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Como é a visita pelas duas maiores casas produtoras de champanhe na França

Degustação de chamapanhe em Champagne, na França - Getty Images/iStockphoto
Degustação de chamapanhe em Champagne, na França
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Bruno Calixto

Colaboração para Nossa

22/04/2022 04h00

Depois de apenas uma hora e meia de viagem de trem saindo de Paris, o viajante está na região de Champagne, onde o programa principal é rodar e visitar as produções artesanais e familiares.

São diversas cidadezinhas charmosas rodeadas por enormes plantações de videiras e é possível encontrar caves que se estendem por mais de 20 quilômetros subterrâneos e datam de quando os romanos dominavam a região.

Duas das principais — e com mais atrações para o público — são a Taittinger, em Reims, e a Moët&Chandon, em Epernay. Duas micro cidades a 30 minutos de trem uma da outra, na região que deu nome aos famosos vinhos espumantes. Ou seja, dá para fazer as duas num único dia saindo, de trem, de Paris em direção a Reims e depois para Epernay.

Taittinger: 100% família

Garrafas de Taittinger  - DeAgostini/Getty Images - DeAgostini/Getty Images
Garrafas de Taittinger
Imagem: DeAgostini/Getty Images

A Taittinger — a terceira produtora de champanhe mais antiga do mundo, segundo a "Wine Investment"—. é uma maison que se diferencia das outras.

Enquanto a maioria pertence a grandes grupos, a Taittinger se mantém desde 1734 como uma empresa familiar. Originalmente sob o nome Forest-Fourneaux, foi fundada por Jacques Fourneaux, que colaborou com monges beneditinos para aprender os meandros de fazer este espumante. Na década de 1930, foi comprado por um francês chamado Pierre Taittinger, que serviu o exército.

Atualmente é presidida por Vitalie Taittinger, quarta geração da família, que trabalha na casa há 15 anos. Seu pai, Pierre-Emmanuel, recuperou o controle da marca em 2006, depois de ser vendida para os EUA. Aos 40 anos, ela assumiu o posto mais avançado da empresa com o apoio de Damien le Sueur (Gerente Geral) e seu irmão Clovis Taittinger.

O passeio ali começa com um vídeo que conta toda a história da empresa e segue para o labirinto de garrafas a 30 metros de profundidade. Destaque para as paredes, com diversas marcações da época da guerra — os túneis eram usados como refúgio pela população local e para socorrer soldados franceses, que deixaram desenhos impressos ali.

Cave da Taittinger, em Reims - Andia/Universal Images Group via Getty Images - Andia/Universal Images Group via Getty Images
Cave da Taittinger, em Reims
Imagem: Andia/Universal Images Group via Getty Images

Ao fim do tour de 60 minutos, a prova acontece em uma sala onde estão expostas as garrafas Taittinger Collection Brut Millésimé que a cada ano são estilizadas por um artista. Um deles é o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, cuja obra ilustra a Millésimé 2008.

Entre as novidades, a produção de espumante inglês sob o rótulo Domaine Evremond.

Reservas pelo site: cellars-booking.taittinger.fr/visit/

Taittinger
9, place Saint Nicaise
51100 Reims
+33 (0) 3 26 85 45 35
contactez-nous@taittinger.fr

Moët&Chandon: a mais visitada, desde a época de Napoleão

Pelos corredores escuros e onde a temperatura chega a 10ºC (leve agasalho), você aprende os detalhes da produção da Moët&Chandon e também da Dom Pérignon, ambas do grupo LVMH. Na entrada da casa tem uma estátua linda do monge beneditino francês que viveu entre 1638 e 1715 e inventou o muselet, arame que segura a rolha da garrafa.

Na Moët, não chega a uma hora o tour, que termina com uma prova na cave, em temperatura ambiente, com direito a um espetáculo de som e luzes. Dependendo do pacote, tem mais uma prova, desta vez de Imperial Brut — lançada em 1869, em homenagem aos 100 anos do nascimento de Napoleão Bonaparte. Esta parte, inclusive, acontece na sala onde a família recebia Napoleão, que manteve uma conexão íntima e etílica com a marca.

Antes de cada campanha militar, o militar que se tornou um líder e Imperador visitava a casa Moët&Chandon para estocar as garrafas que o acompanhavam nas viagens. Dessa amizade, a maison recebeu a Legião de Honra da França, a maior ordem de mérito militar e civil que existe no país, pelos serviços prestados em estabelecer a boa reputação francesa como líder mundial de vinhos.

"Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário", dizia Napoleão, que estocava champagne antes das batalhas e abria as garrafas com um sabre. O Moët Impérial, nas versões rosé em branca, recebeu esse nome em 1869 em homenagem ao Imperador.

A Moët & Chandon foi fundada por Claude Moët, de uma família tradicional na comercialização de vinhos, em Epernay, em 1743. Em 1962 ela foi a primeira produtora listada na Bolsa de Valores da França.

Reservas pelo site: Moët.tickeasy.com/fr-FR/produits

Videiras para produção do Premiere Cru, da Moët & Chandon - Getty Images - Getty Images
Videiras para produção do Premiere Cru, da Moët & Chandon
Imagem: Getty Images

Moët&Chandon
Avenida de Champagne 20
51200 Epernay
+ 33 (0) 3 26 51 20 20
visites@Moët.fr

5 curiosidades sobre o champagne

1. O "criador"

Estátua de Dom Perignon, na maison Moët&Chandon - Getty Images - Getty Images
Estátua de Dom Perignon, na maison Moët&Chandon
Imagem: Getty Images

Atribui-se o aperfeiçoamento do champanhe a Dom Pierre Pérignon, um monge beneditino francês que viveu entre 1638 e 1715 e que passou boa parte de seus 77 anos de vida na abadia de Hautvilliers, situada em plena região de Champagne, onde o espumante francês é feito.

Reza a lenda que ele chegou à fórmula do famoso método de dupla fermentação por acaso e que, quando bebeu pela primeira vez, sentiu em sua boca uma explosão de bolhas e disse aos outros monges: "Venham correndo, estou bebendo estrelas!". Ele inventou o muselet, arame que segura a rolha da garrafa.

2. Champanhe só de... Champagne

Somente se pode chamar de champanhe a bebida feita com uvas com da região de Champagne, onde crescem três variedades — pinot noir, pinot meunier e chardonnay —, e seguindo o método tradicional de fermentação dupla, o "método champenoise". Além disso, deve ficar pelo menos 15 meses envelhecendo, como o processo de amadurecimento dos vinhos é chamado, para obter as melhores nuances e aromas.

3. Frio, mas não gelado

A temperatura ideal é de 8ºC, de acordo com especialistas — abaixo disso, parte de seus aromas se perderiam. Algumas variedades podem ser consumidas a 10-12ºC para acentuar suas qualidades. A melhor maneira de resfriar o champanhe é em um recipiente cheio de gelo, onde deve permanecer por cerca de 20 a 30 minutos.

É absolutamente proibido colocar no congelador, seria um sacrilégio. Não sirva o champagne de uma só vez, mas em duas etapas pelo menos, para que as bolhas possam se assentar. Nunca encha o copo acima de dois terços.

Avenue de Champagne - Getty Images - Getty Images
Avenue de Champagne
Imagem: Getty Images

4. As mulheres da bebida

Duas viúvas são responsáveis por tornar o champagne como o tomamos hoje. No século 18, Veuve Clicquot tratou de cuidar da limpeza das impurezas e dos sólidos da bebida, que precisava ser servida límpida para a realeza. No século seguinte, Madame Pommery atuou na redução de açúcar na bebida servida em Versalhes para deixar ao gosto dos ingleses, àquela época os maiores importadores.

5. A mais querida das festas

A cada ano, são produzidas 268 milhões de garrafas desta bebida espumante e, só na noite de Ano Novo, são consumidas no mundo 360 milhões de taças de champanhe para festejar a virada. EUA e Reino Unido são o principal destino da bebida.