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Governo do México vai voltar a exigir visto físico de turistas do Brasil

Cancún, no México - Getty Images/iStockphoto
Cancún, no México Imagem: Getty Images/iStockphoto

De Nossa

26/07/2022 17h10

O governo mexicano voltará a exigir visto físico dos brasileiros que entram no país a turismo — seja local ou como parada de um roteiro que inclua os EUA, o Caribe ou até o Canadá. A informação é do jornal mexicano "El Economista".

À publicação, o Ministério do Interior do México justificou que a medida se faz necessária porque a autorização eletrônica de entrada, o chamado "visto temporário" instaurado em novembro de 2021, não se mostrou eficaz para coibir a imigração ilegal de brasileiros não só para o país como para os EUA.

"Devido ao fato de que não há avanços substanciais nas ações conjuntas com o governo da República Federativa do Brasil que possibilite o uso adequado da medida de facilitação migratória e garantisse fluxos migratórios seguros, ordenados e regulares, o objetivo geral desta lei é que o governo mexicano decidiu eliminar a facilitação da obtenção do visto eletrônico para cidadãos brasileiros que pretendam ingressar por via aérea no território nacional, como visitantes sem autorização para realizar atividades remuneradas", disse o órgão federal.

A medida que nasceu na Comissão Nacional de Desenvolvimento Regulatório entrará em vigor uma vez publicada no Diário Oficial da Federação (DOF) do México, ainda sem previsão.

O sistema de emissão da autorização eletrônica de entrada no México se provou, de fato, ineficaz nos últimos meses — brasileiros passaram a encontrar dificuldades técnicas em obter o documento em tal nível que o Itamaraty interveio em junho para pedir ao governo local "providências urgentes" e uma solução para o problema. O problema perdura já há semanas.

Destinos paradisíacos já familiares aos brasileiros poderão ficar mais caros e inacessíveis - Reprodução/Tripadvisor - Reprodução/Tripadvisor
Playa Maroma, no México: destinos paradisíacos já familiares aos brasileiros poderão ficar mais caros e inacessíveis
Imagem: Reprodução/Tripadvisor

Ainda de acordo com dados obtidos pelo "El Economista", entre janeiro e maio de 2022, 16.509 brasileiros foram flagrados pelas autoridades migratórias tentando entrar ilegalmente no país.

Desde 2021 as autoridades dos EUA têm pressionado o governo mexicano a tomar uma medida em relação aos imigrantes ilegais que entram no país via sua fronteira. Em setembro de 2021, o país impôs o visto aos equatorianos, com o mesmo objetivo de conter a imigração ilegal de cidadãos da América do Sul que tentam escapar das crises provocadas pela gestão da pandemia em seus países de origem.

Ano passado, em entrevista à rede de tevê Fox News, o senador republicano americano Lindsey Graham criticou o que considera como "leniência" do governo democrata atual em lidar com os brasileiros, atualmente a sexta nacionalidade que mais imigra ilegalmente, ou, ao menos, que mais é detida nos postos de fronteira do país.

Praça da Constituição, na Cidade do México - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Praça da Constituição, na Cidade do México
Imagem: Getty Images/iStockphoto

"As escolhas políticas de Biden estão pelo mundo. Nós tivemos 40 mil brasileiros só no posto de fronteira de Yuma, indo para [o estado de] Connecticut usando roupas de marcas e bolsas da Gucci. Isso não é mais imigração econômica. As pessoas veem que os Estados Unidos estão abertos e tiram vantagem de nós, e não vai demorar muito para que um terrorista se misture a essa multidão", acredita.

Em 2005, um movimento semelhante — mais de 30 mil brasileiros detidos na fronteira México-Estados Unidos sem documentos — levou o governo mexicano a impor o visto para brasileiros. Nos anos seguintes, estes números caíram significativamente (para cerca de 1 mil brasileiros detidos por ano), por isso, em 2013, o visto foi abolido em acordo firmado durante o governo Dilma Rousseff.

Enquanto a autorização eletrônica era gratuita para os viajantes por via aérea, um novo visto físico deve significar não apenas aumento de burocracia, mas de custos para os turistas, a ser definido. O governo brasileiro, se optar por seguir o princípio de reciprocidade que frequentemente serve de base às relações internacionais, pode decidir aplicar a mesma medida aos mexicanos que chegarem ao Brasil.