Brasileiro mais viajado do mundo virou voluntário em guerra na Ucrânia
Há alguns anos, a vida do goiano Igor Galli (@my_walkabout) consistia em viajar sem parar pelo globo. Em quase duas décadas na estrada, ele conseguiu conhecer mais de 150 países e se tornou, segundo o ranking do site Nomad Mania, o brasileiro mais viajado do mundo.
Durante uma temporada recente na Europa, Igor se apaixonou pela ucraniana Galia, os dois casaram, "engravidaram" e, em fevereiro deste ano, estavam vivendo tranquilamente na pequena cidade de Pustomyty, nos arredores de Lviv.
"Minha vida estava muito boa. Eu estava dando aulas de inglês em uma escola local e esperando a chegada do bebê com minha esposa. Tínhamos casa e carro, tudo estável", conta Igor.
Foi quando as sirenes tocaram. Com a invasão da Rússia ao país, surgiu a ameaça de ataques de mísseis e bombas sobre as casas e ruas locais.
Rotina de sustos
Por anos, Igor cansou de colocar seu mochilão nas costas para viajar para um novo destino do planeta. Agora, quando tocavam as sirenes, ele tinha que rapidamente pegar uma mala com itens básicos para correr rumo a frios abrigos subterrâneos para se proteger de possíveis ataques aéreos.
E estes momentos tensos ocorriam a qualquer hora do dia, nas primeiras horas da manhã ou à noite. "Minha esposa já estava grávida de seis meses", relata o brasileiro. "Por sorte, nenhum míssil caiu diretamente em nossa cidade. Mas era uma tensão frequente".
Não demorou, porém, para Igor virar voluntário em um grupo para fazer patrulhamentos noturnos em Pustomyty, para identificar possíveis espiões russos infiltrados em cidades ucranianas para determinar, de perto, alvos de ataques.
Eu não andava armado. Mas havia pessoas na patrulha que carregavam armas. Chegamos a pegar pessoas suspeitas de espionagem".
O brasileiro também ajudou na arrecadação de alimentos, medicamentos e roupas para serem enviados aos fronts da guerra e para os refugiados — e presenciou, de perto, toda a comunidade unida para auxiliar a Ucrânia no conflito.
Os moradores, por exemplo, se reuniam frequentemente ao ar livre e dentro de prédios para produzir redes de camuflagem para tanques de guerra ucranianos.
Já as mulheres idosas da família de sua esposa montaram uma verdadeira linha de produção em suas cozinhas, preparando enormes quantidades de comida para os soldados.
"Isso me fez ter muito orgulho dos ucranianos. Ver como eles se uniram para ajudar seus militares durante a guerra", diz Igor.
Refúgio e nascimento
Com a guerra se intensificando, ele e sua esposa grávida resolveram ir embora da Ucrânia, seguindo a rota dos refugiados em direção à Eslováquia. "Com a Galia grávida, era a coisa mais sensata a ser feita", afirma ele.
Acompanhados por outros ucranianos (incluindo crianças), eles andaram por parte do trajeto para chegar à fronteira eslovaca e, de lá, pegaram um trem para longe do conflito.
"Resolvemos nos mudar para a França e, no momento, estamos vivendo na cidade de Nancy, onde já tenho um emprego e uma casa para morar", diz o brasileiro, que possui passaporte europeu.
Mas foi difícil completar toda esta viagem até aqui. A vida ficou a mil. O plano, por enquanto, é permanecer na França. Quando a guerra terminar, a gente vê o que faz".
Neste mês de junho, a filha de Igor e Galia nasceu saudável no território francês, trazendo um enorme sentimento de otimismo para os pais. E, logicamente, o brasileiro já faz questão de projetar um futuro de viagens turísticas para a família.
"Minha filha tem pai brasileiro, mãe ucraniana e nasceu na França. Agora, precisamos escolher qual passaporte dar a ela", brinca. "Mal posso esperar pela nossa primeira viagem".
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