Os melhores locais para ver arte de rua em SP, do Minhocão à Vila Madalena
Pode ser que ela nem esteja mais lá quando você for. Mas também pode permanecer no mesmo endereço por anos, marcando o espírito de uma época em forma de letras, traços e cores.
Tão mutante quanto a maior cidade do continente, a arte de rua estampada em muros, viadutos e empenas de edifícios transformou São Paulo em uma galeria a céu aberto para obras de grandes grafiteiros — sem perder a essência transgressora e questionadora das origens do grafite urbano.
Murais de artistas como Kobra, OSGEMEOS, Soberana Iza e tantos outros estão distribuídos por toda a cidade, mas alguns polos concentram na mesma região um panorama interessante e distinto de arte de rua que pode ser combinado com um passeio turístico.
Um destino certo que atrai muitos visitantes é o Beco do Batmam, no bairro da Vila Madalena, que foi o destino que a atriz e apresentadora Isa Scherer escolheu apresentar, na companhia da multiartista Regina Elias da Costa, conhecida como Soberana Ziza, no último episódio de "À Moda da Isa".
Assista ao tour no vídeo do topo da matéria e conheça, abaixo, mais locais interessantes com intervenções urbanas que deram outros tons à cinzenta São Paulo:
Minhocão
Mesmo apressado, o motorista que passa por esse elevado entre o Centro e a Barra Funda não tem como não perceber os imensos murais que colorem as empenas dos prédios laterais.
Ao longo de seus 3,5 quilômetros de extensão, o Elevado Presidente João Goulart abriga obras de grafiteiros como o argentino Tec e os brasileiros Nina Pandolfo e Kobra, que durante a pandemia inaugurou "A Mão de Deus", mural de 33 metros de altura em uma empena da rua Traipu, próximo ao Minhocão.
Outro destaque é a obra 'Pindorama', pintada por Rimon Guimarães, que usou tinta fotocatalítica capaz de filtrar o ar. Nos finais de semana, quando o tráfego de automóveis é proibido, essa espécie de parque suspenso com bancos no canteiro central pode ser visitado a pé ou de bicicleta.
Praça Paulo Kobayashi
Inaugurada há 10 anos, essa área de 1.500 m², ao lado do Palácio Anchieta, é resultado de um projeto de revitalização em parceria com a Câmara Municipal de São Paulo e 32 grafiteiros. A obra mais famosa é a 'Floresta Urbana', uma parede de dez metros pintada por oito artistas que tiveram a Natureza como inspiração, sob coordenação do grafiteiro Binho Ribeiro.
Túnel da Paulista
Esse mosaico de trabalhos coletivos fica no acesso às avenidas Dr. Arnaldo e Rebouças, popularmente, conhecido como 'Buraco da Paulista'.
Um dos trabalhos mais duradouros do túnel é o extenso mural azulado do artista plástico Rui Amaral, com seus inconfundíveis robôs e monstros coloridos, considerado um dos maiores já feitos em São Paulo.
Infelizmente, como costuma ser no mundo incompreendido da arte urbana, o local às vezes tem seu acervo apagado, como no caso recente no túnel sob as avenidas Rebouças e Paulista em que os trabalhos foram apagados para divulgar uma festa do curso de Medicina da USP.
Beco do Batman
Essa galeria a céu aberto fica nas vielas da Vila Madalena, cujos muros estão completamente preenchidos por grafites. A atração, que nos finais de semana conta com uma feira de artesanato (das 9 às 19 horas), é frequentemente renovada por diversos artistas e abriga cerca de 50 painéis.
O passeio pela região também pode incluir parada nos barzinhos, cafés e restaurantes do entorno e visita a galerias de arte, como as que Soberana Ziza levou Isa Scherer para conhecer: Ziv (Rua Gonçalo Afonso, 119, Vila Madalena. 10h/21h. ter. e qua. a partir de 12h; fecha seg.) e A7MA (R. Medeiros de Albuquerque, 250, Vila Madalena. 12h/17h e 11h/19h no dom), que exalta o trabalho com pegada urbana de profissionais das bordas da cidade.
Um dos destaques é a inspiradora Escadaria do Patápio, conhecida também como Escadaria do Beco do Batman, uma via com mais de 90 degraus decorados com azulejos e trechos de poesias.
Museu Aberto de Arte Urbana
Os 33 pilares do trecho elevado do Metrô na Avenida Cruzeiro do Sul, na Zona Norte, entre as estações Tietê, Santana e Carandiru, deram lugar a grafites assinados por nomes consagrados da arte de rua, como os artistas Crânio, Minhau e Chivitz, um dos curadores do MAAU.
Considerado o primeiro museu a céu aberto de arte urbana do Brasil, o local conta com obras de cerca de quatro metros de altura que podem ser vistas em ambos sentidos da avenida, em passeios a pé, de bicicleta pela ciclovia ou de carro.
Outros bairros
Seja em forma de desenho, estêncil ou lambe-lambe, a arte de rua pode ser encontrada até mesmo em bairros sem o apelo turístico de endereços como a Vila Madalena. Um deles é o Cambuci, bairro onde cresceram OSGEMEOS, dois dois brasileiros mais famosos na cena internacional do grafite, e que têm trabalhos na esquina entre as ruas Lavapés e Justo Azambuja.
Mais turística, a Liberdade tem obras inspiradas em elementos da cultura oriental, como os mangás japoneses, dispersas em locais como as ruas Galvão Bueno e da Glória.
Nesse bairro central, não é raro se deparar com obras assinadas por artistas como Nunca, Titi Freak e OSGEMEOS.
Tem Kobra
Por todo lado
De longe, as obras desse muralista podem ser reconhecidas com seus inconfundíveis desenhos anamórficos que criam efeitos 3D.
Os trabalhos de Eduardo Kobra estão sempre ligados aos acontecimentos mais recentes, como a pandemia representada no mural "Ciência e Fé", mural com 20 metros de altura por 10 metros de largura, na rua Dr. Eneias de Carvalho Aguiar, no Hospital das Clínicas.
Outras obras recentes de destaque são o mural "Coexistência - Memorial da Fé por todas as vítimas do Covid-19", na avenida Henrique Schaumann, em frente à Igreja do Calvário; e o "Metamorfoses", obra que ocupa oito andares do Hospital das Clínicas.
O artista assina também homenagens a personalidades brasileiras como Oscar Niemeyer (Praça Oswaldo Cruz/avenida Paulista) e Ayrton Senna (autódromo de Interlagos).
Veja outras artes de Kobra na galeria abaixo:
À moda da Isa Scherer
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