Casal pede demissão para viajar de Kombi até 'fim do mundo' com cachorra
Depois de pedir demissão de um trabalho de 15 anos em um banco na capital paulista, Luis Eduardo Câmara, de 36 anos, formado em economia, e a namorada, a adestradora de cães Priscila Prado, 31, resolveram vender tudo e embarcaram em janeiro desse ano rumo ao sonho de chegar de Kombi a Ushuaia, no extremo sul da Argentina — conhecida como "Terra do Fogo" e o "fim do mundo".
Mas eles não estão sozinhos nesta aventura. A mascote Vivi, de 9 anos, uma mistura de braco alemão e weimaraner, foi adotada por Priscila assim que nasceu, em maio de 2012, e hoje é integrante da viagem.
Ela está comigo desde que nasceu, então já é a minha filha e um membro da nossa família. Quando planejamos sair pelo mundo, não pensamos em ir a lugar nenhum sem ela"
Luis se inspirou para essa viagem ainda na infância, quando leu o livro "100 dias entre o céu e o mar", do viajante Amyr Klink. Ali começou a sonhar com uma grande aventura no futuro. Não era tão simples. De origem humilde, o bancário nasceu na periferia de São Paulo e sempre precisou batalhar para conquistar tudo o que quisesse.
Eu cresci na periferia, aprendendo que teria que batalhar pelas coisas. Já tive tudo o que precisava — carro, viagem internacional, apartamento —, mas sempre senti que faltava algo na minha vida"
Foi há quatro anos que um acontecimento fez com que Luis desse uma quinada em muitas coisas da sua vida quando: seu irmão faleceu repentinamente.
"Eu fui crescendo e ganhando promoções, foram 15 anos trabalhando com a mesa coisa. Até que perdi meu irmão, que era meu melhor amigo", conta.
Essa perda fez com que eu resolvesse viver o dia de hoje. Entreguei o meu cargo e voltei até a ser assistente para ter mais tempo livre para planejar minha vida"
Custo alto da viagem
Para conseguir planejar a viagem até Ushuaia, o casal começou a fazer economias há dois anos. Enquanto Priscila trabalhava como adestradora presencial, foi pensando em alternativas de continuar trabalhando na estrada.
"Eu já trabalho como adestradora há 18 anos, e na pandemia tudo virou on-line. Vi aí a oportunidade de continuar fazendo isso de qualquer lugar do mundo. Já o Luis começou a aprender violino recentemente, e pensa em dar aulas para conseguir fazer um dinheiro. Se nada der certo, não temos vergonha de vender brigadeiro na estrada", afirma Priscila.
A Kombi foi comprada pelo casal pelo valor de R$ 35 mil depois de anos de economia. O planejamento de gastos mensais gira em torno de R$ 3 mil, incluindo as despesas com a cachorra Vivi.
Vendemos tudo o que podíamos antes de cair na estrada, e vamos tentar viver com o planejamento que prevíamos"
Segundo eles, o maior sonho não é só chegar ao destino planejado, mas viver cada momento sem saber que dia da semana. Durante o trajeto, eles percorriam uma média de 300 quilômetros por dia — e tiravam um tempo para compartilhar as aventuras e os desafios no Instagram @nasentrelinhashorizonte.
Viajando com a mascote
O casal afirma que até o instante eles não tiveram nenhum tipo de problema com a cachorra. "Sabemos que algum ponto turístico ela não vai poder entrar, mas pensamos em várias formas de nos divertir com ela".
Antes de viajar, fizemos um checkup completo nela, e evitamos estar em lugares muito quentes. A Vivi já está mais adaptada que nós"
A adestradora relata que a única exigência diária que precisam cumprir é uma parada a cada hora para deixar a viagem mais tranquila para o pet, além de Vivi fazer as necessidades biológicas.
Cruzando Ushuaia
No último dia 19 de março, a família cruzou o portal do Ushuaia, realizando o grande projeto da viagem.
Estamos até agora emocionados. Sentimos realmente que estamos realizando o grande sonho da nossa vida que é viver uma vida livre. E Ushuaia foi um presente, tão difícil estar aqui e chegar, mas a sensação é de vitória. Testemunhamos uma natureza tão rica, e uma vida animal tão diferente, que nos sentimos realizados"
Com temperatura abaixo de zero — chegaram a pegar uma sensação de 7 graus negativos —, o casal ainda conseguiu contemplar a neve caindo nos dias em que esteve lá.
Eles confessam que o frio ainda é um desafio dessa vida nômade, principalmente para tomar banho. "Estacionamos em um camping e temos um posto de gasolina para tomar banho bem próximo daqui, mas o frio é tão intenso que estamos até alternando os dias para ir".
Agora com essa conquista, o casal pretende continuar viajando pelo país e subir a famosa estrada da Ruta 40, considerada a maior estrada da Argentina, com mais de 5 mil quilômetros de extensão, fazendo o caminho pela Cordilheira dos Andes até Bariloche.
"O maior aprendizado que temos é o que estamos vivendo. Encontrar pessoas maravilhosas pelo caminho e viver experiências muito diferentes", dizem.
Antes eu planejava minha aposentadoria. Agora, penso mais em viver o agora, então é agora que precisamos viver"
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