estábulos, de onde tentam escapar a todo momento"

Durante a fila, você vê cenários realistas com os velociraptors Blue, Charlie, Delta e Echo, astros da atração - Divulgação - Divulgação
Durante a fila, você vê cenários realistas com os velociraptors Blue, Charlie, Delta e Echo, astros da atração
Imagem: Divulgação
Durante a fila, você vê cenários realistas com os velociraptors Blue, Charlie, Delta e Echo, astros da atração  - Divulgação - Divulgação
Os diretores dos filmes da franquia Jurassic World, como Steven Spielger, participaram do processo de criação
Imagem: Divulgação

"A criação foi discutida de perto com a Universal Pictures e envolveu os diretores da franquia", diz Gabriela Lander, ao mencionar Steven Spielberg, Colin Trevorrow e Frank Marshall no processo de idealização.

Como era um dia de chuva forte em Orlando, os passeios na montanha-russa foram suspensos até o tempo firmar. Ufa, me livrei momentaneamente! O que não me deixou necessariamente feliz. "Justo agora que tomei coragem?", pensei, ainda sem coragem, mas com receio de mudar de ideia.

Não me encara, não, que estou com medo - e não é de você - Divulgação - Divulgação
Não me encara, não, que estou com medo - e não é de você
Imagem: Divulgação

A tempestade logo cessou, os passeios voltaram e lá estávamos nós na plataforma. Os corajosos que acabavam de encarar a bomba de adrenalina eram recebidos com palmas pelas pessoas da fila. Não levou muito até eu me ver no assento e envolto pela trava de segurança.

O que se seguiu pode ser dividido em duas experiências bem diferentes: uma com os olhos abertos e a outra com eles fechados.

De olhos abertos, a imersão no universo "Jurassic World" é total de início. Uma floresta exuberante se coloca no nosso campo de visão e sons criam uma atmosfera ainda mais intensa. Tudo isso segundos antes do carrinho arrancar.

Jurassic World VelociCoaster - Divulgação - Divulgação
A imersão no universo Jurassic World se estende aos cenários no meio dos trilhos
Imagem: Divulgação

Já andando, os detalhes ficam em segundo plano: você é completamente tomado pela adrenalina. A velocidade não é brincadeira, e as voltas — várias delas, em uma sequência cambaleante — te fazem perder a noção de gravidade.

Os diversos loopings aumentam a intensidade da 'viagem' - Divulgação - Divulgação
Os diversos loopings aumentam a intensidade da 'viagem'
Imagem: Divulgação
Velocicoaster - Divulgação - Divulgação
E há momentos que você sente o efeito 'gravidade zero'
Imagem: Divulgação

Quando cheguei no top hat, me abstive de enxergar (eufemismo para "quero evitar um derrame").

De olhos fechados, no entanto, a experiência foi bem inesperada. Sabe quando um pai ou avô brinca de jogar uma criança pequena pro alto? Aquilo é o mais radical que alguém de 3 anos de idade pode sentir. É também estranhamente seguro, porque ela sabe que, ao cair, vai voltar para mãos conhecidas.

Medo, alegria, riso descontrolado: um passeio de volta à infância - Divulgação - Divulgação
Medo, alegria, riso descontrolado: um passeio de volta à infância
Imagem: Divulgação

Foi exatamente assim que me senti: como se tivesse 3 anos de novo. Com frio na barriga, mas surpreendentemente confortável com a brincadeira. E, como uma criança, eu só conseguia rir. Senti orgulho de mim mesmo por encarar um medo tão antigo. Imaginei que o meu eu pequeno que chorou na mini montanha-russa do parque de diversões também se sentiria orgulhoso.

Patético? Talvez. Mas, afinal, que outro lugar podemos nos sentir como crianças de novo que não num parque de diversão?

* O repórter viajou a convite da Universal Parks & Resorts