África de busão: brasileiro explora o continente em transportes públicos
De girafas na paisagem a amizades a bordo: brasileiro conta como é cruzar a África de ônibus
Nos últimos anos, viajantes do mundo inteiro têm atravessado a África a bordo de veículos particulares, como motorhomes, carros e motocicletas. O brasileiro Davi Montenegro (@cabeca.pra.baixo), porém, resolveu se aventurar como os locais, em ônibus públicos
"Eu tinha muita curiosidade de conhecer o continente, mas estava sem dinheiro suficiente para comprar passagem de avião ou conseguir um carro. Então, fui de ônibus mesmo, de pouquinho em pouquinho", conta ele, que foi do Egito à África do Sul, cruzando o território africano de norte a sul.
Foram oito meses de viagem e, neste tempo, peguei um total de 47 ônibus ou vans. E nenhum deles era turístico. Todos eram meio de transporte para a população local. Raramente havia outro estrangeiro comigo".
Por terra, o brasileiro passou por Egito, Sudão, Etiópia, Quênia, Tanzânia, Malawi, Zâmbia, Namíbia e África do Sul.
Segundo Davi, as viagens de ônibus foram especiais porque permitiram chegar a lugares que estão fora da rota do turismo de massa, uma maneira de ver mais a realidade dos países.
E não faltaram belos cenários na estrada. "No Quênia, por exemplo, passei por uma região selvagem e consegui admirar, através da janela, girafas, zebras e outros animais. Foi como fazer um safári quase de graça", relembra.
Na condição de passageiro, Davi também observou as planas áreas desérticas do Sudão, os horizontes montanhosos que cercam as rodovias da Etiópia, as paisagens marítimas de Zanzibar (na Tanzânia) e o interior recheado de natureza do Malawi.
E conseguiu chegar, gastando pouco, a famosos destinos turísticos africanos, como a Reserva Nacional Masai Mara (no Quênia, onde curtiu um safári de verdade) e a região das cataratas Victoria Falls (na Zâmbia).
Hospedagem em orfanato
As jornadas de ônibus permitiram, também, que o brasileiro tivesse um contato com os habitantes dos diversos países africanos que visitou.
Conquistei muitas amizades durante as viagens. As pessoas viam que eu era estrangeiro e vinham falar comigo. E a gente conversava via Google Translate", lembra.
No Quênia, por exemplo, indo para uma cidade chamada Nakuru, Davi perguntou a um dos passageiros se ele tinha dicas de hospedagem barata. "E ele me disse que era responsável por um orfanato na cidade e que eu podia dormir lá, que as crianças iam gostar da minha presença. Aceitei na hora".
"Passei o fim de semana lá. As crianças brincaram comigo e me ensinaram um pouco da língua swahili, muito falada no Quênia", recorda.
Muita gente, pouco conforto
Em países com infraestrutura ainda muito precária, era comum, por exemplo, se deparar com ônibus velhos, apertados, superlotados e que quase nunca saíam na hora.
Na fronteira do Egito com o Sudão, o brasileiro pegou um ônibus cujos assentos estavam tomados por máquinas de lavar encaixotadas, que ocupavam mais espaço do que as pessoas. Além disso, ele viajou junto com galinhas e bagagens amontoadas no corredor.
Na Etiópia, havia uma van que estava com o para-brisa quebrado, como se pedras tivessem sido arremessadas contra o vidro.
"Não eram viagens confortáveis, mas eram interessantes à sua maneira", avalia.
Em território etíope, surgiu um homem querendo pegar a mochila do brasileiro para acomodá-la no bagageiro. E ele queria cobrar dinheiro para fazer isso.
Eu me recusei a entregar a mochila e a pagar, disse que eu mesmo colocaria a bagagem e começamos a discutir. De repente, fui cercado por ele e seus amigos, que começaram a gritar comigo. Tive que pegar minhas coisas e sair dali. Acabei perdendo o ônibus".
Mesmo com alguns apuros, Davi amou sua jornada pelo continente africano, dizendo que também pegou ônibus bons por lá, "especialmente em países como Zâmbia, Namíbia e África do Sul".
Após esta longa aventura, a viagem seguinte, que começou em maio, é a bordo de duas rodas, em uma bicicleta. Começando pelo Panamá, Davi quer cruzar toda a América Central, passando por Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala, em três meses.
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