Sem tratamento, otite pode provocar até perda de audição em cães e gatos

Um tipo de dor de ouvido que ocasiona tanto desconforto a cães e gatos que os bichinhos podem ficar mais quietos, escondidos, irritados e até mesmo sem alimentar-se.

A otite é uma doença inflamatória ou infecciosa que pode ocorrer em virtude de diversos fatores como alergias, calor e umidade, problemas dermatológicos, excesso de cerume (pele mais oleosa), proliferação de parasitas, microrganismos e entrada de materiais inadequados nas orelhas como água, poeira e pólen.

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A doença, que se agravada por falta de tratamento pode provocar até a perda de audição do pet, se apresenta em forma de coceira, balanço da cabeça com frequência, secreção no ouvido e cheiro desagradável na região das orelhas.

Fatores como condutos muito estreitos ou com excesso de pelo e umidade, higienização com produtos ou objetos que não sejam adequados, além de orelhas longas e pendulares, no caso de cãezinhos das raças basset e daschund, por exemplo, podem gerar uma inflamação.

"O que acontece é que tudo isso pode desencadear um quadro inflamatório, levando a um aumento de temperatura e umidade do conduto auditivo, favorecendo a multiplicação de fungos e bactérias, que aumentam ainda mais a inflamação", explica a médica-veterinária e coordenadora técnica pet da MSD Saúde Animal, Kathia Almeida Soares.

Pets nadadores ou com 'orelhas caídas' sofrem mais

Animais que nadam ou frequentam lagos e piscinas também podem desenvolver otites com mais facilidade, assim como os que são alérgicos.

"O mesmo explica a ocorrência de otites recidivantes (que acontecem de forma recorrente) em cães com peles mais oleosas", diz o veterinário Marcelo Quinzani, diretor clínico da unidade do Morumbi da rede Pet Care.

Os cãezinhos com as orelhas "caídas" como os famosos salsichinhas da raça Dachshund e os Basset Hounds são fortes candidatos ao problema exatamente por conta da anatomia de suas orelhas.

As orelhas caídas criam um ambiente mais abafado e sem ventilação adequada, podendo manter o local mais úmido favorecendo o crescimento de fungos e bactérias", afirma Quinzani.

Ele também explica que o ambiente "mais fechado" e protegido pode abrigar carrapatos e ácaros, favorecendo ainda mais a predisposição para as infecções.

Coceira é primeiro sinal

Balançar as orelhas ou chacoalhar a cabeça é uma ação comum entre cães e gatos. Mas, como descobrir que o bichinho está sofrendo com alguma dor?

O primeiro sinal de otite é uma coceira que se inicia de forma discreta e o cão ou gato balançam a cabeça mais insistentemente, aparentando um incômodo. Caso não tratada no início, podem aparecer as dores, mais desconforto e fortes odores.

Assim como uma dor de ouvido em humanos, os animais também podem sofrer com a mesma sensação, porém com uma progressão mais lenta.

"As dores acontecem quando existe uma infecção bacteriana (com pus) ou no caso de já haver um quadro adiantado de lesões nos tímpanos causadas pela infecção não tratada", diz Quinzani.

Proteger os ouvidos no banho é forma de prevenção

Ninguém quer ver o pet doente e muito menos com dores e sofrimento. Por isso, investir em prevenção é sempre a melhor opção. No caso das otites, Kathia recomenda proteger ou ouvidos do pet durante o banho ou atividade aquática e secá-los muito bem.

Limpar os condutos do animalzinho de acordo com as orientações do veterinário e não remover os pelos das orelhas também são dicas da especialista para os tutores.

Quando é identificada uma causa para a ocorrência das otites, o manejo ambiental ou alimentar (nos casos de alergia) também podem ajudar na prevenção.

Análise clínica e exames detectam doença

Ao suspeitar da doença, o tutor deve procurar atendimento veterinário para o pet. Na clínica, o médico vai começar com uma avaliação simples da parte externa da orelha do bichinho para observar vermelhidão, presença de cera mais abundante e escura com odor diferente do normal.

Na sequência, observará o interior da orelha com o uso de aparelhos para avaliação dos ouvidos, momento em que já consegue identificar o agente causador da otite.

Em outros casos, como explica o veterinário da Pet Care, pode ser feito um exame chamado videotoscopia, que permite a visualização, por meio de um monitor de vídeo, da superfície interna do ouvido de cães e gatos. O exame é feito com o animalzinho anestesiado.

Exames de citologia, cultura para fungos ou cultura para bactérias também podem ajudar na identificação do agente causador das otites.

Dependendo da causa, o tratamento é feito com antibióticos, antifúngicos ou anti-inflamatórios. "Em casos complicados, a lavagem de ouvido pode ser indicada. Em casos crônicos e avançados, cirurgias podem ter indicação para a abertura do canal auditivo", explica Quinzani.