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Conheça a cidade alagada que é atração com ilhas e lagoas na Colômbia

Vista aérea da região de Guatapé; em destaque, a Piedra Del Penol, o "Pão de Açúcar" local - Getty Images/iStockphoto
Vista aérea da região de Guatapé; em destaque, a Piedra Del Penol, o "Pão de Açúcar" local
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Gabriela Mendes

Colaboração para Nossa

23/04/2022 04h00

Quando se visita Medellín, na Colômbia, uma das recomendações aos viajantes é conhecer a região dos vilarejos de Guatapé e El Peñol, localizados a apenas duas horas da metrópole. O destino é uma excelente opção de refúgio com atrações imersas à natureza.

Os destaques são a imponente Piedra El Peñol (ao estilo do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro), o centrinho histórico colorido de Guatapé e as lagoas no Rio Nare, que desenham ilhas em formatos irregulares e onde muitas pessoas fazem esportes aquáticos.

A cidade alagada

Um detalhe pode chamar a atenção dos mais atentos: em meio ao rio, perto da Piedra El Peñol, é possível observar uma cruz sob um pedestal. Naquele ponto do rio, existe, além de uma igreja católica, todo um povoado submergido.

Guatapé, na Colômbia - Gabriela Mendes - Gabriela Mendes
Guatapé, na Colômbia
Imagem: Gabriela Mendes

A formação do Rio Nare atual é resultado do processo de inundação causado pela instalação de uma hidrelétrica, nos anos 1950. E as belas lagoas são, na verdade, artificiais.

O "Pueblo El Peñol" foi fundado em 1714 por missionários da igreja católica, mas já tinha uma rica história pré-colombiana e era chamado de Zacatín. Suas construções eram todas coloniais, contando os mais de 300 anos vividos ali por sua população.

Nos anos 1930, a Colômbia passou por um grande processo de desenvolvimento industrial e produzir mais energia elétrica era urgente. Por isso, a região de El Peñol e Guatapé, por ter uma riqueza hídrica abundante com o Rio Nare, começou a ser estudada para a instalação da hidrelétrica. Em 1978 ela foi concluída.

A resistência da população foi grande, já que mais de 4700 pessoas foram desalojadas de suas casas, carregando consigo seus pertences e o que restava da sua identidade. Porém, mesmo diante do forte apelo dos moradores, a cidade começou a alagar com a enxurrada de 1,2 milhão de metros cúbicos de água. No total, foram mais de 6300 hectares de áreas urbanas e rurais submergidas.

Vista aérea de Guatapé, na Colômbia - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Vista aérea de Guatapé, na Colômbia
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Um novo vilarejo foi construído para substituir o então chamado "pueblo inundado", porém com uma arquitetura totalmente diferente das construções coloniais e sem o registro de tudo que seus habitantes perderam do velho povoado.

O único resquício que ficou foi a cruz da igreja, vista pelos turistas que sobem na Piedra El Peñol ou navegam pelo Rio Nare. No entanto, para quem quiser conhecer mais sobre a história, há dois museus que tem o objetivo de resgatar essa memória, o Casa Museo e o Museu Histórico El Peñol.

Piedra El Peñol

Vista aérea da Piedra Del Penol, Colômbia - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Vista aérea da Piedra Del Penol, Colômbia
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Bem próximo aonde ficava o "Pueblo El Peñol" está uma das grandes atrações da região, a enorme rocha de 220 metros de altura, que tem o mesmo nome do povoado. O visual chega a ser surrealista, já que seus 659 degraus foram construídos em meio à pedra, dando a impressão de terem sido costurados.

Piedra Del Penol, Colômbia - Gabriela Mendes - Gabriela Mendes
Piedra Del Penol, Colômbia
Imagem: Gabriela Mendes

Apesar da subida durar apenas 30 minutos, é preciso ter bastante fôlego, porque a região está a 1925 metros acima do nível do mar. Ao longo do caminho, há vários avisos para os visitantes fazerem pausas e recuperarem o ar para seguir o passeio.

A paisagem durante todo o trajeto é estonteante, onde se tem a melhor vista das lagoas alagadas, desenhadas pelas ilhas. Para os mais aventureiros, é possível escalar a pedra com agências especializadas.

A colorida Guatapé

Ruas coloridas de Guatapé, na Colômbia - Gabriela Mendes - Gabriela Mendes
Ruas coloridas de Guatapé, na Colômbia
Imagem: Gabriela Mendes

A 15 minutos da Piedra El Peñol, indo de carro ou tuk tuk, está Guatapé. O vilarejo é famoso pelo centro histórico colorido e ilustrado pelos zócalos, que são desenhos pintados na parte inferior das paredes. Todos eles contam diferentes momentos da história da região, como as festividades, tradições locais, registros pré-colombianos e, claro, a inundação e o desaparecimento do povoado de El Peñol.

Apesar de Guatapé ter sido pouco afetada pela inundação, ainda assim, 200 famílias tiveram que deixar suas casas para dar lugar à movimentação das máquinas na construção da hidrelétrica.

Ruas coloridas de Guatapé, na Colômbia - Gabriela Mendes - Gabriela Mendes
Ruas coloridas de Guatapé, na Colômbia
Imagem: Gabriela Mendes

A história dos zócalos começou em 1919, quando um casal, José María Parra e Isidora de Jesús Urrea, começou a fazer pinturas na sua casa. Porém, quando José faleceu, por volta de 1983, outros moradores se inspiraram e espalharam os desenhos por todo centro da cidade. O sucesso foi tanto que atualmente há um programa de incentivo do governo local para mantê-los.

Por isso, a grande atração de Guatapé é caminhar sem pressa pelas suas ruas de pedra e admirar os zócalos. Dois lugares que são importantes para a visita são a Plazoleta del Zócalo, onde ficam as escadarias coloridas, e a Calle del Recuerdo, que recria uma rua do povo inundado de El Peñol.

Ruas coloridas de Guatapé, na Colômbia - Gabriela Mendes - Gabriela Mendes
Ruas coloridas de Guatapé, na Colômbia
Imagem: Gabriela Mendes

Quando se tem conhecimento de tudo que se viveu naquele território, os zócalos fazem muito mais sentido. Afinal, através deles é possível conhecer toda a história de Guatapé. Além de deixar tudo mais bonito, representam uma forma de manter viva a cultura local, como símbolo de identidade e memória.