'Sem remorso', Justice Smith leva beijo gay às vitrines de shopping de luxo
Justice Smith é o rosto da nova campanha da Calvin Klein. A marca você provavelmente já deve conhecer por suas famosas peças jeans e, claro, campanhas das peças íntimas. Já Justice, se não te soa familiar, é considerado internacionalmente um dos atores mais promissores da nova geração. No seu currículo, estão as séries "Generation" da HBO e "The Get Down", da Netflix, além do filme "Pokémon: Detetive Pikachu", que acumulou US$ 413 milhões em sua bilheteria.
A união entre o ator e a grife acontece na campanha "This is Love", com a qual você já deve ter cruzado em algum passeio ao shopping. Na vitrines da CK, Justice protagoniza um beijo — ou quase lá — com o também ator Nicholas Ashe.
"[Fazer parte deste movimento de inclusão] exige muitos limites e amor-próprio", conta ele em entrevista para Nossa. "Acho que às vezes as pessoas pensam que, por estarmos sob os olhos do público, nossa pele é incrivelmente grossa. Mas isso leva tempo e muito esforço. Somos seres humanos".
Ele continua: "Cheguei à conclusão de que quanto mais eu ajo de forma autêntica e sem remorso, menos estou interessado nos julgamentos dos outros".
Infelizmente, vivemos em um mundo onde, alguém como eu existir, é uma declaração política apenas por existir, mais do que por ser uma figura pública. Sempre me lembro que a busca da minha própria alegria é o ato mais radical e essencial para minha sobrevivência".
Sobre estrelar algo grandioso, como para a Calvin Klein, Smith logo diz: "É assustador, não vou mentir". Mais do que fotos, em suas palavras, foi como se ele estivesse abrindo as quatro paredes do seu mundo íntimo para o mundo — uma vez que ele e Nicholas Ashe viveram um relacionamento.
"Depois de muitas conversas, decidimos fazer a campanha porque era assustador e público. Muitas vezes acho que é aí que a mágica acontece: quando você pula de um penhasco e faz o que normalmente não faria".
O resultado foi de receptividade e representatividade, apesar dos discursos de ódio, ainda presentes: "Estou honrado em representar minha comunidade dessa maneira e adicionar outro exemplo de amor negro ao zeitgeist", diz ele ao mencionar o termo alemão, cuja tradução significa "espírito da época".
De todas essas formas, o significado e, sobretudo, o poder da moda vai além de roupas e tendências. Para Justice, é um pilar da de auto-expressão.
"Acho que quanto mais eu entendia o que me atraía ao me vestir, mais fácil era definir minha identidade. E não de forma estagnada. De uma forma que me permitiu honrar todos os lados do meu eu, que está em constante evolução", relembra.
A moda sempre acompanha o humor ou a característica com a qual você deseja liderar em um determinado dia. Ele flui com você. E convida outras pessoas para o seu mundo interior."
Um estilo em evolução
Quando questionado sobre como definiria seu próprio estilo hoje em dia, Justice não se coloca em caixas: "Estou transitando entre estilos agora", comenta. Do streetwear ao casual wear.
"Estou começando a abandonar minha própria noção pessoal de que, para ser amado ou respeitado, tenho que me vestir formalmente em eventos", reflete. "Isso não vem naturalmente para mim e muitas vezes não me sinto eu mesmo".
No lugar dos ternos preto e branco justos ao corpo, o ator diz se sentir mais atraído por roupas mais largas e com camadas. Preferencialmente, em tons terrosos — entre o laranja e o amarelo.
A exemplo disso, Justice revela o favoritismo pela marca nova-iorquina Bode, além do trabalho do estilista londrino Nicholas Daley.
"A moda sempre acompanha o humor ou a característica com a qual desejo destacar em um determinado dia. Ela flui com você. E convida outras pessoas para o seu mundo interior", complementa.
Parte da nova geração
Um dos trabalhos de maior reconhecimento de Justice é a série "Generation", da HBO — trama que abraça a comunidade LGBTQIA+ ao explorar os desafios da sexualidade na juventude, mais precisamente no ensino médio. Assim como "Euphoria", a produção, em suas devidas proporções, moldou e inspirou o estilo para o público da Geração Z — como são chamados os que nasceram depois dos anos 2000.
Sobre fazer parte desse movimento, ele diz: "Eu tento não agir a partir de um lugar de obrigação ou 'responsabilidade'. Isso gera ressentimento em mim por algum motivo. Imediatamente começo a pensar em justiça."
Justice continua: "Somos igualmente responsáveis uns pelos outros? Você está fazendo coisas para mim quando eu faço coisas para você? Não é um espaço de cabeça que eu gosto de estar".
O ator diz que participar de "Generation" não teve como intuito ser um modelo para quem o assistisse, mas uma "carta de amor" aos jovens.
"A série foi uma carta de amor para a Geração Z e, especificamente, para a jovem comunidade queer que agora segura o bastão [de mudar os antigos padrões da sociedade]".
De volta ao seu sucesso em Hollywood, Smith prefere não se colocar na caixa de "ator em ascensão": "Percebi que não está no meu controle quando não sou mais 'ascendente' e apenas um 'ator'", opina ele, hoje com 26 anos. "Cabe ao proverbial homem por trás da cortina que lhe diz quando você está estabelecido".
Desisti de tentar controlar essa narrativa e me concentrei mais em contar as histórias que quero contar e trabalhar com as pessoas com quem sou obrigado a trabalhar."
Entre seus planos futuros que rondam essas narrativas as quais ele quer participar, o astro expressa o desejo de voltar aos palcos de teatro.
"Estou morrendo de vontade de fazer Shakespeare. Quero interpretar Hamlet antes que eu fique muito velho", brinca.
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