"Minha carreira de modelo foi apoiada por conjunto feito pela minha avó"
Há 10 anos, tive a sorte de ser "adotada" por uma terceira avó, a vó Célia. Ela é avó do meu companheiro, mas sempre esteve muito presente na nossa relação. Por causa de um AVC, ficou acamada por quatro anos, e nesse período moramos juntas. Como ela precisava de ajuda, passávamos muito tempo conversando — e histórias era o que não faltavam.
A vó Célia era uma mulher livre de preconceitos. Desde nova, lidou com a fama de ser mãe solteira, pois se separou de um relacionamento infeliz, pegou as três filhas e foi viver da costura. E aí começa a história desse conjunto que tem um lugar muito especial no meu coração.
Costureira de mão cheia, ela criava seus próprios looks, todos impecáveis. Era muito detalhista, então buscava os melhores tecidos e caprichava nas costuras. Em muitas de nossas conversas, ela me dizia para abrir o guarda-roupas e pegar "tal peça" que ela queria me dar.
Uma delas foi esse conjunto cor-de-rosa. Fiquei imediatamente apaixonada. O tecido é o mais macio que já senti em peças vintage, e o mais curioso é que coube perfeitamente em mim. Nós vestimos o mesmo número. Não parece surreal?
Mas o que mais amei foi o fato de ela ter sido usada diversas vezes pela vó Célia. Só isso já faz a peça valer milhões. Imagino as diversas vezes que ela usou e como se sentiu. Quando uso, penso em como ela se sentiria ao me ver usar o conjunto. Tenho certeza que ela riria e diria que eu estava linda — e esse foi um dos motivos para eu querer usar o conjunto em um ensaio que fiz para tentar entrar para uma agência de modelos.
Sempre gostei de tirar fotos, e aos poucos foram surgindo oportunidades com fotógrafos que me encontravam no Instagram. Tudo sem muita pretensão. Mas em 2018, depois de ter sido convidada para o Moda Pelotas, o maior evento de moda da região Sul, comecei a me profissionalizar. Então fiz esse ensaio com o conjuntinho da vó Célia.
Foi muito especial, porque senti que ela estava comigo, torcendo para que eu alcançasse meus objetivos."
Não consegui entrar para a agência, mas isso não me desanimou. No fim, deu tudo certo. Ano passado, entrei para uma agência de Porto Alegre e tenho feito cada vez mais trabalhos como modelo.
Sinto que ter usado as roupas herdadas dela foi como uma força me dizendo para continuar, assim como ela sempre fez com a própria vida. Mesmo acamada, nunca perdeu as esperanças de caminhar de novo. É esse o legado dela que carregarei para sempre: seguir em frente sempre, ouvir o coração e jamais desistir.
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