Ao lado de seu cachorro, viajante americano caminhou pelo mundo por 7 anos
Quando tinha 17 anos, o norte-americano Tom Turcich (@theworldwalk) perdeu sua melhor amiga, Ann Marie. E a tragédia mudou sua maneira de encarar o mundo. "Após a morte dela, tomei uma decisão: aproveitar ao máximo cada dia da minha vida. Resolvi viajar pelo planeta para desbravar lugares desconhecidos e ser forçado a viver aventuras dia após dia", conta ele.
O projeto de Tom de rodar o globo saiu do papel em 2015, quando ele estava com 25 anos. E a jornada que ele planejou não tinha nada de convencional: o americano decidiu viajar pelo mundo a pé.
Descobri pessoas que já haviam percorrido o globo a pé. E caminhar pelo mundo me pareceu a melhor maneira de viver experiências imersivas diariamente e entender o planeta de verdade".
Empurrando um carrinho onde levava suas roupas e itens de camping, ele deixou sua casa em Nova Jersey e começou a andar rumo ao sul dos Estados Unidos, acampando ao longo da rota e conhecendo sem nenhuma pressa as paisagens do interior da América.
Porém, a viagem solitária acabou evoluindo para uma bela parceria.
"Ao chegar ao Texas, depois de quatro meses de caminhada, resolvi adotar um cachorro que pudesse me acompanhar nesta aventura. Fui a um centro de adoção de animais e, lá, encontrei a Savannah, ainda filhote. Nos conectamos na hora, ela virou minha companhia e cresceu na estrada comigo".
Juntos, os dois iriam percorrer, nos sete anos seguintes, 38 países e mais de 40 mil quilômetros.
Sem visto
Tom conta que, ao deixar os Estados Unidos, priorizou visitar países de fácil ingresso para americanos.
Decidi evitar, por exemplo, lugares com visto difícil de ser tirado, o que, na época, era o caso do Brasil e nações do Oriente Médio. Queria fazer desta viagem algo simples", diz.
Então, junto com Savannah, ele caminhou através do México, América Central e América Sul, indo, nesta última parte, da Colômbia até o Uruguai.
Do território uruguaio, os dois voltaram de avião para os Estados Unidos, onde Tom providenciou documentos para poder voar com Savannah para a Europa.
E, uma vez no Velho Continente, a dupla percorreu na caminhada países como Espanha, França, Alemanha, Itália e Croácia, indo até o final do território europeu e entrando no interior da Turquia e, depois, em nações remotas como o Uzbequistão e o Quirguistão.
"Estávamos na Ásia Central quando veio a pandemia, fechando muitas fronteiras. Por sorte, conseguimos pegar um avião de volta aos Estados Unidos e continuar a viagem, atravessando partes do país que eu não havia visitado. Minha rota final foi entre Seattle e Nova Jersey", diz.
Das montanhas do deserto
Tom conta que quase não teve problemas ao cruzar fronteiras por terra com seu cachorro.
"Antes de entrar a pé em algum país, eu costumava passar em um veterinário para conseguir um atestado de saúde atualizado da Savannah. Mas os oficiais de imigração nunca pediam qualquer documento dela. Há muitos cachorros de rua circulando por estas zonas fronteiriças. Na visão deles, a Savannah era só mais um destes animais. Ela passava despercebida".
Também não foi um problema para a pet percorrer enormes distâncias.
"A gente andava o dia inteiro. E eu consumi pelo menos 40 pares de calçados nesta viagem. Ao final do dia, eu estava muito cansado, mas ela continuava com energia. Foi um grande passeio para a Savannah", relata Tom.
E, juntos, os dois conheceram paisagens espetaculares.
Eles acamparam entre montanhas, lagos e sob um céu incrivelmente estrelado no interior do Quirguistão, atravessaram o deserto chileno do Atacama, cruzaram bosques da Alemanha e fizeram trilhas na Sicília, na Itália.
Também passearam em áreas desérticas do Marrocos e desbravaram o litoral da Espanha.
"Amei o lago de Atitlán, na Guatemala. Lá, subíamos uma colina para admirar o lago de cima, com vulcões ao fundo. Acabamos ficando duas semanas no destino", lembra o norte-americano.
"Também foi incrível estar sob o céu estrelado do Atacama. Deitávamos junto à barraca e ficávamos admirando aquela paisagem poderosa e, ao mesmo tempo, cheia de paz. E a Itália é um país inteiramente lindo. Todos os lugares que visitamos lá foram incríveis".
Por outro lado, a dupla enfrentou muitos desafios, como atravessar regiões montanhosas da América do Sul, passar pelo frio extremo do Estado do Wyoming no inverno e andar no calor extremo da Costa Rica.
"Estava muito quente quando visitamos a Costa Rica. Acordávamos todos os dias às 4 da manhã, começávamos a caminhar e tínhamos que parar às 10 da manhã, por causa do calor. Mas sempre soube que haveria obstáculos nesta enorme jornada. E, por isso, consegui superá-los".
O retorno dos dois a Nova Jersey ocorreu no último mês de maio, com uma entrada triunfal na cidade de Tom, onde a dupla foi recebida pela imprensa e por muitos moradores locais.
Estranhamente, não senti muita emoção ou ansiedade quando o fim da jornada se aproximou. Após cruzar a linha de chegada na minha cidade, só senti alívio", diz o viajante.
"Foram sete longos anos e, na verdade, parece que foram duas décadas. Tive aventuras maravilhosas e cresci mais do que esperava, mas senti falta dos meus amigos e familiares. Estava desejando acordar em uma cama e não precisar me expor aos elementos da natureza todos os dias. E esses dias estão finalmente aqui. Não poderia imaginar um final melhor para minha caminhada com a Savannah pelo mundo".
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