Camila Queiroz revive Angel em desfile fetichista lotado de público na SPFW
Após a À La Garçonne abrir a edição N53 da São Paulo Fashion Week na última terça-feira (31), o segundo dia foi protagonizado pelos trabalhos artesanais e feitos à mão, como da estilista Martha Medeiros e da marca Ponto Firme, além da presença de grandes estrelas na passarela, como a atriz Camila Queiroz e a cantora Marina Sena, conhecida pela música viral "Por Supuesto".
Ambas as artistas desfilaram para a marca Bold Strap, que aposta na moda fetichista e realizou seu primeiro desfile presencial na Semana de Moda brasileira. Em novembro de 2021, a marca estreava na SPFW com um fashion film.
Camila, por sua vez, foi quem atraiu a grande atenção do público que lotava o Komplexo Tempo, na Zona Leste de São Paulo. A atriz abriu e fechou a coleção criada pelo estilista Peu Andrade, intitulada "Bold Ride" — inspirando-se na estética motociclista.
Para a primeira aparição, Queiroz nos reapresentou Angel, personagem da novela "Verdades Secretas" que a consagrou na televisão brasileira. Com luvas, top e minissaia, a modelo e atriz puxava as botas de cano alto para o topo das pernas e iniciava um catwalk firme, enquanto era ovacionada.
No último look, o metalizado no busto à la "Motomami" da atriz contrastava com o tecido fino que cobria seus braços e pernas.
Para as demais peças, Peu Andrade mostrou por que a Bold Strap conquistou o público e não só ele. Mas também grandes nomes do show business, como Anitta.
Irreverentes, as roupas (não mais íntimas) traziam recortes, tecidos transparentes — mas também rígidos — que flertavam com um futurismo no streetwear. Um figurino facilmente reconhecível aos frequentadores de festas undeground techno que atraem multidões às fábricas abandonadas na capital paulistana.
O imaginário criado pela Bold Strap teve o período pós-guerra como ponto de partida.
A época se tornou palco do surgimento da cultura leather. Na coleção, a hipermasculinidade, que se traduzia nos uniformes de motociclistas usados por veteranos, encontrou-se ao DNA da etiqueta e incorporou códigos comumente associados à feminilidade, como corseteria e lingerie.
"A gente partiu da imaginação de cenas contemporâneas que dialogam bem com essas estética: uma mergulho em uma noite de muito techno, onde você conhece alguém e, depois da festa, sobe na moto dessa pessoa pra sair por aí sem destino", comenta Peu Andrade, idealizador e diretor criativo da marca.
Tudo gira em torno desse passeio, de como esses corpos se movimentam nessa moto".
Veja abaixo o desfile completo da Bold Strap:
Martha Medeiros
Conhecida por levar a renda brasileira ao mundo, Martha Medeiros foi quem abriu hoje as apresentações. O primeiro look apresentado pela alagoana foi uma peça criada por ela há 32 anos. A primeira a levar o nome da estilista, hoje internacionalmente conhecido.
A modelo carregava um acessório na cabeça, enquanto os detalhes do tecido se espalhavam no seu corpo em uma modelagem tomara que caia.
Martha usou a sua própria narrativa, ao longo do tempo em que trabalha com a moda, para resgatar algumas de suas roupas as quais considera mais significativas, além de peças feitas com sobras de renda e patchwork. O desfile consolidava um "namoro de 10 anos com a SPFW", como ela mesma disse na passarela do Senac.
Fauve
Comandada pela direção criativa de Clara Pasqualini, a Fauve mostrou um trabalho sobre formas, sensações, texturas e trabalho manual.
A marca abordou um viés sustentável, com tecidos de fibras naturais da G.Vallone, reúso de ourelas de tecido e sarjas e jeans da Vicunha, reconhecida mundialmente pelos elevados padrões de qualidade e sustentabilidade.
"São peças dramáticas até quando são simples, com modelagens marcantes, como uma obra de arte, é algo que te faz sentir", define Clara sobre o trabalho apresentado.
"A coleção 06 foi tirada do papel pensando em obras-primas, e criei assim, obras têxteis. Continuo explorando minha paleta de cores clássica de marrons, beges e pretos, e adicionei alguns toques de laranja e rosa."
Ponto Firme
Marcando a sua sexta participação na São Paulo Fashion Week, detentos e egressos do projeto da Escola Ponto Firme, mulheres, pessoas trans e refugiados, sob o comando do estilista e artesão Gustavo Silvestre, se dedicaram na produção da coleção.
As peças foram confeccionadas unindo o artesanal com o sustentável, apresentado a inovação no uso de materiais.
Para o desfile, Gustavo Silvestre explorou a mistura de texturas, cores e materiais: "Esta coleção mescla diferentes fios: metálicos, de algodão, fios jeans e viscose, todos da Círculo S/A, nossa parceira há tanto tempo".
O diretor criativo ainda descreve: "Houve a experimentação com miçangas, correntes, materiais de descarte, sempre utilizando a técnica do crochê e a conexão entre todas as pessoas que participaram desta criação".
Dendezeiro
Com um fashion film para coleção "Tabuleiro", a coleção da estreante Dendezeiro teve inspiração na diversidade baiana, com foco específico no tabuleiro de Acarajé, nos quitutes de países e culturas diferentes, que vieram de África e juntos formam e falam sobre a Bahia.
A coleção é fruto de uma extensa pesquisa que teve início em 2019, quando Hisan Silva e Pedro Batalha, criativos por trás da marca, começaram a se aprofundar sobre o cotidiano baiano, a história e suas ramificações do dia a dia em relação ao tabuleiro de acarajé.
A partir disso, buscaram traduzir as reverberações desse elemento enquanto um símbolo da cultura regional.
As texturas e sensações foram traduzidas através da sarja e malhas de algodão, matéria-prima principal da Dendezeiro, unidos a outros tecidos e materiais como miçangas e elementos que referenciam a cultura baiana e o tabuleiro de acarajé.
TA Studios
Diversidade, sincretismo, inclusão social, moda justa e sustentabilidade foram traduzidos para a alfaiataria pelas mãos da Gih Caldas.
O Arcanjo Miguel foi o arquétipo escolhido para o tema da coleção. Entre as peças, ternos de linho, vestidos, macacões e blusas com babados protagonizavam os looks.
As estampas foram desenhadas a mão pela estilista, representando as asas e grandes rosas azuis, feitas com caneta Bic, como a cor do Arcanjo. As texturas de tecidos misturavam-se entre liocel, jeans, malhas caneladas, linho, cânhamo e viscose.
Rocio Canvas
Neste primeiro desfile presencial pós-pandemia, o estilista Diego Malicheski buscou criar peças poderosas com estruturas escultóricas que não constrangem o corpo de quem usa. A roupa é proposta como um artifício original de expressão neste mundo instantâneo e impermanente.
"Sobretudo, pensamos em roupas que elevam o potencial de se sentir sexy, se sentir bem, levando em conta a singularidade de cada pessoa que fizer uso dessas peças", explica Malicheski sobre sua décima segunda coleção batizada como Escultura do Tempo.
A já conhecida alfaiataria da marca apareceu em tecidos naturais de algodão e seda e tramas tecnológicas, em combinações monocromáticas e também bicolores, dentro de uma paleta de tons sóbrios, que transitam entre os beges, preto, branco, vermelho, verdes e azuis.
A coleção apresentou blusas com faixas compridas, saias com fendas alongadas, blazers sobrepondo coletes e calças retas. Os vazados são recursos de design contemporâneo ao qual Malicheski não abre mão.
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