Criticada, aérea deixa de exigir teste de idioma de viajantes sul-africanos
A companhia aérea irlandesa Ryanair abandonou a exigência do teste de africâner obrigatório a viajantes que se apresentassem com passaporte da África do Sul em voos rumo ao Reino Unido.
Passageiros haviam criticado fortemente a medida, que foi considerada racista, já que o idioma de origem germânica — isto é, derivado do neerlandês, também popularmente conhecido como holandês — também foi imposto à população negra durante o Apartheid.
Michael O'Leary, presidente da aérea, anunciou a mudança de protocolo em uma coletiva de imprensa em Bruxelas na terça (14), reportou a CNN americana.
"Não achávamos que era apropriado também. Então acabamos com o teste de africâner, porque não faz nenhum sentido", disse. Caso passageiros não tivessem a performance desejada no exame, a companhia impedia o embarque.
O'Leary reclamou, contudo, que "a África do Sul precisa corrigir seus problemas". A Ryanair inicialmente alegou que o teste era exigido com o objetivo de comprovar a nacionalidade do viajante, já que o país em questão tem visto um aumento no número de falsificações de seus passaportes.
As denúncias da prática da aérea começaram a surgir no dia 27 de maio, depois que um passageiro de passaporte sul-africano, mas residente do Reino Unido relatou no Twitter ter sido obrigado a realizar o teste de duas páginas — e acertar 100% das questões — para embarcar em um voo de Portugal a Londres.
Apesar de não operar voos diretos com origem ou destino para a África do Sul, a Ryanair defendeu a prática à emissora americana em 7 de junho. "Aéreas que operam no Reino Unido estão sujeitas a multas de 2 mil libras (R$ 12,23 mil) por passageiro que viajar ilegalmente ao país com passaporte ou visto fraudulento".
No entanto, o Alto Comissariado do Reino Unido na África do Sul se posicionou dizendo que o questionário "não é um requisito do governo britânico".
"Estamos chocados com esta decisão da companhia", disse Siya Qoza, porta-voz do Ministério de Assuntos Interiores da África do Sul, em comunicado ao jornal The New York Times.
Ele ainda esclareceu que o governo local detectou casos recentes de fraude com passaportes e disponibilizou às companhias acesso à base de dados das autoridades sul-africanas para verificar a identidade e autenticidade dos documentos. "Não está claro até que ponto a companhia aérea usou estes serviços antes de recorrer a este sistema de perfilamento às avessas", lamentou.
O africâner é apenas um dos 11 idiomas oficiais falados na África do Sul. A lista ainda inclui inglês, zulu, swazi, sepedi, sesotho, setswana, xitsonga, xhosa, tshivenda e ndebele.
Estima-se que organicamente 13,5% dos sul-africanos fale o idioma no cotidiano, de acordo com o censo do país de 2011, o que o torna apenas o terceiro idioma mais falado do país. Já o zulu é o mais popular, com pouco mais de 11,5 milhões.
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