Caldo verde é receita afetiva de chef que trocou a advocacia pelas panelas
Criado no Distrito Federal, onde quase um quarto das pessoas ocupadas é servidor público, Adriano Soares (@soaresadriano) buscou uma garantia de futuro ao cursar Direito. "De tão comum, a faculdade parecia a extensão obrigatória do Ensino Médio", diz o rapaz, que nasceu em Campo Grande e morou em Brasília dos seis meses aos 25 anos.
O objetivo era seguir a trajetória da família ao estudar para concurso. Os cinco anos penosos de aulas e provas, porém, mostraram para Adriano que talvez o seu caminho fosse outro. "Quando me formei, ia prestar a OAB e meu pai falou: 'filho, vai fazer o que você gosta'".
A habilidade que lhe faltava para compreender as leis sobrava quando a pauta era cozinha. Por isso, com o aval do genitor, Adriano se inscreveu em 2018 no curso de culinária do Senac, onde também realizou os primeiros estágios na área.
Essa foi a retomada de uma paixão que começou na infância mas que até então nunca tinha passado de um hobby. "Desde pequeno eu observava as minhas avós e minha mãe enquanto elas cozinhavam. Sempre tive curiosidade".
Na adolescência, o apetite foi crescendo à medida que conhecia restaurantes, dos mais simples, como uma casa com rodízio de sopas (confira a receita do caldo verde de Adriano ao fim da matéria), aos elogiados pela crítica.
"Meu pai teve uma namorada que colecionava os pratos da Boa Lembrança [associação de 90 restaurantes pelo Brasil]. Nas férias da escola, fazíamos viagens de carro para experimentar novos lugares".
Isso fez eu me apaixonar ainda mais pela gastronomia".
No fogão de casa, descobriu que também poderia alimentar os outros e arrancar-lhes sorrisos com docinhos como cookie e brownie ou com pratos italianos fáceis, caso do risoto. Aos poucos, as receitas de Adriano se tornaram essenciais nos encontros entre os parentes, seja com bolo de aniversário ou com o peru e a farofa do Natal.
Uma das únicas da família que não seguiu carreira pública e serve de inspiração para Adriano é a avó paterna chamada Walda. "Nos anos de 1940 e 1950, ela trabalhava na casa de médicos e empresários de Campinas fazendo marmitas para encher o freezer".
Fora do ninho
Em 2019, Adriano se inscreveu no programa de trainee do Grupo Maní e se mudou de mala e cuia para São Paulo. Cresceu dentro da empresa e hoje ocupa o cargo de chef de cozinha da unidade do Shopping Iguatemi da premiada Padoca do Maní, onde coordena uma equipe de 26 pessoas.
Desde o ano passado, começou a investir na produção de conteúdo no Instagram, ensinando receitas simples e, ao mesmo tempo, caprichadas. Com toques de profissional traduzidos de maneira fácil, os pratos impressionam quem tenta reproduzi-los.
O impulso foi a negativa num processo seletivo para um reality show. "Cheguei até a última fase e não passei. Além da experiência e do prêmio, queria a visibilidade para poder compartilhar conhecimento. Com esse "não", eu percebi que eu já tinha a plataforma para colocar em prática o que eu queria, então era só começar a gravar".
A jornada dupla nem sempre deixa o calendário de postagens seguir na intensidade que pedem os algoritmos, mas o retorno já chega em forma de engajamento do público. "Toda vez que recebo um elogio ou alguém tira uma dúvida eu fico super feliz. Esses dias um rapaz foi até o restaurante no qual eu trabalho para me conhecer. Eu achei isso tão bacana!".
Acho importante desmistificar a cozinha, mostrar como é acessível sair da mesmice. Basta se interessar um pouco e se arriscar nas panelas".
Caldo verde
Receita à prova
Siga o passo a passo desta receita afetiva de Adriano, que é ótima para comer no inverno e tem tudo a ver com as festas de São João.
INGREDIENTES
- 100 gramas de bacon em cubinhos
- 200 gramas de linguiça calabresa
- 1 cebola grande
- 4 dentes de alho
- 4 batatas inglesa grandes descascadas e cortada em cubos
- 6 folhas de couve manteiga grandes
- 2 litros de água
- Sal e pimenta-do-reino a gosto
MODO DE PREPARO
Coloque o bacon numa frigideira e frite-o na própria gordura. Reserve. Na mesma panela, doure a linguiça calabresa.
Na sequência, entre com a cebola, o alho e a metade do bacon frito.
Junte a batata e tempere com sal e pimenta. Coloque a água. Tampe a panela e cozinhe até batata ficar mole.
Desligue o fogo e acrescente a metade da couve — crua mesmo.
Isso ajuda a deixar a cor verde bem viva. Se você cozinhar demais a couve, corre o risco do seu caldo ficar com a cor amarronzada".
Bata a sopa aos poucos com a ajuda do liquidificador ou do mixer até a mistura ficar homogênea. Volte tudo para a panela ou coloque no recipiente que for servir. Finalize mergulhando a outra parte da couve no caldo. Sirva com o bacon frito.
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