Cenário de novela, Pantanal atrai amantes da natureza em passeios únicos
Na próxima segunda (28) estreia o remake de uma das novelas de maior sucesso da televisão brasileira.
"Pantanal", cuja produção dos anos 90 ficou conhecida pela personagem Juma Marruá que se transformava em onça, tem como cenário o menor bioma do país, uma área de cerca de 210 mil km², entre os estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e os vizinhos Paraguai e Bolívia.
Por ali, qualquer passeio na beira da estrada tem ar de expedição. "Tem uma energia diferente que não dá para explicar. Tem que estar lá, porque o ar é diferente, o tempo é diferente", explica a atriz Juliana Paes, que vive Maria Marruá na novela.
Nesse Patrimônio da Humanidade pela ONU, onde quase mil espécies de animais circulam por esse zoológico a céu aberto, o turismo acontece em viagens a bordo de barcos-hotéis, travessias em lanchas por braços de rios sinuosos e em safáris de observação de animais.
Vi bichos que eu nunca tinha visto na minha vida, ouvi sons que eu não tinha escutado ainda", completa a atriz.
Segundo o ICMBio, autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, a região é habitat de mais de 130 espécies de mamíferos, 263 de peixes e outras 463 só de aves, incluindo o tuiuiú, símbolo do bioma.
Na maior planície alagável do planeta, com trechos de Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica em um mesmo lugar, o Pantanal é um dos destinos mais mutantes do Brasil.
Mas é na temporada de seca, que costuma ir de julho a outubro, que visitantes de todo o mundo embarcam em safáris de observação de onças-pintadas que podem ser vistas, sem muita dificuldade, sobre barrancos nas margens de rios, em busca de alimento.
"O Pantanal é como um vício. Depois que você vai uma vez, quer voltar sempre. É um lugar muito dinâmico que muda de um ano para o outro", analisa o fotógrafo Zig Koch que, na última temporada viu onças caçando jacarés e fêmeas com filhotes.
Passadas as (más) notícias dos últimos anos no Pantanal, é hora de conhecer um dos destinos mais fascinantes do Brasil. Confira dicas:
ANTES DE IR
Para visitar a região do Pantanal, é recomendado se vacinar contra a febre amarela 10 dias antes da viagem.
A dose única vitalícia pode ser tomada, gratuitamente, em postos de saúde ou em aeroportos como Guarulhos e Congonhas, ambos em São Paulo.
COMO CHEGAR
O bioma é dividido em Pantanal Norte, em Mato Grosso, e Pantanal Sul, em Mato Grosso do Sul, cujos acessos principais são as capitais Cuiabá e Campo Grande, respectivamente.
O primeiro é formado por destinos como Poconé (104 quilômetros de Cuiabá), porta de entrada à região, Barão de Melgaço (110 quilômetros) e Cáceres (220 quilômetros).
Já o trecho sul inclui cidades como Aquidauana, Portal do Pantanal a 130 quilômetros de Campo Grande, Miranda (198 quilômetros) e Corumbá (420 quilômetros), considerada a capital do Pantanal sul-mato-grossense.
De avião
A única opção aérea para chegar direto ao Pantanal são os voos de cerca de duas horas de duração, entre Viracopos, em Campinas (SP), e Corumbá, em Mato Grosso do Sul.
Uma alternativa, também pela Azul, são os voos que saem de Viracopos e fazem escala em Bonito, cuja rota é feita em 3h20.
Para todos os outros casos, as capitais Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS) continuam sendo as principais portas de entrada para o Pantanal.
CIRCULANDO
O meio de transporte, terrestre ou fluvial, depende do tipo de viagem que o turista pretende fazer.
Mas é em terra que se vê a fauna pantaneira, praticamente, sem nenhum custo para o visitante.
Apesar de suas extensões relativamente curtas, reserve um dia inteiro para percorrer as estradas do Pantanal, cujas paradas próximas às pontes sobre rios ou lagoas são sempre garantia de observação de animais.
Na época das chuvas, veículos 4x4 são mais recomendados.
Em boa parte do ano é possível também explorar a região em viagens a bordo de barcos-hotéis que fazem roteiros exclusivos para quem vai pescar ou fazer observação de animais.
QUANDO IR
A fauna pantaneira aparece sem avisar. Por isso, planeje pelo menos quatro dias inteiros livres para melhor aproveitar as diversas atrações ao ar livre, no fuso horário da bicharada.
Com ciclos de inundação bem marcados, as temporadas no Pantanal são divididas em: cheia (de janeiro a março), vazante (de abril a maio), seca (de junho a setembro) e enchente (de outubro a dezembro).
Sem dúvida, a mais famosa vai de julho a outubro, quando os animais se concentram nas margens de rios e estradas, em busca de comida e água.
Já a época de pesca legal é entre março e outubro. Durante a piracema, que vai de novembro a fevereiro, a pesca é proibida.
A alta temporada no destino costuma ser nos meses de julho e agosto, por conta do período de férias no Hemisfério Norte, de onde vem boa parte dos turistas.
Já as temperaturas vão de 0 °C, no inverno, a 35 ºC, no verão.
O QUE LEVAR
Protetor solar e repelente contra insetos são alguns dos itens mais importantes na bagagem de quem visita o Pantanal, sobretudo durante o período de cheia, quando os mosquitos estão por toda a parte.
Com saídas para safáris que muitas vezes começam às cinco da manhã e seguem ao longo do dia, leve agasalhos, calças compridas, proteção para a cabeça (boné ou chapéu) e capa de chuva.
Sapatos fechados e roupas claras também são recomendados.
Prepare-se para mudanças de temperaturas, ao longo do dia, especialmente, pelas manhãs e finais de tarde.
O QUE FAZER
Estradas cenográficas
(Mato Grosso e Mato Grosso do Sul)
São praticamente uma atração em si e uma forma econômica de ver animais com certa facilidade, nos rios e lagoas na beira da estrada.
- Transpantaneira (MT): Via de terra com 140 quilômetros de extensão, entre Poconé, portal do pantanal mato-grossense, e a localidade de Porto Jofre. É conhecida pelas mais de 120 pontes sobre áreas alagadas, onde a fauna busca comida e água.
- Estrada Parque Pantanal (MS): Tem 116 quilômetros e 74 pontes de madeira estreitas, nos municípios de Miranda, Ladário, às margens do rio Paraguai, e a vizinha Corumbá, ao lado da fronteira com a Bolívia. É possível ver animais como capivaras, jacarés, lontras, tamanduás, cervos e onças pardas.
- Estrada Parque de Piraputanga (MS): A pouco mais de 90 quilômetros de Campo Grande, essa APA (Área de Proteção Ambiental) tem 42,5 quilômetros de extensão, entre Aquidauana e Dois Irmãos do Buriti. Pode ser explorada em trilhas com vista para a Serra de Maracaju.
Safáris
(Mato Grosso e Mato Grosso do Sul)
Nessa espécie de estúdio fotográfico a céu aberto, as saídas para observação da fauna é a principal atração da região.
E o Pantanal ajuda quem cedo madruga, pois é pela manhã que a bicharada é vista com mais facilidade.
Os passeios costumam sair por volta das cinco da manhã, quando as cores do céu vão do magenta ao alaranjado. O pôr do sol, quando terminam os safáris da tarde, é outro destaque cênico do destino.
Geralmente, os safáris são oferecidos por hotéis e pousadas locais, e podem ser feitos tanto em veículos abertos como em voadeiras por braços de rios.
Como não há nenhuma garantia de ver animais, não é recomendado fazer os populares bate-e-volta que costumam sair de capitais como Campo Grande e Cuiabá, ou até mesmo Bonito, em Mato Grosso do Sul.
Com roteiro de até cinco dias, a Chapada Explorer tem saídas de Cuiabá (MT) para safáris com guias especializados em português, hospedagem com pensão completa e safári fluvial.
Já a ONÇAFARI, ONG de coleta de dados e conservação do maior felino das Américas, também oferece atividades de ecoturismo, como o safári em jipes e acompanhamento de guias especializados em encontrar onças em áreas como o Refúgio Ecológico Caiman e a Fazenda San Francisco.
Parque Estadual do Encontro das Águas
(Mato Grosso)
Entre Poconé e Barão de Melgaço, essa área preservada de quase 110 mil hectares tem a maior concentração mundial de onças-pintadas por km².
É ali que acontecem, de julho a outubro, os famosos safáris de observação desses felinos que podem ser vistos nas margens de seis rios que dão origem a uma sequência de curvas sinuosas.
O parque é habitat também de capivaras, jacarés, tamanduás e tuiuiús.
Focagem noturna
(Mato Grosso e Mato Grosso do Sul)
Com início nos finais de tarde, esse safári noturno leva visitantes para observação de animais como corujas, lobinhos, jacarés, cervos, jaguatiricas e, com sorte, até onças pintadas.
Os passeios, geralmente oferecidos pelos próprios hotéis, podem ser feitos em barcos ou em carros de safári.
Pesca
A pesca esportiva, modalidade em que o peixe é devolvido após sua captura, está liberada entre março e outubro, quando é possível encontrar dourados, pintados e pacus, só para citar algumas das mais de 260 espécies do Pantanal.
Em Mato Grosso do Sul, é possível se hospedar em hotéis com estrutura para pescadores, em cidades como Aquidauana, Miranda e Corumbá, base de operação dos barcos-hotéis que navegam pelo Pantanal.
Mais ao sul, às margens do rio Paraguai, outro ponto de pesca é Porto Murtinho, cidade na fronteira paraguaia.
Já em Mato Grosso, destaques para Poconé e Cáceres, com navegações pelos rios Paraguai, Cuiabá e São Lourenço.
Para pescar no Pantanal é preciso solicitar previamente a Autorização Ambiental para Pesca Desportiva, fornecida pelo IMASUL (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).
Procurada pela reportagem por diversos canais, a Sedec (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico do Mato Grosso) não respondeu aos nossos pedidos de informação sobre turismo e pesca no estado.
Barco-hotel
Para o fotógrafo especializado em vida selvagem Zig Koch, para ver onças no Pantanal, a melhor opção são as expedições a bordo desses hotéis flutuantes, por conta da proximidade com os pontos de observação de animais.
A depender da temporada, essas embarcações com cabines privativas e pensão completa podem fazer roteiros exclusivos para quem vai pescar ou fazer ecoturismo.
As saídas são tanto do Mato Grosso quanto do Mato Grosso do Sul, onde é possível embarcar com destino a regiões menos conhecidas como a isolada Serra do Amolar e o Parque Nacional do Pantanal.
Mais informações: www.joicetur.com.br / www.pantanalvip.com.br
Fazendas pantaneiras
(Mato Grosso do Sul)
Para ter o Pantanal bem na porta do quarto, o estado tem hotéis rurais bem estruturados que oferecem também day use para quem não está hospedado.
Um dos destaques é o Pantanal Jungle Lodge, construído sobre palafitas, na Estrada Parque Pantanal Sul, a 130 quilômetros de Corumbá.
Outra opção inusitada de hospedagem é o Passo do Lontra, conhecido pelo circuito de passarelas de madeiras com dois quilômetros de extensão, a 120 quilômetros de Corumbá.
Com fácil acesso, mas com ares de hotel remoto, o Refúgio da Ilha fica em uma ilha formada por dois braços de rio, a 25 quilômetros de Miranda, e tem atividades como canoagem e safári noturno.
Destinos urbanos
(Mato Grosso e Mato Grosso do Sul)
Provavelmente, cidades não são o foco de quem visita o Pantanal, mas em algum momento da viagem a passagem por centros urbanos é inevitável.
Em Mato Grosso, as mais conhecidas são Poconé, Barão de Melgaço, município banhado pelo rio Cuiabá, e Cáceres, conhecida como a Princesinha do Pantanal por conta de seu patrimônio histórico.
Já em Mato Grosso do Sul, os destaques são Corumbá, com seus casarios antigos tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional); Miranda, uma das cidades mais antigas do estado; e Aquidauana, conhecida por suas ruas de paralelepípedo e pela Ponte Velha feita em 1926 em ferro e madeira.
Observação de onças
Se você tiver que investir em uma única experiência no Pantanal, não hesite em fazer uma das saídas para ver onças-pintadas.
Frequentador da região desde 1986, Zig Koch organiza expedições fotográficas para amadores interessados em temas como registro de fauna, composição de imagens e astrofotografia.
Os roteiros de quase uma semana começam em Porto Jofre, a cerca de 5 horas de Cuiabá, e seguem por locais como a Transpantaneira e pontos estratégicos para observação de onças.
"No ano passado, vimos quatro onças em um mesmo dia. Assim que chegamos, já de cara, vimos uma mãe com dois filhotes", comemora Zig.
Assim como nos bem estruturados safáris sul-africanos, a experiência pantaneira é garantida por guias locais equipados com rádios e que costumam avisar outras embarcações quando uma onça é encontrada nos diversos braços do rio Cuiabá.
"Hoje em dia, as onças rendem mais [economicamente] do que a própria pesca", analisa esse fotógrafo que costuma programar de quatro a seis saídas pelas manhãs e nos finais de tardes, quando são maiores as chances de encontrar uma onça.
E como ele mesmo avisa, não é preciso ter câmeras profissionais. "Tem gente que vai só com celular. É uma experiência para o público leigo".
Mais informações: www.biodiversebraziltours.com
O QUE COMER
O Pantanal que se coloca à mesa é outra atração do destino, cujas influências culinárias vêm de países vizinhos e até do Japão.
Além dos peixes fritos, assados e cozidos, a gastronomia pantaneira tem arroz carreteiro, caldo de piranha e paçoca de carne seca, feita com farinha de mandioca socada no pilão.
Um dos clássico pantaneiros é o "churrasco de chão", com espetos encravados no solo, ao redor de lenha de angico.
Dos vizinhos hispânicos, o Pantanal se inspirou em pratos como a "sopa paraguaia" (torta de fubá com queijo e cebola), "chipa" (versão paraguaia do nosso pão de queijo), "saltenha boliviana" (empanada de frango com batata, uva passa e massa levemente adocicada) e o "arroz boliviano" (carne moída, batata, pimentão, milho, banana da terra e queijo).
De inspiração portuguesa, o "sarrabulho" é o prato típico de Corumbá, espécie de cozido de miúdos bovinos, calabresa, linguiça, azeitonas e vinho tinto.
Do outro lado do mundo, da ilha japonesa de Okinawa, vem o sobá, macarrão com caldo de carnes variadas e shoyu.
ONDE FICAR
Hotel Sesc Porto Cercado
(Mato Grosso)
Referência em hotelaria e turismo responsável do Pantanal, esse hotel tem passeios exclusivos na maior RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) do Brasil, uma área de 108 mil hectares e habitat de 12 espécies de animais em extinção.
A cinco quilômetros dali fica o Parque Sesc Baía das Pedras, com atividades exclusivas para hóspedes, como cavalgada com cavalo pantaneiro, avistamento de aves e jacarés, e passeios de pedalinhos e triciclo.
O hotel tem também SPA, piscina coberta com cascata e um complexo ambiental com borboletário e formigueiro.
Mais informações: www.sescpantanal.com.br
Hotel Porto Jofre Pantanal Norte
(Mato Grosso)
Conhecido também como Hotel do Jamil, esse empreendimento a 245 quilômetros de Cuiabá, na região do Porto Jofre, tem 36 quartos espaçosos, a maioria deles com vista para o rio São Lourenço.
O hotel oferece passeios pelo Parque Estadual Encontro das Águas, entre Poconé e Barão de Melgaço.
Mais informações: www.portojofre.com.br
Estância Caiman
(Mato Grosso do Sul)
Com suítes de até 80 m² e vila privativas, esse hotel a 236 quilômetros de Campo Grande, na zona rural de Miranda, fica em uma área de 53 mil hectares que abriga mais de 500 espécies animais.
As diárias incluem pensão completa e atividades como trilhas, passeios de canoa canadense, safáris em veículos abertos e focagem noturna de animais.
Um dos destaques são as atividades turísticas encabeçadas por guias especializados de projetos como Onçafari e Instituto Arara Azul.
Mais informações: www.caiman.com.br
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