Conheça a cidade alagada que é atração com ilhas e lagoas na Colômbia
Quando se visita Medellín, na Colômbia, uma das recomendações aos viajantes é conhecer a região dos vilarejos de Guatapé e El Peñol, localizados a apenas duas horas da metrópole. O destino é uma excelente opção de refúgio com atrações imersas à natureza.
Os destaques são a imponente Piedra El Peñol (ao estilo do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro), o centrinho histórico colorido de Guatapé e as lagoas no Rio Nare, que desenham ilhas em formatos irregulares e onde muitas pessoas fazem esportes aquáticos.
A cidade alagada
Um detalhe pode chamar a atenção dos mais atentos: em meio ao rio, perto da Piedra El Peñol, é possível observar uma cruz sob um pedestal. Naquele ponto do rio, existe, além de uma igreja católica, todo um povoado submergido.
A formação do Rio Nare atual é resultado do processo de inundação causado pela instalação de uma hidrelétrica, nos anos 1950. E as belas lagoas são, na verdade, artificiais.
O "Pueblo El Peñol" foi fundado em 1714 por missionários da igreja católica, mas já tinha uma rica história pré-colombiana e era chamado de Zacatín. Suas construções eram todas coloniais, contando os mais de 300 anos vividos ali por sua população.
Nos anos 1930, a Colômbia passou por um grande processo de desenvolvimento industrial e produzir mais energia elétrica era urgente. Por isso, a região de El Peñol e Guatapé, por ter uma riqueza hídrica abundante com o Rio Nare, começou a ser estudada para a instalação da hidrelétrica. Em 1978 ela foi concluída.
A resistência da população foi grande, já que mais de 4700 pessoas foram desalojadas de suas casas, carregando consigo seus pertences e o que restava da sua identidade. Porém, mesmo diante do forte apelo dos moradores, a cidade começou a alagar com a enxurrada de 1,2 milhão de metros cúbicos de água. No total, foram mais de 6300 hectares de áreas urbanas e rurais submergidas.
Um novo vilarejo foi construído para substituir o então chamado "pueblo inundado", porém com uma arquitetura totalmente diferente das construções coloniais e sem o registro de tudo que seus habitantes perderam do velho povoado.
O único resquício que ficou foi a cruz da igreja, vista pelos turistas que sobem na Piedra El Peñol ou navegam pelo Rio Nare. No entanto, para quem quiser conhecer mais sobre a história, há dois museus que tem o objetivo de resgatar essa memória, o Casa Museo e o Museu Histórico El Peñol.
Piedra El Peñol
Bem próximo aonde ficava o "Pueblo El Peñol" está uma das grandes atrações da região, a enorme rocha de 220 metros de altura, que tem o mesmo nome do povoado. O visual chega a ser surrealista, já que seus 659 degraus foram construídos em meio à pedra, dando a impressão de terem sido costurados.
Apesar da subida durar apenas 30 minutos, é preciso ter bastante fôlego, porque a região está a 1925 metros acima do nível do mar. Ao longo do caminho, há vários avisos para os visitantes fazerem pausas e recuperarem o ar para seguir o passeio.
A paisagem durante todo o trajeto é estonteante, onde se tem a melhor vista das lagoas alagadas, desenhadas pelas ilhas. Para os mais aventureiros, é possível escalar a pedra com agências especializadas.
A colorida Guatapé
A 15 minutos da Piedra El Peñol, indo de carro ou tuk tuk, está Guatapé. O vilarejo é famoso pelo centro histórico colorido e ilustrado pelos zócalos, que são desenhos pintados na parte inferior das paredes. Todos eles contam diferentes momentos da história da região, como as festividades, tradições locais, registros pré-colombianos e, claro, a inundação e o desaparecimento do povoado de El Peñol.
Apesar de Guatapé ter sido pouco afetada pela inundação, ainda assim, 200 famílias tiveram que deixar suas casas para dar lugar à movimentação das máquinas na construção da hidrelétrica.
A história dos zócalos começou em 1919, quando um casal, José María Parra e Isidora de Jesús Urrea, começou a fazer pinturas na sua casa. Porém, quando José faleceu, por volta de 1983, outros moradores se inspiraram e espalharam os desenhos por todo centro da cidade. O sucesso foi tanto que atualmente há um programa de incentivo do governo local para mantê-los.
Por isso, a grande atração de Guatapé é caminhar sem pressa pelas suas ruas de pedra e admirar os zócalos. Dois lugares que são importantes para a visita são a Plazoleta del Zócalo, onde ficam as escadarias coloridas, e a Calle del Recuerdo, que recria uma rua do povo inundado de El Peñol.
Quando se tem conhecimento de tudo que se viveu naquele território, os zócalos fazem muito mais sentido. Afinal, através deles é possível conhecer toda a história de Guatapé. Além de deixar tudo mais bonito, representam uma forma de manter viva a cultura local, como símbolo de identidade e memória.
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