Igreja que inspirou mestres da arte pode ser 'engolida' pelo mar na França
Uma bucólica igreja na região francesa da Normandia, que inspirou artistas como Claude Monet, pode deixar em breve de existir.
Situada a beira de um penhasco a 80 metros de altura, Saint-Valery corre o risco de cair no mar, como outras obras da região, pelo desgaste natural da falésia onde está fincada de cerca de 40 centímetros por ano devido à ação do mar, segundo a revista francesa L'Obs.
Pertencente à Diocese de Rouen, ela é um tesouro histórico do país e patrimônio cultural francês oficializado desde 1924: a parte externa do templo em Varengeville-sur-Mer começou a ser construída no século 11 e tem, portanto, cerca de mil anos.
Já suas duas naves e outras porções interiores, que têm traços marcantes dos estilos românico e gótico, datam dos séculos 12 e 13, embora tenham passado por uma reforma no século 16.
Outras obras, como imagens, foram inclusas na igreja nos séculos subsequentes, transformando-a em uma colagem da história e da religiosidade da França ao longo dos anos.
Apesar de ter sido mais reconhecidamente eternizada por Monet, outros impressionistas como Renoir e Pissarro estiver por lá. Em seu cemitério também descansam outros grandes nomes da história da arte, como Georges Braque, responsável pelo vitral onde está retratada a árvore de Jessé.
Este, aliás, é um dos principais motivos pelos quais parte dos especialistas e da sociedade da Normandia são tão reticentes a uma das soluções propostas para combater seu possível desaparecimento: mudar a igreja de lugar.
O procedimento, que teria de ser cuidadoso para reerguê-la sem comprometer a estrutura e movê-la, apenas centímetros por vez, até seu novo endereço, foi recebido com incredulidade até pelo prefeito de Varangeville-sur-Mer, Patrick Boulier.
"Muitos moradores, inclusive um amigo próximo que já faleceu, já me abordaram para discutir essa solução, me dizendo que já foi feito em outros lugares. Mas vocês têm que entender um coisa: este lugar é parte do nosso DNA", disse ao Le Parisien em 2020.
Além da localização histórica, preocupa o que aconteceria ao cemitério — e seus célebres residentes caso a igreja seja movida ou mesmo engolida pelo mar.
Em 2018, uma avaliação chegou a ser feita por uma equipe de engenheiros, que determinaram que todo o procedimento custaria cerca de 500 mil euros (pouco mais de R$ 2,6 milhões atuais, não levando em consideração a correção monetária). No entanto, o projeto não foi para frente, já que a prefeitura preferiu reavaliar a necessidade de realizá-lo em uma data posterior.
Apesar disso, o prefeito acredita que o projeto possa ficar ainda mais caro até ser completado: cerca de 20 milhões de euros ou quase R$ 105 milhões. E ele não sabe dizer se a ideia adiantaria ou seria viável, já que toda a costa francesa tem sido afetada pelo mesmo problema.
Por isso, estão em andamento trabalhos de restauro da igreja, para garantir que ela esteja com a melhor condição estrutural possível caso precise (e possa) realmente ser movida um dia.
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