Fazer cerâmica virou moda e pode gerar renda extra; veja onde aprender
Na pandemia, cresceu o interesse tanto pela cozinha quanto por atividades manuais. Juntando essas duas vontades, a cerâmica teve um boom.
"Com o isolamento, virou uma coisa de louco. Todo mundo começou a querer mesa bonita, e muita gente quis aprender a fazer cerâmica", conta Paula Almeida, ceramista que recebeu a atriz e cozinheira Isa Scherer no programa "À moda da Isa" (veja a visita e detalhes da produção de uma peça de cerâmica no vídeo que abre esta reportagem).
Neste ano, Paula completa 40 anos moldando a argila — e segue buscando criações diferentes na decoração, entre vasos e esculturas, além dos utilitários.
Ela alerta a quem ama consumir cerâmicas — ou até mesmo deseja entrar no ramo — que é preciso valorizar a técnica, os materiais e o resultado de cada ateliê. "A indústria, por exemplo, imitou muito. Não dá para comparar valores entre esse mercado e o de um ateliê artesanal, cheio de processos e com equipe reduzida".
Um começo
Se o isolamento despertou essa vontade de mexer com barro, fez brotar uma nova carreira para Ana Leite. Depois de 15 anos trabalhando em uma multinacional, com uma vida confortável e imersa em reuniões online, o desejo de modelar a argila cresceu.
Em seu apartamento em Hortolândia (SP), começou a fazer pequenas peças e levava a produção para queimar fora. No começo deste ano, o trabalho ganhou outra dimensão: "Não conseguia mais conciliar as duas coisas e pedi demissão. Foi dolorido, mas precisava dar espaço a esse sonho", conta. Atualmente, ela vive de sua marca, a Abarro (@abarro113), e tem duas vagas de emprego em aberto para expandir seu negócio.
"A minha cerâmica é muito artesanal. Tem vários processos e facilmente nos perdemos se não houver organização", diz ela. "Sou muito feliz aqui, estou realizada."
O que ninguém vê
Nem tudo é poesia, naturalmente. "A cerâmica é tão encantadora que o mais difícil para mim foi formar preços. Da modelagem até sair para um cliente, são 50 dias ou mais de processos, pessoas envolvidas, materiais e dedicação. Todas essas etapas têm um custo e aprendi isso", conta Ana.
A manteigueira, vendida a R$ 108, é o carro-chefe, mas os coadores de café (R$ 80) saem bastante, principalmente quando ela publica seu ritual de tomar café aos sábados na varanda — 90% das vendas são online.
As refeições mais lentas passaram a nos atrair nesses últimos dois anos. A mesa reúne conversas e experiências, como a de tomar café sentindo o material da xícara."
Tradições japonesas
Ceramista das mais respeitadas de São Paulo, Hideko Honma (@hidekohonma) compõe as louças de restaurantes estrelados como o do Palácio Tangará. O sucesso não veio fácil. Há mais de 20 anos ela partiu para o Japão para aprimorar a técnica por três meses e ela se mantém estudando. Foi a virada de chave.
Com formação em História da Arte, ela leciona no ateliê que leva seu nome, em São Paulo.
Quero que as pessoas entendam que o processo é mais encantador que o resultado. Exige paciência, disciplina — tudo isso para nos fortalecer"
Quer saber mais sobre ateliês que abrem para aulas? Veja a seguir:
Hideko Honma
São Paulo
É possível fazer cursos e ter a atenção individual de professores diferentes que ensinam modelagem no ateliê. Cada aula custa cerca de R$ 270.
Tel.: (11) 5042-4450
Barro e Cor Cerâmica
Rio de Janeiro
O ateliê se abre para ensinar modelagem, acabamento, esmaltação e pintura até chegar à queima.
Tel. (21) 2247.1332
Ateliê da Vila
Belo Horizonte
O curso Cerâmica do Zero para adultos vai de 25 a 29 de julho, com Eduardo de Lapouble. Em cinco dias, a ideia é desenvolver autonomia e criatividade no trabalho com a argila, com materiais inclusos. O curso custa R$ 990, parcelado em duas vezes.
Tel. (31) 97174-3327
Online
Sim, há cursos online, embora seja muito mais interessante aprender a fazer cerâmica pessoalmente, sentindo as texturas nas mãos. A plataforma de cursos Domestika tem um curso para trilhar os primeiros passos.
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