Como beber igual à família real britânica - com pouco ou muito dinheiro
Que tal um coquetel chamado Zaza, mistura de gim e do aperitivo francês Dubonnet, abrindo o apetite pouco antes do almoço? Durante a refeição, um potente Dry Martini. Para acompanhar sobremesa do jantar, um vinho fortificado doce. Uma ou duas taças de Champagne antes de se deitar.
A sequência etílica descrita acima foi largamente reportada como o consumo diário de bebidas da rainha Elizabeth 2ª da Inglaterra. Darren McGrady, chef no Palácio de Buckingham de 1982 a 1993, porém, garante que há exagero na conta. "Ela não acorda de manhã e toma um copão de gim com tônica e certamente não bebe quatro drinques por dia", disse, em entrevista à CNN.
Reafirmou, porém, o gosto da rainha por gim com Dubonnet, que beberia ocasionalmente, e por um pequeno cálice de vinho doce para finalizar o jantar. Hoje, Elizabeth não bebe. Por recomendação médica, só está autorizada a brindar e a dar uma bicada em ocasiões especiais, dizem fontes ligadas a Buckingham.
Adega de vinhos nada singela
Podemos imaginar que o espumante lançado em razão de seu Jubileu de Platina (70 anos no trono, o reinado mais longo da Inglaterra) tenha feito parte das comemorações. Se não no palácio, ao menos entre os súditos.
O rótulo do Buckingham Palace English Sparkling Wine é ilustrado com detalhes do bordado do manto usado por Elizabeth em sua coroação, em 1953. Elaborado com as uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier, enaltece a produção inglesa de espumantes, que tem ganhado mercado e bons bebedores. É vendido por 44 libras esterlinas (cerca de R$ 265) na loja online da família real.
Quando o assunto são vinhos, os gostos da família podem parecer superlativos. A adega real guarda cerca de 25 mil garrafas, algumas datadas do século 17, e há dois comitês de especialistas que indicam os rótulos adequados para cada tipo de recepção. A família real convida mais de 62 mil pessoas anualmente para recepções, cerimônias, jantares e festas ao ar livre. Para molhar a boca de tanta gente, até as verbas da monarquia são reguladas.
A crítica de vinhos inglesa Jancis Robinson integra esse time e explicou num artigo para o "Financial Times" que uma de suas missões é encontrar rótulos bacanas a preço de supermercado. Sauvignon Blancs da Nova Zelândia e tintos básicos de Bordeaux, por exemplo, já foram selecionados pelos consultores.
Entre as escolhas acordadas, Jancis cita um italiano da denominação Rosso Piceno garimpado a 5,97 dólares (cerca de R$ 28) e um Chardonnay da vila de Uchizy, na subregião Mâcon, Borgonha, a 10,86 dólares (cerca de R$ 52).
Em ocasiões muitíssimo importantes, porém, o valor gasto com vinhos pela família real pode chegar às nuvens, como relata a revista virtual "VinePair".
Em 2015, foram despendidos 200 mil dólares (mais de R$ 955 mil) para receber Xi Jinping, presidente da China, e 170 convidados. Com a promessa de bilhões em acordos comerciais entre os dois países, era preciso impressionar.
Um espumante inglês foi servido como aperitivo. Harmonizado com turbot, veio em seguida um Chardonnay de Meursault, uma das apelações mais valorizadas de Borgonha para brancos. O vinho escolhido para acompanhar o prato principal, carne de veado com repolho cozido, foi Château Haut-Brion, um dos tintos mais celebrados da região francesa de Bordeaux.
A safra que servida, a de 1989, está cotada por volta de 2.175 dólares (cerca de R$ 10.600). A sobremesa, pudim, foi servida com um Porto Warre's 1977.
Bebendo como a família real - só que no Brasil
Se quiser abastecer sua adega à moda da família de Elizabeth 2ª, é possível encontrar alguns dos mesmos rótulos no Brasil ou opções similares de boa qualidade.
Confira o que é possível encontrar, do gim popular ao vinho mega plus ultra das galáxias, com dicas de Paula Daidone, especialista em vinhos e embaixadora do Vinho do Porto no Brasil, e da reportagem de Nossa.
Champagnes
Champagne Bollinger Special Cuvée Brut teve o adjetivo incorporado ao nome por causa do rei George 6°, pai de Elizabeth 2ª, que o considerava "especial". Foi servido aos chefes de estado que compareceram ao casamento de Charles e Diana.
O rótulo Pol Roger Brut Réserve foi escolhido para as bodas de William e Kate Middleton, e de Harry e Meghan Markle. Ambos são importados pela Mistral, por R$ 939,10 e R$ 828,55, respectivamente.
As marcas Lanson, Veuve Clicquot, Louis Roederer também conquistaram o selo de garantia real e são importadas para o Brasil.
Vinhos brancos
Para imitar o vinho branco servido para o presidente da China, é preciso ter alguma reserva financeira. O Meursault Premier Cru Perrieres 2018 custa R$ 2.506,90 na importadora Decanter.
Há opções mais baratas (mesmo assim, para poucos bolsos) dentro da apelação. Bouchard Père & Fils Grand Vin de Bourgogne Meursault Les Clous 2017 sai por R$ 899,90 na Evino. Joseph Drouhin Meursault 2018 custa 1.033,06 na Mistral.
Para entrar na onda mais em conta proposta por Jancis Robinson, alguns bons Sauvignon Blanc da Nova Zelândia começam na faixa dos R$ 164 no Brasil, como o Marlborough Sun Sauvignon Blanc 2020, vendido na Soul Wines. Paula Daidone indica Stoneburn Sauvingnon Blanc 2020 (R$ 198,70 na Winerie).
Vinhos tintos
Da região de Bordeaux, onde predominam as uvas Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, o Château Haut-Brion tem a classificação Premier Grand Cru Classé — a mais alta. Se quiser saber o que faz a fama desse vinho, há garrafas da safra 2010 na Mistral por R$. 9.888,43.
Mas Bordeaux é uma região bastante diversa, com rótulos para todos os bolsos. Paula indica Château Saint-Bonnet Médoc AOP 2017 (R$ 69,90 na Evino) e Château Le Roc A.O.C. Bordeaux 2018 (R$ 79,49 na Wine). Com um pouco mais de verba, você parte para o Mouton Cadet Bordeaux Rouge 2017 (R$ 136,50 na La Pastina).
Se quiser investir na denominação Rosso Piceno, leste da Itália, em que predominam as uvas Montepulciano e Sangiovese. No Brasil encontramos exemplares como o Rosso Piceno Saladini Pilastri 2019, por R$ 115,52, e o Rosso Piceno Superiore Vigna Monteprandone 2011, por R$ 242,65, ambos na Mistral.
Vinhos de sobremesa
Entre os vinhos doces preferidos de Elizabeth estão os do Porto. Taylor's, marca presente no Brasil, é um dos produtos chancelados pela família real, e a casa lançou este ano uma edição comemorativa dos 70 anos de reinado.
Taylor's Very Very Old Tawny Port Platinum Jubilee Edition mistura vinhos de várias idades, da larga coleção de safras da adega, as mais antigas armazenadas há 70 anos. Custa 350 libras (cerca de R$ 2.107) e não será importado para o Brasil.
Quem gosta de luxo pode brindar com algumas das poucas garrafas de Warre's vintage que a importadora Decanter ainda tem, dos anos 2003 (R$ 1.227) e 2007 (R$ 585). Mas dá para brincar de rainha a preço de supermercado. Paula recomenda Taylor's Ruby Port (R$ 103,50 no Magazine Luiza), Krohn Tawny Port (R$ 79,99 no Pão de Açúcar) e Porto Ferreira Tawny (R$ 109 na Divvino).
Uísques
Príncipe Charles é o cara do uísque no palácio. De acordo com a "Whisky Magazine", suas preferências recaem sobre os exemplares escoceses da ilha de Islay, extremamente defumados, como os da destilaria Laphroaig.
Na loja Caledonia Whisky & Co., você encontra o Laphroaig 10 (R$ 560) e o Bruichladdich Port Charlotte 10 (R$ 999), outra preferência fumacenta do príncipe. Em homenagem a Charles, foi lançado o Laphroaig Highgrove 12 Anos, que pode ser comprado pelos plebeus por 84,85 libras (cerca de R$ 513) na loja de Highgrove, residência do príncipe.
Na linha "sonhos que vamos ter", a Royal Salute, marca criada para celebrar a coroação de Elizabeth em 1953, lançou uma coleção de 7 decânteres de cristal soprados a mão, cada um reproduzindo um broche da rainha, contendo um blend de uísques que envolve toda a história da marca, com líquidos guardados durante as últimas sete décadas.
The Royal Salute Platinum Jubilee Edition custa 20 mil dólares (cerca de R$ 96 mil reais) e a série não será importada para o Brasil.
Gim
O gim é a maneira mais fácil e mais barata de imitar os gostos etílicos da família real. Gordon's Gin, marca conhecida globalmente, tem chancela da rainha e pode ser encontrado por pouco menos de R$ 60 em uma infinidade de pontos de venda do país. O Tanqueray básico custa por volta de R$ 100. Para o gim tônica da tarde de sábado, está de bom tamanho.
O Buckingham Palace Gin (vendido no site da família real por 40 libras, cerca de R$ 240) reverencia o terroir local. Os 12 botânicos que perfumam a bebida são colhidos nos jardins do palácio. Este é preciso trazer na mala, pois a lojinha da rainha não envia para o Brasil.
Aproveite e pegue também uma garrafa de Dubonnet (outro produto não disponível por aqui) para preparar o Zaza de que Elizabeth tanto gosta.
*Preços e disponibilidade dos produtos consultados em 09/06/2022
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