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Pepita sobre mãe aceitá-la trans: 'Deu meu primeiro sutiã após a prótese'

Bruno Calixto

De Nossa

05/06/2022 04h00

No país que mais mata pessoas trans e travestis e, ao mesmo tempo, figura em primeiro lugar no ranking de busca por transsexuais em sites de pornografia, a carioca Priscila Nogueira precisou criar a persona Pepita para ser aceita.

Primeira funkeira trans do Brasil, ela reforça que quem carrega a letra "T", da sigla LGBTQIA+, não tem oportunidade. "Acham que a gente tem que viver num aquário. Eu quero estar onde quiser e não quero ser a única", diz a artista para Teresa Cristina no programa "Botequim da Teresa".

"Nunca procurei visibilidade. Eu procuro oportunidade. Quero muito ver comissária, advogada, professora universitária e policial travesti. Mas às vezes eu lembro que vivo no Brasil. E isso é muito assustador".

Botequim da Teresa | Pepita e caraguejo - Fabrizia Granatieri/UOL - Fabrizia Granatieri/UOL
Pepita conquistou empatia do público com o quadro para internet com mensagens sobre relacionamento
Imagem: Fabrizia Granatieri/UOL

Pepita diz não entender porque incomoda tanto os outros. "Mesmo sendo travesti, eu sou muito feliz. Me amo e me aceito", declara a cantora, que considera estar vivendo o melhor momento da carreira.

Com o sucesso do programa "Cartas para Pepita", nas redes sociais, conquistou a empatia de pessoas que não imaginava. Na rua, ela recebe o carinho de senhoras que se emocionam com os vídeos que grava com mensagens sobre relacionamento.

Acolhimento dentro de casa

Diferente de boa parte dos transsexuais, Pepita sempre teve o acolhimento materno. Relata que na infância era "uma criança totalmente viada" e que preserva uma relação de intimidade, amor e admiração com a mãe.

Ela sempre entendeu. É um ser humano surreal. Não tem vergonha de mim e me deu o primeiro sutiã após a prótese".

Botequim da Teresa | Pepita e caraguejo - Fabrizia Granatieri/UOL - Fabrizia Granatieri/UOL
Teresa e Pepita no "Botequim"
Imagem: Fabrizia Granatieri/UOL

A aceitação se estende ao irmão, Carlos Eduardo, que é um homem trans. "Ela nunca pediu para a gente mudar nada. No dia que acontecer algo com ela, vai ser complicado entender o mundo."

Pepita sonha em montar uma casa para receber de braços abertos as "manas" trans que não tiveram a mesma história e foram rejeitadas. "É muito complicado ser algo que sua família não consegue entender."

Sextas de samba

Botequim da Teresa | Pepita e caraguejo - Fabrizia Granatieri/UOL - Fabrizia Granatieri/UOL
Receita do episódio: caranguejo
Imagem: Fabrizia Granatieri/UOL

O "Botequim da Teresa", que vai ao ar todas as sextas, é o programa perfeito para quem ama boa música e papos interessantes. Teresa Cristina resgata a história de bares tradicionais do Rio de Janeiro, faz receitas clássicas de cada um deles e recebe convidados para conversas descontraídas. Assista à nova temporada no site de Nossa, no UOL Play ou no YouTube de Nossa (inscreva-se e receba atualizações fresquinhas).