Nudez como tendência e luxo adulterado: os melhores looks da alta-costura
As criações de alta-costura das casas de moda europeias foram apresentadas na última semana durante a Semana de Moda de Paris. É nesse momento em que as grifes apostam em suas maiores — e mais impactantes — peças, usadas popularmente por celebridades em tapetes vermelhos e responsáveis também por moldar a personalidade das etiquetas mundo afora.
Dentre as apresentações realizadas na França, o corpo nu se destacou como uma tendência em ascensão no luxo. Fossem as roupas que deixavam, de fato, partes do corpo à mostra ou aqueles que recriavam silhuetas, em um dos casos até na gravidez, como desfilaram a Schiaparelli e a Jean Paul Gaultier.
Aguardada por muitos, a Balenciaga de Demna Gvsalia nos presenteou com um show dramático. Como de costume. Em sua segunda semana de alta-costura, o diretor criativo foi além de enfileirar roupas em modelos e propôs uma mensagem aos seus espectadores sobre o valor do luxo. O jeans, um dos tecidos mais populares, apareceu em alguns dos looks e o gênero foi anulado por máscaras cobrindo o rosto dos modelos que vestiam macacões justos ao corpo.
Abaixo, separamos alguns dos melhores look apresentados pelas casas de moda na Semana de Moda.
Schiaparelli
Nudez e volumes
Na tendência do corpo nu, a Schiaparelli de Daniel Roseberry apresentou um look misturando sua clássica história na moda alinhada ao mundo atual.
O corpo esculturado no busto trazia elementos em metais dourados, que se conduziam como botões em linha reta. Na parte debaixo, uma saia com abertura frontal em V foi sobreposta a um tecido rendado quase camuflado ao corpo da modelo.
O volume, por sua vez, surgiu em pelugens sintéticas que complementavam vestidos transparentes e formados por linhas.
"Eu queria fazer uma coleção que me trouxesse de volta ao tipo de moda pela qual me apaixonei e aquele período da moda que parece, em retrospecto, muito ingênuo de certa forma", disse Roseberry sobre a coleção apresentada.
Em outros momentos, flores secas, ou quase vivas, enfeitavam decotes e complementavam decotes dos looks.
Jean Paul Gaultier
Liberdade dos corpos e a costura
Conhecido por comandar a Balmain, Olivier Rousteing assumiu a direção criativa para esta coleção de alta-costura da Jean Paul Gaultier, a qual segundo ele foi uma carta de amor ao fundador da casa de moda.
Um dos looks a se destacar era um vestido preto com os seios à mostra. Na verdade, um tecido em tom nude que reproduzia essa ilusão — e inclusive foi usado por Kim Kardashian para assistir ao desfile.
Em meio a debates sobre o aborto, modelos desfilaram também peças que imitavam corpos grávidos, com os seios em formato de cone, como os usados por Madonna e criados por Jean Paul.
As técnicas de costura clássicas da casa francesa foram exploradas por Olivier de diversas formas. Desde um look que reproduzia fitas de medição da costura até os mais elaborados.
Nesses últimos, evidenciamos um vestido jeans com penas quase quilométricas que se suspendiam ao ar a partir do decote da peça. Além dele, um conjunto de alfaiataria que brincava com o caimento no corpo. O blazer se transformou em uma saia longa e com fenda curta.
Balenciaga
Gênero fluido e subversão do luxo
Para sua segunda coleção de alta-costura na Balenciaga, Demna Gvsalia recrutou um time poderoso para a passarela: desde Nicole Kidman até a cantora britânica Dua Lipa. Além de nomes como Kim Kardashian e as top models Naomi Campbell e Bella Hadid.
Abrindo novos caminhos para a subversão do luxo, como recentemente vimos com o tênis sujo, o diretor criativo inseriu sua personalidade casual para as criações de alta-costura e acentuou sua assinatura clássica. O gênero se fez fluido em macacões que cobriam todo o corpo junto às máscaras pretas e tecidos como o jeans criavam peças volumosas e luxuosas.
O volume foi introduzido de diversas formas. Uma delas em peças que criavam formas geométricas inusitadas, como em um vestido vermelho em que a parte traseira se assemelhava ao espinho pré-dorsal de um tubarão.
Ao finalizar a coleção, o vestido de noiva se fez a mais preciosa das cerejas de bolo. Com um véu que cobria o rosto da modelo, o tecido fino se fundia ao restante do look volumoso na parte debaixo — todo coberto por pedras brilhantes cravejadas.
Dior
Folclore ucraniano e o romântico
Maria Grazia Chiuri convidou a artista ucraniana Olesia Trofymenko para a elaboração da coleção de alta-costura. O tema emblemático para as peças era a "Árvore da Vida", parte da cultura da Ucrânia. Assim como no pós-Segunda Guerra mundial, a grife traça um caminho de otimismo para os tempos conturbados e de guerra em que vivemos.
Nas roupas, os detalhes bordados e esvoaçantes protagonizavam grande parte dos looks. A beleza do desfile morava nos detalhes.
Os tecidos mais pesados e os mais finos podem pertencer a extremos, tanto visuais como práticos na hora da costura, mas se alinhavam com uma visão romântica da diretora criativa da grife para compor as peças das coleções de alta-costura.
Em questões de cores, as mais neutras prevaleceram, desde o preto com detalhes em tons esverdeados até os tons terrosos mais claros com costuras minuciosas.
Chanel
Sutileza e referências clássicas
Sob o comando da diretora criativa Virginie Viard, a grife francesa levou a clássica alta-costura francesa para as passarelas. O tweed se fez presente em blazers e looks moldados a silhueta do corpo, enquanto peças mais sutis destacavam a técnica de costura da casa de moda.
A herança deixada por Karl Lagerfeld inevitavelmente foi o pilar principal para a construção das peças.
Além do tweed, tecido com lã de fio grosso na composição, vestidos com panos mais leves que flutuavam no corpo das modelos se destacaram. O volume também marcou presença, como em um look cheio de babados na cor branca.
Giambattista Valli
Excesso de alegria e volumes
"Acho que a lição mais poderosa dos últimos dois anos foi realmente aproveitar o momento, viva o momento", disse Giambattista Valli ao falar sobre sua coleção de alta-costura. E assim foi feito: as peças poderiam ser descritas de inúmeras formas, menos tímidas.
Em seu 10º aniversário na costura, o designer se inspirou no cenário noturno dos anos 1970 de Nova York, como o Studio 54, e jardins ingleses. O resultado foram vestidos e outros looks que, mesmo volumosos, também se alinhavam às silhuetas das modelos.
Os babados foram os grandes protagonistas, como já de costume na carreira do estilista, assim como o uso das cores em seus espectros mais vibrantes. Sem deixar de lado o branco, que se tornava vívido por si só.
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