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Carlos Nascimento lança navio para passeios no Tietê: 'Sonho de infância'

O jornalista Carlos Nascimento em frente ao sonhado Homero Krähenbuhl: tours pelas águas do Tietê - Divulgação
O jornalista Carlos Nascimento em frente ao sonhado Homero Krähenbuhl: tours pelas águas do Tietê Imagem: Divulgação

Eleonora Paschoal

Colaboração para Nossa, de Barra Bonita (SP)

06/04/2022 04h00

No começo, Carlos e Homero "navegavam" pelo Tietê em Barra Bonita, interior de São Paulo, em um bote feito de sucata de carros velhos. Foi durante uma dessas pescarias que decidiram que um dia fariam um barco que pudesse levar turistas para conhecer, ao longo do Rio Tietê, algumas das paisagens mais bonitas do interior de São Paulo.

O tempo passou. Homero Krähenbuhl se formou engenheiro e Carlos Nascimento, jornalista da TV Globo.

Fama e sucesso não afastaram os amigos e nem apagaram o sonho de construir um navio que fosse o maior e o mais bonito do rio.

Mas a vida é cheia de surpresas, e Homero acabou morrendo em 1991 de câncer, 15 dias depois de dizer que estava bem e pronto para começar a construção do barco.

Sozinho, ao se despedir do amigo, Nascimento jurou que tocaria o projeto e que o barco seria batizado com o nome de Homero.

Carlos durante o período de construção da embarcação: ele supervisionou cada etapa - Divulgação - Divulgação
Carlos durante o período de construção da embarcação: ele supervisionou cada etapa
Imagem: Divulgação

Foram 10 anos para que a embarcação de 47 metros fosse projetada e construída por tecnólogos da FATEC (Faculdade de Tecnologia Naval de Jaú), no estaleiro de Igaraçu do Tietê, sempre sob a supervisão detalhista do próprio Carlos Nascimento, que desenhou placas, emblemas e o totem que fica ao lado do guichê de venda de passagens.

Durante esse tempo, Nascimento, que contou com a ajuda da família na empreitada, se dividiu entre o trabalho na televisão — apresentando o Jornal do SBT — e o estaleiro Igaraçu.

A embarcação de 47 metros demorou 10 anos para ficar pronta - Divulgação - Divulgação
A embarcação de 47 metros demorou 10 anos para ficar pronta
Imagem: Divulgação

Foram tantas idas e vindas até que o som estridente da buzina do NM Homero Krähenbuhl fosse ouvido por toda Barra Bonita e Igaraçu do Tietê anunciando que a embarcação estava saindo do estaleiro para assumir o píer 37 de Barra Bonita, na outra margem do rio.

Um dos mais modernos navios fluviais do Brasil

O NMHK é uma embarcação semelhante aos barcos que transportam turistas na Europa e nos EUA.

Silencioso e estável, sob o comando do capitão Pedro Mesquita o NMHK desliza tão suavemente pelo rio que se não é a mudança na paisagem fica difícil acreditar que ele se move. Na casa de máquinas, estão dois motores Scania de 400 HP cada, dois geradores com motores MWM e um terceiro de 36 HP.

As rotas turísticas do navio são definidas por Carlos Nascimento de acordo com o volume de água no Rio Tietê - Divulgação - Divulgação
As rotas turísticas do navio são definidas por Carlos Nascimento de acordo com o volume de água no Rio Tietê
Imagem: Divulgação

Conforto e boa comida

O Homero Krähenbühl conta com uma cobertura retrátil de lona naval na área onde foi montado um lounge com sofás e poltronas para 20 pessoas. Ainda na área externa, há um espaço dedicado às crianças com brinquedos e jogos e mais duas praças de popa com mesas e cadeiras para 28 pessoas.

O convés principal, batizado de salão Barra Bonita, acomoda 140 passageiros em mesas de toalhas azuis onde o almoço é servido com direito a dançar ou apenas apreciar o show com música ao vivo feito por artistas da região.

No convés superior, o salão Igaraçu do Tietê, com espaço para 100 pessoas, é mais silencioso e reservado.

A embarcação tem serviço de bar - Eleonora Paschoal - Eleonora Paschoal
A embarcação tem serviço de bar...
Imagem: Eleonora Paschoal
E de restaurante, com menu incluído no passeio - Eleonora Paschoal - Eleonora Paschoal
E de restaurante, com menu incluído no passeio
Imagem: Eleonora Paschoal

Os dois conveses são atendidos por restaurante, adega e três bares que homenageiam antigos e tradicionais bares de Barra Bonita.

Os ambientes internos têm acabamento em madeira e são climatizados — uma boa opção para o viajante observar com conforto a paisagem através das grandes janelas e aproveitar o serviço de bordo.

Nascimento, que mostra cada detalhe com emoção e paixão, se empolga quando nos leva para conhecer os banheiros e a cozinha totalmente revestida de inox. Moderna, ela tem capacidade para produzir 300 refeições completas por viagem e conta com uma grelha de peixes e uma churrasqueira com pedras vulcânicas.

Navio de Carlos Nascimento - Eleonora Paschoal - Eleonora Paschoal
Madeira marca a decoração do exterior e espaços internos
Imagem: Eleonora Paschoal
Por enquanto, os passeios acontecem nos finais de semana - Divulgação - Divulgação
Por enquanto, os passeios acontecem nos finais de semana
Imagem: Divulgação

Píer 37 e o roteiro turístico

A embarcação ficará ancorada no Píer 37, na margem do Tietê, próximo da ponte Campos Salles, em Barra Bonita. Uma simpática casinha de madeira que lembra as do porto de Boston, nos Estados Unidos, abriga a bilheteria e uma loja com uma linha com produtos da terra.

Os roteiros de viagem são definidos pelo próprio Nascimento e levam em conta o volume das águas limpas do Rio Tietê nessa região. As primeiras viagens devem seguir a rota de navegação usada entre 1910 e 1917 pelo vapor Visconde de Itú no transporte do café recolhido das fazendas nas margens do rio.

Navio de Carlos Nascimento - Eleonora Paschoal - Eleonora Paschoal
A rota do famoso vapor Visconde de Itú foi escolhida para as primeiras viagens do navio
Imagem: Eleonora Paschoal

Serviço:

Quanto custa: R$ 280,00 para adultos e R$ 140 para crianças até 12 anos (grátis para até 2 anos). A passagem dá direito a passeio, show e refeições (bebidas são pagas à parte).

Onde comprar: reserva e compra de tickets podem ser feitas pelo site naviohomero.com.br ou direto na bilheteria, no píer 37, em Barra Bonita.

Vai lá: Barra Bonita está localizada na região central do Estado de São Paulo, a 288 quilômetros da capital, com acesso pelas rodovias Castelo Branco ou Bandeirantes.