Glândulas inflamadas podem causar dor e sofrimento aos animais; como cuidar
Quem nunca presenciou um encontro entre cães ou gatos e percebeu a famosa cheiradinha nos rabos uns dos outros? Tema até de uma fábula que descreve uma tal festa no céu onde os animais "trocaram" seus rabos e até hoje procuram pelo original, o assunto é sério e merece a atenção dos tutores.
Assim como os humanos, os animais possuem glândulas que apresentam diferentes tipos de secreções. Uma delas, as chamadas anais ou adanais são glândulas sudoríparas modificadas que drenam seu conteúdo para estruturas anatômicas localizadas bilateralmente ao ânus, que são os chamados sacos anais.
"A secreção é acastanhada e seu odor permite o reconhecimento social, individual e estado reprodutivo dos animais", explica Sílvia Regina Ricci Lucas, professora doutora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zoonoses da USP.
Quando vira um problema
Pela posição e função que exercem, os sacos anais podem ter seus dutos obstruídos e o conteúdo ficar "preso", o que pode levar a processos inflamatórios e até abscessos. O odor dessas glândulas é característico e muito desagradável.
Quando o animal defeca, essas glândulas são contraídas pela passagem das fezes e automaticamente esvaziadas. O problema é que às vezes os animais não conseguem esvaziá-las como deveriam e essa secreção começa a endurecer, podendo infeccionar, formar secreção junto com pus e estourar.
Isso geralmente acontece com os cães e gatos mais idosos, porque eles movimentam-se menos com o passar dos anos, e obesos, o que pode favorecer as constipações intestinais e fezes mais ressecadas.
As causas podem estar associadas à falta de atividades físicas, obesidade, alimentação com pouca fibra, alteração do esfíncter anal, doenças intestinais, alterações nervosas e precisam ser investigadas, porque o problema pode ser simples ou não", diz Sílvia.
Os veterinários afirmam que não há predisposição de raças entre cães nem entre os gatos para os problemas com as glândulas.
Um dos poucos sinais que os animais demonstram quando estão sofrendo com o problema é lamber-se excessivamente e arrastar o bumbum no chão, o que também pode ser um sintoma indicativo de outras doenças.
Outro problema que pode ser gerado nas glândulas adanais é um tumor. Os cães, com maior incidência entre os machos, podem desenvolver essa formação, diretamente ligada ao hormônio masculino testosterona.
"Este tumor pode ser retirado cirurgicamente, mas ao mesmo tempo recomendamos a castração porque ele pode recidivar. Já o tumor de saco anal em cadelas é bem mais raro, mas geralmente apresenta-se maligno e precisa ser removido com indicação de quimioterapia para os animais", diz Carla Berl, veterinária fundadora da rede Pet Care.
Gatinho já sofreu duas vezes
O siamês Jhony, de 13 anos (um senhorzinho felino), já enfrentou problemas com as glândulas adanais duas vezes. A tutora Fátima Sorato Romero, 62 anos, percebeu que ao entrar na caixinha de areia para fazer xixi ou cocô, não conseguia porque acabava sentindo muita dor ao fazer força.
Por isso, parou de comer e começou a perder peso. Fátima diz que ao ouvir os relatos sobre a caixinha de areia e os miados fortes de dor quando o gatinho tentava defecar, o veterinário examinou as glândulas e "apertou com força para que elas esvaziassem".
O que o veterinário do Jhony fez é parte do protocolo de tratamento para a chamada "saculite", a tal inflamação das glândulas.
Após a liberação do conteúdo, o animalzinho é submetido a um tratamento com antiinflamatórios e antibióticos e pode ser completamente curado.
Cicatrizou muito rápido após o Jhony tomar a medicação por cinco dias. Agora ele está ótimo", diz a tutora do gatinho.
Mais glândulas
Outras glândulas sebáceas, como as que estão espalhadas por todo o corpo e associadas aos pelos dos animais, são mais conhecidas. Elas são responsáveis por produzir secreção que lubrifica o pelame, ajudando a repelir a água dos pelos, mantendo-os flexíveis.
Mais numerosas ao longo do dorso dos animais, essas glândulas sebáceas podem estar muito concentradas, por exemplo, na parte dorsal da cauda do cão e do gato e na região mentoniana (queixo) do gato. Nessas regiões, pode ocorrer acúmulo de secreção sebácea, inflamação e contaminação por bactérias, levando a alterações na pele que necessitam de tratamento.
Fontes: Carla Berl, veterinária fundadora da rede Pet Care; Sílvia Regina Ricci Lucas, professora doutora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zoonoses da USP; Thais Santana Sousa, veterinária especialista em gatos.
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