Seu cachorrinho fica agressivo durante o banho e tosa? Saiba como resolver
Desde os 5 anos de idade, a Pitty tem um problema sério com banho e tosa. A pequena Poodle, hoje uma senhorinha de 15 anos, vira uma verdadeira leoa e o momento de higiene é só estresse, mordidas e reatividade para todos os lados.
A resistência da Pitty é tão grande que chegou a ser "expulsa" de um petshop. Por ter mordido a funcionária do local, a cachorrinha deixou de ser aceita como cliente. Para tentar resolver ou pelo menos amenizar o problema, a tutora da doguinha rebelde, Silvelene de Souza Peres Scavassa, 51 anos, procurou um curso de banho e tosa, mas não adiantou: tosa não é mesmo para a pet.
Segundo Juliana Gil, veterinária comportamentalista, quando o cãozinho morde durante o banho e tosa, significa que está pedindo ajuda por sentir muito medo e querer se defender de um cenário bastante assustador para ele.
Nesse momento de agressão, nunca devemos punir ou brigar com o cachorro porque na verdade ele morde por estar assustado e com medo. É um comportamento que consideramos normal para uma situação estressante", explica a veterinária.
Motivos do medo
Por que será que alguns cãezinhos adoram o momento do banho e tosa e outros odeiam? Uma das razões pode ser clínica, ou seja, o animalzinho sente dores e associa o momento ao fato de que será tocado e será submetido ao desconforto.
Outra questão está no fato de muitos tutores utilizarem borrifadores de água como forma de punição.
"Então, o cachorro faz a associação de que a água é ruim e quando vai tomar banho no petshop ou fazer qualquer ação que envolve água, ele se nega e entra em reatividade", diz o adestrador e comportamentalista canino Rapha Aleixo.
Sendo assim, a primeira e principal dica é não utilizar água como forma de punição aos cães, principalmente quando estão na fase de filhotes.
Questão de costume
O tutor pode começar pegando um balde com água e um paninho úmido para o início de um estímulo ao banho. Depois, pode usar uma bacia com pouca água e colocar, aos poucos, uma patinha do cachorro, duas, até que ele fique com as quatro patas para dentro com água até a canelinha, não submerso.
Então, pode-se introduzir o chuveirinho e começar todo o processo de esfregar, passar a mão. Tudo isso gradativamente e com muitos reforços positivos que incluem alimentos e brincadeira.
O mesmo processo pode ser utilizado para evitar o medo do barulho dos sopradores durante a secagem do banho. O tutor pode usar o secador de cabelo para que o cachorro entenda que aquilo não vai fazer mal a ele e está tudo certo.
Com os animais na fase adulta, os processos utilizados podem ser os mesmos. A diferença estará no fato de que a evolução acontecerá de forma mais rápida com o filhote. Isso porque o cãozinho bebê nunca teve traumas e está descobrindo o mundo, diferente do adulto.
"Para os adultos, por exemplo, precisamos ensinar a subir na mesa de tosa. Caso ele não aceite ser pego no colo, por exemplo, é preciso ensiná-lo a subir por uma escada. Depois, começamos o processo com a água e assim sucessivamente. O que irá diferenciar entre um cão jovem e outro adulto são os processos, mas as técnicas serão basicamente as mesmas", afirma Aleixo.
Higiene "do bem"
Criar uma memória favorável que envolva procedimentos de higiene e cuidados especiais também pode ser uma boa alternativa.
O ideal é introduzir ações de forma agradável na rotina diária do pet, realizando escovação da pelagem em casa, limpeza dos olhos e ouvidos, escovação dos dentes, entre outros.
"Com isso, o pet entenderá que é algo bom. Utilizar técnica de reforço positivo após a realização desses procedimentos caseiros também vai gerar uma memória favorável", afirma Raphael Barbosa de Oliveira, coordenador de marketing do Grupo Petz.
Evitar um aumento na frequência dos banhos também é uma forma de diminuir o estresse dos bichinhos.
"A gente pode e deve dar banho nos cachorros, mas diferente do que muitos tutores fazem, não há necessidade de uma frequência humana. Pode ser uma vez por mês ou a cada 20 dias, sem nenhum problema", afirma Juliana.
Outro ponto a ser observado é a utilização de perfumes. Como o cachorro tem um olfato superior ao nosso, pode sentir os cheiros de forma muito mais potente. Por isso é que muitos cães voltam do banho e começam a se esfregar nos lugares, para diminuir o cheiro do perfume.
A recomendação da veterinária é que os banhos tenham perfumes mais neutros, com menos cheiros porque a questão do olfato pode ser altamente estressante para os animais.
Banho em casa
De acordo com Juliana, Se pensarmos que o lugar do banho e tosa é estranho para o cachorro com outras pessoas, outros cães, tudo diferente da rotina dele, o banho em casa pode ser uma boa ideia, mas nem sempre é a solução definitiva.
Nos casos em que o cãozinho tem medo de barulho das máquinas de secagem (os equipamentos são chamados sopradores), da água ou demonstra reatividade em virtude de algum trauma, tentar dar banho e fazer a tosa em casa será uma atitude em vão.
Aleixo recomenda que os funcionários do petshop tenham conhecimento de técnicas e estratégias de modelagem comportamental para que possam ajustar o ambiente para melhorar a atitude dos cães.
Uma opção é, em casos mais delicados, tutor acompanhar o procedimento dentro da área de banho, como oferecido, por exemplo, na rede Petz.
Uma outra alternativa é que os tutores sejam instruídos pelo próprio petshop a aplicarem em casa técnicas simples para que os cães se acostumem, aos poucos, a não terem medo de água, secador e barulhos", ensina.
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