Ilha Paquetá: faça uma viagem no tempo bem pertinho do Rio de Janeiro
Visitar a Ilha de Paquetá é fazer uma viagem a um pedaço do Rio de Janeiro pouco explorado. Ir até a chamada Pérola da Guanabara é uma viagem em todos os sentidos, não só porque é preciso pegar uma barca até lá, saindo do Centro da cidade, mas também porque parece que o bairro parou no tempo.
Quem mora no Rio costuma ter uma relação nostálgica com Paquetá, pois muitos cariocas visitaram a ilha quando pequenos, ao menos uma vez. Com crianças brincando nas ruas, bicicletas estacionadas sem trancas e cadeiras na porta das casas, sem dúvida, Paquetá tem um ritmo próprio.
Durante a pandemia, a prefeitura implementou a campanha "PaqueTá Vacinada", imunizando praticamente toda a população contra o coronavírus. A ação acabou atraindo mais gente, inclusive os cariocas que não visitavam a ilha há anos e buscavam o programa perfeito em tempos de crise sanitária: parques abertos, em meio à natureza.
A Pérola da Guanabara
Tradicionalmente ocupada pelos Tamoios, a história colonial de Paquetá remete a tempos anteriores aos portugueses. Os primeiros registros da ilha datam de 1555, quando André Thevet, cosmógrafo da expedição de Villegaignon, se instalou com a missão de França Antártica.
Porém, a ilha passou a integrar a colonização portuguesa quando o militar Estácio de Sá foi enviado para expulsar os franceses do Rio e, em seguida, fundar a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565.
Anos depois, em 1808, quando Dom João 6° chega ao Brasil com a corte, fugidos de Portugal, o príncipe regente tornou a ilha seu refúgio particular. A partir daí, Paquetá começa a ser frequentada por nobres e alguns deles até se mudaram para lá. Essa história está registrada até os dias de hoje nas várias casas do período colonial preservadas.
Quando se observa Paquetá no mapa, percebe-se a distância da orla carioca e a proximidade a Magé, um município da Baixada Fluminense do qual a ilha fez parte até 1961. Após esse período, foi incorporada ao Rio e passou a ser considerada um dos bairros do Centro.
A volta na Ilha
Como chegar
A grande atração de Paquetá é dar a volta na ilha, parando para admirar seus casarões, praias e parques, o que leva, geralmente, de uma tarde a um dia todo.
Para chegar até lá, todos os visitantes têm apenas uma opção: pegar as barcas que saem diariamente da Praça XV, no Centro do Rio. A viagem de 70 minutos custa R$ 6,90 (cada trecho) e esse tempo é bom para começar a desacelerar, entrando no ritmo pacato de Paquetá.
Ao se programar para o passeio, é essencial checar os horários das barcas. Planeje-se e consulte os horários no site oficial da CCR Barcas.
Desembarcando na estação hidroviária, logo se percebe que não há carros e as únicas formas de locomoção são bicicletas, eco-táxis e carrinhos elétricos que oferecem um tour (R$ 100 por uma hora, para até 5 pessoas). A dica é que você pode levar sua própria bicicleta nas barcas ou alugar uma por lá, na Praça do Pintor Pedro Bruno, em frente às barcas, por cerca de R$ 20 a diária.
São apenas 7 quilômetros para dar a volta na ilha e há quem prefira conhecê-la a pé. A maioria do percurso não tem calçamento, é de estrada de terra bem batida. Nele, é difícil se perder, mas, se isso acontecer, basta pedir informação aos moradores, que são uma simpatia só.
O que fazer
Cultura
O maior atrativo de Paquetá é o cultural e a ilha se orgulha dessa fama. Os principais eventos são o Carnaval, com blocos cheios de foliões, a Festa Junina e o Dia de São Cosme e Damião. O epicentro dos eventos costuma ser na Praça São Roque, com o palco no Coreto Renato Antunes. Por enquanto, até a pandemia passar, as grandes festividades foram suspensas.
Na mesma praça fica a Casa das Artes, um centro que tem o objetivo de preservar e incentivar o legado da ilha, estimulando o turismo cultural. No início do século 20, a propriedade era de Ormy Toledo, uma empreendedora que realizava saraus com Pixinguinha, Orestes Barbosas e outras figuras da elite carioca. Nos anos 90, ela foi vendida e o atual proprietário a transformou em um Centro Cultural.
Nos dias de hoje, o local continua sendo palco de apresentações e uma das mais famosas é o Samba com Feijão todo primeiro sábado do mês (R$ 75 com feijoada incluída). O centro também é sede da Orquestra Jovem de Paquetá, além de receber outros eventos musicais.
Arquitetura
Durante todo o passeio na ilha, uma das coisas que mais chama a atenção é a quantidade de casas históricas preservadas, desde construções coloniais até modernas. Não há prédios, o que deixa tudo mais agradável e com o clima de cidade pequena.
Um dos lugares mais famosos é o Solar del Rei, onde Dom João 6° se hospedava, em suas temporadas na ilha. Atualmente, a propriedade é tombada e funciona como uma biblioteca.
A Casa de José Bonifácio, onde o patrono da independência viveu em prisão domiciliar até 1831, é outra casa colonial a ser admirada. Ela funciona como o Museu de Comunicação e Costumes e recebe visitantes com agendamento. Outras construções interessantes são, a Casa da Moreninha, onde foi gravada a novela com o mesmo nome, a Escola Municipal Pedro Bruno, a Capela de São Roque e a Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte.
Fique de olho nas residências das ruas Padre Juvenal, Pinheiro Freire, Dr. Lacerda, Manoel Macedo e Príncipe Regente. E claro, na própria Casa das Artes, que é lindíssima e onde se localizam obras como a Torre de Gaudí e o Pagode Chinês.
Praias e parques
É uma pena, mas todas as praias de Paquetá são impróprias para banho por estarem dentro da Baía da Guanabara, que é extremamente poluída. As histórias de familiares cariocas que nadavam nas águas da baía e viam golfinhos, até o final do século 20, habitam o imaginário de quem, hoje, só vê lixo. Imagina só quando aquele marzão todo estava limpo? Um sonho.
Porém, conhecer as praias continua sendo um programa delicioso e um ótimo ponto para ver o pôr do sol e fazer um piquenique, além de todos os parques da ilha ficarem à beira-mar. Um desses lugares é o Parque Darke de Mattos, onde estão várias árvores centenárias e da onde se sobre para o Mirante Boa Vista.
O parque fica ao lado da Praia José Bonifácio, uma parada perfeita para sentar em uma mesinha e tomar uma cerveja gelada ou alugar pedalinhos, canoas e caiaques. Já o Parque dos Tamoios também fica ao lado da praia com o mesmo nome. Na volta completa na ilha, há outras praias bonitas para admirar, como a Moreninha e Catimbau.
Atrações fora da curva
Em Paquetá há duas atrações um tanto quanto peculiares. Uma delas é a árvore apelidada "Maria Gorda", uma baobá tombada que tem sete metros de circunferência. Ela fica perto da Praia dos Tamoios e é tratada com carinho pelos moradores.
A segunda é o Cemitério dos Pássaros. Sim, um cemitério totalmente dedicado às aves, com lápides e tudo. Um tanto quanto poético.
Onde comer
É claro que esse programa de dia inteiro vai dar fome. A boa notícia é que Paquetá tem bons restaurantes.
O Zeca's oferece uma comida de boteco. A Casa de Noca tem comidinha caseira com frutos do mar, carnes e opções vegetarianas.
Quando há eventos na Casa das Artes, o restaurante que se localiza dentro da casa, o Arte & Gula Café, serve refeições. Mas há também os PFs da Cantina da Paróquia Bom Jesus do Monte e a lanchonete Dona Loydd.
Onde se hospedar
Fugir do agito do Rio e passar a noite na calmaria de Paquetá não é nada mal. A ilha oferece algumas pousadas e casas para quem procura o pernoite.
Uma boa dica é ficar na própria Casa das Artes, com quartos como a Torre de Gaudi (R$ 336 a diária) e Pergola de Gaudi (R$ 200 a diária).
Outro local aconchegante é a Hospedaria Santa Bárbara (R$ 285 a diária) e a Casa Rústica Moreninha (R$ 750 a diária).
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