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"Naked dress" volta renovado e evidencia curvas de famosas como Anitta

Evidenciando o corpo feminino, as peças que parecem capturar o calor do corpo humano apresentam uma nova versão dos "naked dresses", peças transparentes e queridinhas das famosas nos red carpets - Reprodução/Instagram
Evidenciando o corpo feminino, as peças que parecem capturar o calor do corpo humano apresentam uma nova versão dos "naked dresses", peças transparentes e queridinhas das famosas nos red carpets Imagem: Reprodução/Instagram

Gustavo Frank

De Nossa

02/04/2022 04h00

Os "naked dresses", ou "vestidos nus", se literalmente traduzidos, sempre foram uma predileção das celebridades nos red carpets. Seja com Kendall Jenner no Met Gala ou Rihanna no CFDA Awards. As peças com transparência servem como uma moldura para evidenciar o corpo, que se torna o protagonista do look. Há até versões mais tímidas, se assim podemos dizer, como o Balmain de Zendaya no Festival de Veneza.

Agora, esses vestidos estão sendo apresentados repaginados. Há quem diga que ainda mais sensuais, por mais que menos explícitos.

Entre as famosas no Brasil, eles já têm força — Anitta é um exemplo disso. No começo do ano, a voz de "Envolver" compartilhou cliques em seu Instagram em que aparecia usando uma criação do espanhol Sergio Castaño Peña, designer por trás da marca Syndical Chamber

Anitta | Syndical Chamber - Reprodução - Reprodução
Anitta | Syndical Chamber
Imagem: Reprodução

O designer, radicado em Londres, ganhou notoriedade ao criar roupas que parecem capturar as curvas do corpo. As estampas criadas nos tecidos, de espessura fina, refletem imagens que vemos comumente em exames com luz infravermelha, conquistando, além de Anitta, também outras cantoras, como Iza, Nathy Peluso e Iggy Azalea.

Com o passar do tempo, Peña faz parte então de um novo, mas não tão novo, movimento na moda.

Gaultier: o precursor
E a inspiração para os novos designers

No final dos anos 1990, Jean Paul Gaultier dava os primeiros passos com a coleção "Cyberbaba", em que o corpo, em tamanho real, protagonizava os looks das roupas. O surrealismo fundido ao absurdo.

Um deles, inclusive, colocava o corpo do homem sobreposto ao da mulher — como um questionamento sobre o papel da masculinidade na sociedade. Outros deles vestiam como se fossem tatuagens em um corpo ainda virgem de tinta.

Jean Paul Gaultier | Primavera/Verão 96 - Reprodução/Pinterest - Reprodução/Pinterest
Jean Paul Gaultier | Primavera/Verão 96
Imagem: Reprodução/Pinterest
Jean Paul Gaultier | Primavera/Verão 96 - Reprodução - Reprodução
Jean Paul Gaultier | Primavera/Verão 96
Imagem: Reprodução

Atualmente, dentre as mais populares está a Y/Project. Com o perdão da repetição, também usado por Anitta, como é possível ver neste carrossel do Instagram abaixo.

O diretor criativo da etiqueta é o estilista belga Glenn Martens — convidado a assinar a mais recente coleção de alta-costura da Jean Paul Gaultier, além de assumir a direção criativa da Diesel.

Os looks que simulavam a nudez foram apresentados durante a coleção de Outono/Inverno 2022. Como se clonassem o que foi criado por Gaultier há mais de duas décadas: "Pegamos uma de suas estampas mais icônicas e interpretamos de maneira Y/Project. Você tem estampas masculinas e estampas femininas e elas ficam umas sobre as outras", explicou Glenn ao apresentar as suas roupas.

Por meio da fusão de cores, como o roxo e o laranja, a linha apresenta a sedução em flerte com a tecnologia. Ideal para tempos da moda digital.

Y/Project | Outono/Inverno 22 - Divulgação - Divulgação
Y/Project | Outono/Inverno 22
Imagem: Divulgação
Y/Project | Outono/Inverno 22 - Divulgação - Divulgação
Y/Project | Outono/Inverno 22
Imagem: Divulgação
Y/Project | Outono/Inverno 22 - Divulgação - Divulgação
Y/Project | Outono/Inverno 22
Imagem: Divulgação

Essa moda veio para ficar?

Ao que tudo indica, sim. Na mais recente edição da Paris Fashion Week, além dos corsets de armadura — apontados como tendência, a Balmain também investiu nas curvas renderizadas para as suas peças.

Na versão da grife francesa, o tecido parece se moldar ao corpo a partir da sombra dos modelos. O contraste do preto e branco é um testemunho do "naked dress" mais sóbrio, embora ainda sensual e luxuoso.

Enquanto as peças femininas criam-se a partir de vestidos justos ao corpo — e vale reforçar, todos os corpos —, as masculinas são apresentadas como uma segunda pele, embora ainda perpetuem um corpo do homem sarado e, sobretudo, estereotipado. Algo parecido com o que vamos na tendência do cropped adotado pelos homens.

Balmain | Outono 2022 - Divulgação - Divulgação
Balmain | Outono 2022
Imagem: Divulgação
Balmain | Outono 2022 - Divulgação - Divulgação
Balmain | Outono 2022
Imagem: Divulgação

Entre as marcas nacionais, as peças voltadas para os homens já se faz presente. A marca carioca Retropy, comandada pela dupla Rafael de Oliveira e Chola Tello, apresentou em sua coleção Marés, lançada há pouco, uma segunda pele com essa mesma abordagem.

A versão abrasileirada destaca-se por sua vez entre as nuances do verde e azul — afinal, estamos falando de uma etiqueta nascida e criada no Rio de Janeiro: "Acho que o Rio é uma cidade bonita, sensual. Então, existe algo meticulosamente pensado [para as roupas] a partir disso", disse Rafael em entrevista recente para Nossa.

Retropy | Coleção Marés - Reprodução/Retropy - Reprodução/Retropy
Retropy | Coleção Marés
Imagem: Reprodução/Retropy

Enquanto a tendência se espalha pelo mundo, conquistando até o catálogo de produtos da chinesa Shein, como mostrou a influenciadora Jade Picon na 22ª edição do Big Brother Brasil, em breve essas roupas devem se tornar ainda mais populares. A pergunta que fica é: quais corpos elas representam?