Mulheres comandam apenas 6% dos melhores restaurantes do mundo, diz estudo
Apenas 6% dos restaurantes considerados os melhores do mundo são comandados por mulheres. No entanto, cerca de 25% de todos os chefs são mulheres. Esta disparidade de representatividade foi revelada por uma pesquisa do site especializado "Chef's Pencil" nesta quarta (20).
A publicação comparou os dados de 2.286 restaurantes premiados no Guia Michelin — uma das publicações de maior prestígio do meio gastronômico que, com suas famosas estrelas, indica quem é quem no setor — e os 100 restaurantes melhor ranqueados na lista da premiação anual "The World's 50 Best Restaurants", o Oscar da gastronomia que teve sua edição de 2022 divulgada esta semana.
Há bastante sobreposição e encontro na avaliação dos dois prêmios: três quartos dos 100 melhores restaurantes do mundo possuem estrelas Michelin. No total, 6,04% dos restaurantes Michelin têm liderança feminina e 6,73% dos 100 melhores tem uma chef. Nas duas listas, não foram encontradas chefs liderando casas bem avaliadas em Singapura, na Irlanda, na Suécia e na Dinamarca.
Embora a região nórdica — onde estão Noruega, Suécia e Dinamarca — seja considerada especialmente avançada em relações à representação das mulheres na sociedade, apenas uma chef na Noruega lidera um restaurante estrelado pelo guia Michelin, enquanto há 63 conduzidos por homens.
Nos Países Baixos, há apenas uma chef do gênero feminino entre 112 chefs no comando dos melhores restaurantes do país. Na Alemanha, o cenário é de 13 mulheres encabeçando restaurantes com estrelas Michelin diante de 337 homens com a mesma conquista.
Na França, o cenário é levemente melhor: 5% de todos os restaurantes com estrelas Michelin têm mulheres na chefia. Enquanto a representatividade cresce ao olhar para EUA (7%) e Reino Unido (8%), o cenário é mais favorável na Itália (10%) e na Espanha (11%), dois países de expressividade no cenário gastronômico mundial.
O "Chef's Pencil" afirma ter analisado os cenários gastronômicos de cidades como Atlanta e Miami e não ter encontrado uma falta de representatividade tão flagrante. No entanto, ao comparar números do Censo dos EUA com os das duas listas, encontrou-se 24% de mulheres no comando de restaurantes contra apenas 7% no topo dos premiados. A situação se manteve em relação ao Reino Unido, com uma disparidade de 25% para 8%.
Questionados pelo time do Chef's Pencil a respeito das disparidades, William Drew, diretor de conteúdo do "The World's 50 Best Restaurants" desconversou:
Enquanto mulheres não forem mais igualmente representadas no setor de hospitalidade e ocuparem posições mais altas dentro da indústria em escala mais igual, continuaremos a celebrar e elevar as conquistas de mulheres neste espaço." Prometeu Drew.
Lógica paternalista
O site "Grubstreet", da "New York Magazine", questionou em um ensaio a confiabilidade de rankings e listas como o 50 Best e o Michelin, em que jurados investem em percepções estáticas e viciadas do que é boa gastronomia, votantes indicam restaurantes de amigos e reforçam o reconhecimento de casas em destinos turísticos internacionais e restaurantes lideradas por homens ganham força com base em marketing e prestígio antigos e paternalistas.
O texto ainda critica a opção do 50 Best de eleger para o seu Hall da Fama aqueles restaurantes que não podem mais perder o status de melhores do mundo por já terem vencido a competição inúmeras vezes — seu ocaso natural na lista quando tendências gastronômicas e modificações na indústria acontecessem poderia ser um índice educativo de que o mundo se torna diferente ou mais inclusivo.
É bom celebrar a gastronomia, lembra o "Grubstreet", mas que estas honrarias não sejam levadas a sério demais e conduzam a experiência de seu paladar.
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