"Sonho de infância virou realidade com vestido 'cowgirl' da minha mãe"
Toda menina, na infância, algum dia já ficou maravilhada com algum vestido que alguma mulher mais velha usava na época. Para mim, eram dois vestidos da minha mãe. Um era um modelo cigano, com estampas de uvas, mangas fofas e cinturão de cordas embutido. Mas a peça sumiu no começo dos anos 1980.
O outro era um modelo country, de veludo marrom, bem do estilo que as heroínas do seriado de bangue-bangue Bonanza usavam no Velho Oeste do século 19.
Minha mãe ganhou esse vestido em um concurso de rainha do rodeio na cidade de Curitiba, acho que foi em 1970. Ela usou poucas vezes, todas quando eu ainda era criança, mas nunca se desfez da peça.
O vestido percorreu várias cidades — minha família fez muitas mudanças, moramos em lugares como Niterói, Brasília, Lapa e Curitiba. E o vestido country sempre na mala. Não sei bem o porquê de minha mãe insistir em mantê-lo, ainda que ele alimentasse minha imaginação de garota. Às vezes parecia que eu via uma cowgirl dentro do vestido, com direito a chapéu de vaqueira e botas de courino.
Uma das visões mais marcantes foi em 1979. Eu estava com cinco anos, peguei meningite e tive que ser internada. Durante a febre, sonhei com uma moça que dançava uma música que misturava sons de flauta, tambor e pandeiro com o vestido. Anos depois, já adulta, me tornei professora de danças de época.
Em 2018, encontrei na internet uma música parecida com a que a moça do sonho dançou — então decidi que faria uma coreografia para dançar usando a peça."
A essa altura, a saúde da minha mãe já estava bastante debilitada — ela sofre de mal de Alzheimer. Ainda assim, só aceitou me dar a peça dois anos depois, em uma troca: ela ficaria com um par de sapatos praticamente novos e eu, com o vestido. Mas ele era um pouco justo demais, limitava meus movimentos, não daria para fazer a coreografia.
Eu não iria desistir tão cedo. Levei a uma costureira e pedi que reformasse a peça — virou um colete que, combinado a saias rodadas, fica digno de uma camponesa medieval. Quem diria que uma peça com um estilo tão específico poderia ser tão versátil? Em maio de 2020, finalmente pude dançar usando o vestido transformado em colete, tal qual sonhei e esperei por tantos anos.
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