'Ponte dos sonhos' do Japão realiza desejos com vista para lago turquesa
Em um desfiladeiro, uma pequena ponte de madeira, suspensa sobre um lago azul-turquesa, lembra cenário de filme. O ar é perfumado por clorofila, já que tal recanto se esconde no meio de uma extensa cadeia de montanhas, cercado por densas florestas. E a total ausência de ruídos urbanos inspira tranquilidade, pois por lá só se ouvem o canto dos pássaros, o farfalhar da vegetação e o som de água a cair por entre as pedras.
Este pequeno paraíso, conhecido como desfiladeiro de Sumata — nome do rio que nele desemboca —, se esconde no distrito rural de Haibara, na província de Shizuoka, no Japão. E a ponte, sua atração principal, chama-se Yume no Tsuribashi (ou "ponte suspensa dos sonhos", em tradução livre).
Explica-se: uma superstição local diz que o desejo mentalizado por quem atravessa seus 90 metros será realizado. Muita gente deve acreditar, a julgar pelas grandes filas de turistas que chegam a se formar no local, sobretudo nos finais de semana do outono, quando o mosaico de cores formado pelas folhas das árvores se torna outro atrativo.
A estrada de acesso mais comum se inicia na parte norte de Shizuoka, a cerca de 35 quilômetros da capital Hamamatsu, cidade que abriga 9,5 mil brasileiros — o maior contingente dentre os 206 mil que hoje residem no Japão. São 60 quilômetros a serem percorridos montanhas adentro, dos quais os últimos oito são estreitos e cheios de curvas sinuosas. Como nem sempre é possível que dois carros trafeguem em mãos contrárias, nesse trecho a velocidade máxima permitida varia de 30 km/h a 40 km/h.
Por que a água tem essa cor?
O caminho faz valer o sacrifício para se chegar à ponte dos sonhos. No trajeto, passando por vilarejos bucólicos e sempre ladeado pelo rio Ooi, o mesmo tom azulado na água já começa a aparecer e prenuncia o que será encontrado em Haibara.
Essa interessante coloração se explica pelo chamado "efeito Tyndall", nome dado em referência ao físico irlandês John Tyndall, que, ao final do século 19, explicou cientificamente o fenômeno: quando a água é muito limpa e uma pequena quantidade de partículas finas é dissolvida, ocorre um efeito ótico de dispersão da luz, em que apenas a luz azul com comprimento de onda curto é refletida.
A depender do clima e da intensidade dos raios solares, a cor da água pode ganhar mais ou menos intensidade, ou variar para um tom mais próximo do verde-esmeralda.
Os carros só podem trafegar até um pequeno e simples complexo turístico onde há estacionamentos e 14 estabelecimentos, entre lojas de suvenires, pequenos restaurantes, pousadas e os populares "onsens" (casas de banhos termais).
A partir deste ponto, o percurso de quase dois quilômetros até a ponte dos sonhos deve ser feito a pé, em uma trilha repleta de coníferas, ciprestes, canforeiras e faias-japonesas, entre outras árvores — placas afixadas em algumas delas ajudam o visitante a identificar as espécies.
No caminho, também há chance de avistar animais como o macaco-japonês ("nihonparu") ou o serau japonês ("kamoshika"), uma espécie de cabra-antílope que só existe no país asiático.
Travessia com emoção
Os últimos 300 metros até a ponte dos sonhos são de descida, por meio de uma escadaria. Como só 10 pessoas são autorizadas a atravessá-la por vez, nos dias mais cheios há fila e a espera pode chegar a três horas — ocasiões em que a Yume no Tsuribashi vira via de mão única e o retorno tem de ser feito por outra ponte, mais larga e de concreto, 400 metros além daquele ponto.
A oito metros acima do lago azul-turquesa, a ponte dos sonhos é sustentada por dois cabos de aço grossos e 22 mais finos, sobre os quais estão dispostas as tábuas de madeira, de 40 centímetros de largura. É proibido pisar de forma brusca ou pular sobre ela — e, mesmo com passadas sutis, a ponte balança consideravelmente, o que dá mais emoção à travessia.
Do outro lado, quem encarar pouco mais de 300 degraus chega a um mirante onde pode-se contemplar uma visão panorâmica do desfiladeiro e tirar fotos "Instagramáveis". Mas que ninguém pense em fazer lives, já que, por ali, não chega nenhum sinal de telefonia móvel.
Para recompor as energias
Com a calma que o passeio merece, o percurso de ida e volta até a ponte dura cerca de uma hora e meia. Ao retornar ao ponto de entrada, quem estiver cansado pode ir a um "onsen" tomar banho de águas termais, experiência que custa 400 ienes [R$ 15] para adultos e 200 ienes [R$ 7,50] para crianças.
Se a fome bater, um dos estabelecimentos mais tradicionais é a loja e restaurante Sato, em funcionamento desde 1958. A sugestão da casa é um refrescante sobá (macarrão feito à base de trigo sarraceno) servido gelado com espinafre, wasabi (raiz forte) e gergelim, por 800 ienes [R$ 30]. Pelo mesmo preço, também pode-se degustar uma porção exótica, mas não muito generosa, de uma iguaria restrita a raras regiões do Japão: o "shikasashi" (carne crua de veado).
Por fim, encerrado o passeio, só resta torcer para que o desejo mentalizado na ponte dos sonhos se realize.
Exigências para entrar no Japão
A partir de 10 de junho, somente estrangeiros que chegam em grupos turísticos organizados por agências registradas no Japão estão sendo permitidos durante a primeira fase da reabertura, segundo o Ministério do Turismo japonês.
Os estrangeiros em visita de turismo devem ser acompanhados por um guia em todos os momentos a partir da entrada no país, segundo as diretrizes publicadas pelo governo japonês. Os turistas também terão que fazer um teste de PCR para covid-19 antes de entrar no país e usar máscara durante todo o tempo da viagem.
As agências de viagens devem garantir que os turistas concordem em usar máscaras e tenham seguro que cubram quaisquer despesas médicas relacionadas à covid-19. Os visitantes também devem concordar em evitar espaços fechados e lugares lotados e manter o distanciamento social.
Quem não cumprir os requisitos corre o risco de ter sua excursão em grupo encerrada.
É necessária a solicitação de visto de turismo (curta permanência) para entrada no país. Mais informações em: https://www.sp.br.emb-japan.go.jp/itpr_ja/ptnot_22_06_entradas_visto.html
(com informações da Deutsche Welle)
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