Brasileiro cruza EUA de bike e passa pela lendária Rota 66: 'De arrepiar'
Filmes de Hollywood não cansam de mostrar os Estados Unidos como um lugar perfeito para ser desbravado de carro ou motocicleta. Porém, na ânsia de atravessar as estradas do território norte-americano, o brasileiro Zeck Oliveira (@dropei_pro_mundo) dispensou a ajuda de um motor: ele fez uma viagem de bicicleta cuja meta foi cruzar o país inteiro.
"Vivo nos Estados Unidos há bastante tempo e sempre gostei de realizar longas viagens de carro por aqui. Cheguei a morar em uma van por quatro anos, enquanto percorria todo o país", diz. "E, nestes roteiros, conheci muitos ciclistas na estrada, que estavam vivendo grandes experiências. Aquilo me inspirou a conseguir uma bicicleta e fazer o mesmo".
Zeck não tinha nenhuma experiência com jornadas de bike. Mas isso não impediu que ele traçasse um plano ambicioso: atravessar os Estados Unidos de costa a costa com uma magrela, indo de Nova York à Califórnia — e passando, no trajeto, pela lendária Rota 66.
Mas a tarefa se mostrou difícil.
"Na primeira tentativa, acabei desistindo. Saí de Nova York em direção a Chicago, onde dá para entrar na Rota 66. É uma distância muito longa, que eu não consegui percorrer, principalmente pela minha falta de experiência no ciclismo. Abandonar o projeto me abalou bastante", conta.
Decepcionado e inconformado, Zeck retomou seu sonho alguns meses depois.
Para mim, ficou impossível planejar qualquer outro tipo de viagem. Peguei minha bicicleta novamente e voltei para Nova York, com garra e determinação. E, desta vez, consegui fazer o que queria".
Cowboys e calorão
Na segunda e exitosa tentativa, o brasileiro pedalou aproximadamente 8.000km, viajando primeiramente entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos e, depois, percorrendo toda a costa oeste, de Seattle a San Diego.
"Passei por 16 estados, como Ohio, Indiana, Illinois, Oklahoma, Texas, Novo México e Arizona", conta.
E, logicamente, um dos lugares que mais me marcou foi a Rota 66. Aproveitei que estava de bicicleta e fui admirando as paisagens desta estrada bem devagar. De repente, eu estava no meio do deserto, com lindas montanhas no horizonte e um silêncio quase total. Eu só ouvia o barulho da bicicleta na estrada. Foi de arrepiar".
Zeck também adorou o estado de Oklahoma. "É um lugar onde cruzei com cowboys. Senti que estava de bicicleta no Velho Oeste. Você se sente em um filme antigo. E, na Califórnia, fiquei encantado com a região chamada Big Sur, com a estrada passando ao lado do mar, de belas praias e de montanhas. Pedalei por três dias lá, isolado no meio da natureza".
E ele relata que, nos Estados Unidos, muita gente valoriza ciclistas estradeiros. "As pessoas dão muito valor para você na estrada, ao ver que está percorrendo grandes distâncias em uma bicicleta. Era comum eu ganhar água, frutas e até dinheiro de pessoas desconhecidas, que queriam me incentivar a seguir em frente".
No percurso, o brasileiro também teve que vencer obstáculos.
"Na Rota 66, principalmente na área do deserto, enfrentei temperaturas absurdas, que passavam dos 40ºC. Tinha que começar a pedalar de madrugada, a partir das 3 da manhã, para conseguir terminar a etapa do dia antes do começo da tarde e, assim, evitar muito calor", lembra.
"No deserto do Arizona, houve um dia em que peguei quase 50ºC. Eu não conseguia respirar. Tinha que parar a cada dois quilômetros para buscar uma sombra e tomar água".
Já no roteiro pela costa oeste, foi o contrário: Zeck esteve lá durante o inverno e passou dias pedalando sob temperaturas negativas.
E um dos momentos mais tensos da viagem ocorreu em um camping da Califórnia.
"Fui dormir, amarrei minha bicicleta, mas, no meio da madrugada, alguém tentou roubá-la. Peguei o ladrão no flagra, mas ele saiu correndo quando me viu. O problema é que o cara voltou horas depois, ainda de madrugada, e quebrou garrafas de cerveja na bicicleta. Chamamos a polícia e ele acabou sendo preso".
Bike carregada e próximos destinos
Para encarar este longo percurso, Zeck transformou a bicicleta em seu lar, levando, sobre a magrela, itens como barraca de camping (ele acampou em grande parte do percurso), saco de dormir, comida, equipamentos para cozinhar (como fogareiro), roupas, pneu reserva e ferramentas.
"A bicicleta chegou a pesar 42 quilos, contando a estrutura da bike e a bagagem", diz ele.
Com esta recente experiência bem-sucedida de viver "on the road" sobre duas rodas, Zeck já planeja novas pedaladas.
Neste momento, após concluir sua viagem entre as costas dos Estados Unidos, ele está em sua casa no Hawaii e, em breve, quer fazer um roteiro até o Alasca.
"Já comprei uma bicicleta nova e, com ela, pretendo cruzar o Alasca de norte a sul. E, em janeiro do ano que vem, o plano é ir para a Europa. A ideia é desembarcar em Portugal e, de lá, cruzar o território europeu. E tenho também muita vontade de fazer a África, começando no Marrocos e indo até a África do Sul. Hoje, não penso em viajar de outra forma. Só de bicicleta".
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