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Do Martini à Piña Colada: 9 drinques que foram inventados em hotéis

Martini foi feito a primeira vez no hotel The Knickerbocker, em Nova York - K. Y. Cheng/South China Morning Post via Getty Images
Martini foi feito a primeira vez no hotel The Knickerbocker, em Nova York
Imagem: K. Y. Cheng/South China Morning Post via Getty Images

De Nossa

20/05/2022 04h00

Viajar é também experimentar sabores, trocar ideias e vivenciar situações pelas quais você não passaria naturalmente em casa. Não à toa, bares de hotéis se converteram em polos de criatividade alcoólica ao longo de décadas — quiçá séculos — por receberem gente de toda parte do globo e se tornarem um terreno fértil para inspirações.

Casas centenárias guardam estas histórias enquanto recebem novos clientes para provar suas cartas de drinques. Conheça nove bebidas que surgiram casualmente nestes balcões:

Red Snapper

Red Snapper, também conhecido como Bloody Mary - maurese/Getty Images/iStockphoto - maurese/Getty Images/iStockphoto
Red Snapper, também conhecido como Bloody Mary
Imagem: maurese/Getty Images/iStockphoto

Este é um velho conhecido seu, meu, nosso — mas com outra identidade. O Red Snapper é, na verdade, o Bloody Mary, mas sua história de origem é quase tão interessante quanto o momento da sua criação.

O drinque, que teria sido criado a pedido (e inspirado em uma das muitas histórias) do escritor Ernest Hemingway em um bar de Paris, foi levado a Nova York nos anos 30 pelo bartender que o misturou pela primeira vez, Fernand Petiot, segundo a revista "Esquire".

Ao chegar, ele arrumou um emprego no King Cole Bar, dentro do clássico hotel St. Regis. Segundo o próprio estabelecimento, ele aperfeiçoou sua receita original lá, mas o nome dado em Paris ("Mary sangrenta") seria muito arriscado para o público americano no período final da Lei Seca. Portanto, ali o Bloody Mary se tornou o Red Snapper.

Hoje, é possível pedir o coquetel pelos dois nomes no King Cole, frequentemente servido no brunch.

Mimosa

Mimosa - ahirao_photo/Getty Images/iStockphoto - ahirao_photo/Getty Images/iStockphoto
Mimosa
Imagem: ahirao_photo/Getty Images/iStockphoto

Esta é polêmica: a história tida como "oficial" do nascimento do coquetel, segundo o site Insider, teria acontecido no Bar Hemingway do Hotel Ritz, em Paris, onde os bartenderes criaram uma versão mais leve de outro drinque famoso da época, o Buck's Fizz, feito no Buck's Club de Londres.

Na França, a quantidade de Champagne foi, ironicamente, diminuída. Com a cor mais suave, ele foi batizado como Mimosa, em homenagem à flor.

No entanto, a publicação especializada "Chilled Magazine" aponta uma outra possível origem para o coquetel. Nos anos 40, o diretor Alfred Hitchcock teria inventado o drinque em São Francisco, como ferramenta para reverter justamente uma ressaca.

Martini

Martini - chadvw/Getty Images/iStockphoto - chadvw/Getty Images/iStockphoto
Martini
Imagem: chadvw/Getty Images/iStockphoto

Hoje mais frequentemente associado com o espião mais famoso do mundo, o martini tem uma história tão nebulosa quanto uma trama de 007. Segundo o site "Insider", ele teria sido preparado pela primeira vez no bar do hotel The Knickerbocker, em Nova York.

Quem teria inspirado a receita e tomado o drinque pela primeira vez foi o magnata do petróleo John D. Rockefeller — seu filho foi o criador do icônico Rockefeller Center.

O nome da bebida foi eternizado como o do bartender, Martini di Arma di Taggia, e a receita permaneceria intacta desde então: gin, vermute doce, vermute seco e um toque de laranja.

Piña Colada

Piña colada - etorres69/Getty Images/iStockphoto - etorres69/Getty Images/iStockphoto
Piña colada
Imagem: etorres69/Getty Images/iStockphoto

De acordo com a autoridade de turismo de Porto Rico, três bartenderes e dois bares disputam o título de criadores da Piña Colada, mas uma coisa é certa: o drinque teria mesmo nascido na ilha.

A primeira história teve como palco o hotel Caribe Hilton e um dos seus profissionais, Ramon "Monchito" Marrero, teria recebido uma encomenda para criar um coquetel para a casa em 1954. Ele teria passado três meses desenvolvendo a receita que conhecemos hoje com rum e frutas.

No entanto, outro barman do hotel, Ricardo García, também teria afirmado simultaneamente que o drinque era seu — e que teria tido uma epifania quando o coco acabou e ele passou a substituí-lo em boa parte das receitas por abacaxi.

Há ainda uma terceira história que não tem a ver com o Hilton, em que Ramón Mignot teria criado a mistura no bar Barrachina, em 1963. No entanto, em suas redes, o Caribe Hilton continua até hoje garantindo que a bebida surgiu ali. A única certeza é que, anos depois, em 1978, a Piña Colada se tornaria a bebida oficial de Porto Rico.

Vieux Carré

Vieux Carré - MaximFesenko/Getty Images/iStockphoto - MaximFesenko/Getty Images/iStockphoto
Vieux Carré
Imagem: MaximFesenko/Getty Images/iStockphoto

Outro bar que ficou famoso por aparecer nas obras de Ernest Hemingway, o Carousel Bar do Hotel Monteleone seria o berço do Vieux Carré, em tradução livre do francês ao português, "antiga praça".

De acordo com o guia de viagens "Louisiana Travel", o barman Walter Bergeron criou ali o drinque em 1937 em homenagem às diferentes comunidades que viviam em Nova Orleans na época: conhaque e licor Bénédictine representando os franceses; vermute doce para os italianos; bitters que celebram os caribenhos e uísque de centeio para os americanos.

Rob Roy

Rob Roy - bhofack2/Getty Images/iStockphoto - bhofack2/Getty Images/iStockphoto
Rob Roy
Imagem: bhofack2/Getty Images/iStockphoto

De acordo com o hotel Waldorf Astoria de Nova York, o drinque Rob Roy surgiu em seu bar em 1894. Os profissionais no balcão teriam dado o nome à mistura em homenagem ao musical "Rob Roy", que acabava de estrear na Broadway. E a bebida contava um pouco da trama da opereta.

A receita teria sido baseada no drinque Manhattan, mas o uísque de centeio foi trocado pela versão escocesa da bebida, já que o protagonista Robert Roy MacGregor era uma espécie de Robin Hood escocês do século 17, de acordo com a revista digital "VinePair".

Há quem acredite ainda que o mix tivesse sido preparado pela primeira vez no Fifth Avenue Hotel ou em um bar de Hoboken, em Nova Jérsei. Apesar disso, ele segue como um bastião do Waldorf Astoria e, na pandemia, a casa até entregou sua receita no Instagram para quem quisesse beber em casa.

Sidecar

Sidecar - viennetta/Getty Images/iStockphoto - viennetta/Getty Images/iStockphoto
Sidecar
Imagem: viennetta/Getty Images/iStockphoto

Outro coquetel que teria surgido no Ritz, de Paris, ele foi inspirado no Brandy Crusta, uma receita de Nova Orleans criado por Joseph Santini.

De acordo com a "VinePair", a adaptação pode ter surgido logo após a Primeira Guerra, no mesmo Hemingway Bar, pelas mãos de Frank Meier em 1923. Embora, há quem acredite que o barman Harry McElhone, fundador do Harry's New York Bar — onde Hemingway inspirou o Bloody Mary (!) — também em Paris, teria aperfeiçoado o mix um ano antes, em 1922.

Uma terceira versão narra que o drinque foi misturado por Pat MacGarry, no Buck's Club de Londres. As quantidades dos ingredientes também variam, mas o clássico se manteve atrás da história com conhaque, licor de laranja e suco de limão.

The Singapore Sling

Singapore Sling - Sanny11/Getty Images/iStockphoto - Sanny11/Getty Images/iStockphoto
Singapore Sling
Imagem: Sanny11/Getty Images/iStockphoto

Conforme o nome sugere, o Singapore Sling foi criado em Singapura em 1915 no Long Bar do Raffles Hotel pelo bartender Ngiam Tong Boon, concluiu a revista "Condé Nast Traveler". O objetivo nobre da mistura? Fazer o álcool desaparecer.

Na época, as normas sociais ditavam que mulheres não bebessem em público, então o mix precisava se parecer com suco de frutas, entre elas abacaxi e lima, misturadas com granadina, Cointreau, bitters, gim, Bénédictine, soda e cherry brandy.

Black Russian

Black Russian - bhofack2/Getty Images/iStockphoto - bhofack2/Getty Images/iStockphoto
Black Russian
Imagem: bhofack2/Getty Images/iStockphoto

No fim dos anos 40, o bartender Gustave Tops, do Hotel Metropole, em Bruxelas, estava a serviço do embaixador americano em Luxemburgo, Perle Mesta, segundo a "Condé Nast Traveler".

Para homenagear o diplomata, ele decidiu criar uma bebida especialmente para ele — e assim foi misturado pela primeira vez um drinque com apenas dois ingredientes: vodca russa e licor de café Kahlúa.