Cães e gatos podem ter câncer de mama e próstata. Saiba como tratar

O diagnóstico de câncer na família é sempre um baque e com os que consideram seus bichinhos parte dela não é diferente. Seja porque os animais têm atingido idades avançadas, seja por questões genéticas ou ambientais, fato é que cães e gatos têm desenvolvido cada vez mais a doença, principalmente as formas que atingem mamas e próstata.

Considerado o mais comum em cadelas e o terceiro que mais acomete as gatas, o câncer de mama está associado a fatores hormonais e, por isso, a melhor forma de prevenção é a castração.

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Segundo Frederico Vaz, coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera, a operação antes do primeiro cio reduz em até 99% as chances de desenvolvimento de tumores na mama. Nas gatas, a castração por volta dos seis meses reduz a incidência em até 90%.

Outra maneira de evitar o aparecimento de tumores mamários é a não-aplicação de anticoncepcionais nos animais, já que podem estimular o desenvolvimento da doença até nos mais jovens.

Embora a questão hormonal tenha relação direta e importante com as neoplasias (qualquer crescimento no número de células, que pode ser um tumor benigno ou maligno), as causas ainda não estão totalmente elucidadas e costumam ser multifatoriais, podendo também haver influências genéticas, hereditárias e até ambientais.

Já o câncer de próstata, é mais comum entre cães do que em gatos e com idade média de acometimento é de 10 anos.

Não existem evidências de relação entre a castração precoce e o desenvolvimento da neoplasia nesta região. No entanto, pode prevenir um quadro relativamente comum em animais mais velhos, que é a hiperplasia prostática benigna, ou seja, o aumento da próstata.

Raças e alterações genéticas

O fato de algumas raças "novas" carregarem alterações genéticas — como um grau de consanguinidade (parentesco) maior e baixa variabilidade genética — faz com que os animais apresentem predisposição para diversos tipos de doenças, entre elas o câncer.

Bruno Roque, veterinário e consultor da DrogaVet, aponta como exemplo a raça American Bully, que apresenta problemas herdados, como alterações no desenvolvimento de cartilagens, nas articulações e alguns tumores. Ele mesmo já atendeu uma cachorrinha jovem desta raça que, com 5 meses de idade, apresentava um câncer.

Outras raças que parecem apresentar alguma predisposição para o câncer de mama são Poodle, Dachshund, Cocker spaniel e Pastor Alemão. Em gatas, há maior ocorrência em siamesas e orientais.

Karin Botteon, consultora de assuntos veterinários da Boehringer Ingelheim, faz questão de salientar, porém, que ainda não há evidências científicas suficientes que definam uma correlação exata entre as raças nas quais se relata maior ocorrência da doença.

A correlação racial do câncer de próstata também é incerta, mas parece haver mais ocorrências em raças como Doberman, Pinscher, Sheepdog, Scottish Terrier e Poodle miniatura.

Sintomas e tratamento

O sintoma mais comum do câncer de mama em pets é a presença de nódulos (em forma de bolinhas) abaixo da pele na região abdominal próximos às mamas, perto dos mamilos ou na mesma linha entre uma mama e outra.

Com a evolução, além do aumento de tamanho, estes nódulos podem ulcerar (apresentar feridas) e sangrar. Além disso, a área afetada também pode se apresentar dolorosa e quente ao toque em decorrência da inflamação.

"O diagnóstico pode ser feito por um exame de aspiração do nódulo com agulha fina e posterior análise citológica ou ainda mais comumente por meio de biópsia, com a retirada do nódulo através de uma cirurgia", explica Karin Botteon, consultora de assuntos veterinários da Boehringer Ingelheim.

A avaliação de outros órgãos como pulmão e fígado através de exames de imagem é parte importante do processo de diagnóstico, já que o câncer de mama pode se espalhar para estes locais.

O tratamento desse tipo de tumor é sempre cirúrgico e a remoção do nódulo, da mama ou da cadeia mamária inteira podem ser necessários. A quimioterapia pós-operatória é comumente indicada.

Quanto ao câncer de próstata, os sintomas incluem urina com sangue, dificuldade em urinar, dificuldade para defecar e fezes em formato de fita ou achatadas, já que o aumento da próstata pode comprimir o intestino grosso. Com a evolução, perda de peso, falta de apetite e dor abdominal podem ocorrer.

Metástases do tumor de próstata são mais comuns nos pulmões, fígado, trato urinário e em ossos como coluna e pelve, levando a um quadro de dor bastante elevado.

"O diagnóstico se baseia nos sintomas e achados de ultrassonografia, onde se visualiza o aumento da próstata e seu formato, muitas vezes irregular. Assim como para o tumor de mama, parte importante do processo de diagnóstico é a avaliação de outros órgãos, já que o câncer é bastante metatástico", explica Karin.

O tratamento visa principalmente a redução do tamanho da próstata. O uso de radioterapia e algumas medicações anti-inflamatórias pode ser indicado.

Prevenção pelo prato

Assunto sempre polêmico, a alimentação também é um fator a ser considerado quando se pensa em prevenção de doenças, especialmente o câncer.

Todo alimento industrializado contém substâncias que podem favorecer o desenvolvimento de tumores que são classificados como carcinógenos químicos, principalmente as substâncias capazes de levar dano ao DNA", afirma Roque.

Quanto a alimentação natural da moda, o veterinário diz que vale lembrar que não se trata da comida considerada saudável pelos humanos, mas aquela prescrita por um especialista nutrólogo baseada em alimentos frescos e não ração industrializada.

Apesar de afirmar que não há evidências científicas que correlacionem alimentos transgênicos ou outros ao câncer de mama ou de próstata, Karin diz que uma dieta de boa qualidade e balanceada é importante na prevenção de condições clínicas prejudiciais como a obesidade que, em cadelas jovens, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de tumor de mama.

Cura possível

"A remissão completa do câncer de mama nos pets é possível", afirma Karin. De acordo com ela, essa cura está condicionada a vários fatores como o estágio da doença, tipo de tumor, envolvimento de outros órgãos e comorbidades do bichinho.

Animais que, após remoção cirúrgica precisam de quimioterapia, podem ser tratados por até dois anos e demandam acompanhamento constante mesmo se houver remissão completa, lembra a especialista.

Já o câncer de próstata não tem cura, ainda de acordo com Karin, e existe uma busca pela melhora nos sintomas e na qualidade de vida do animalzinho.

Seja qual for o caso, porém, as chances de cura e recuperação são sempre maiores quanto antes o tumor for diagnosticado e tratado.

Por isso, é essencial a ida regular a um veterinário para realização de checkups que incluam também a investigação de neoplasias. Para os pacientes que já têm algum tipo de diagnóstico ou que já tiveram um câncer detectado, é importante fazer um acompanhamento com um oncologista a cada seis meses.