"Nonnas" italianas e sertão inspiram tecelagem de design rústico e elegante
"Sabe os sacos de arroz e de mantimentos de antigamente? Quando muitos imigrantes chegaram aqui os reaproveitavam para a casa", conta Zizi Carderari. Assim começa essa história. No caso das avós italianas, que ela viu de perto, alvejavam a sacaria e vestiam mesa, pia, fogão e cama.
Aqui no futuro, a memória afetiva a levou ao resgate dessa tradição. Após uma experiência no empreendedorismo com uma marca de camisas, surgiu a vontade de criar itens de casa, como os panos que rondavam suas lembranças de infância. Considerou que assim como essa, outras manualidades mereciam um olhar atual — e assim nasceu o Estúdio Avelós, que aposta na tecelagem manual e nas cestarias.
Zizi mergulhou nas pesquisas sobre o fazer manual quando ainda atuava como jornalista para veículos de moda e decoração brasileiros, nos anos 1990. Nutria, em paralelo, o sonho de mostrar o artesanato do sertão como ele merecia. "Os fazeres, as histórias e técnicas sempre despertaram meu interesse. Assim, criei o Projeto Sertões, um irmão mais velho do Estúdio Avelós", conta.
A estética do sertão é chique. O sertão é feliz, tem lagoa, tem belezas, não é triste como as pessoas imaginam."
Dessas andanças ela trouxe ao Estúdio Avelós as cestarias que compõem uma atmosfera entre o rústico e o elegante, ao lado de seus panos, que exigiram muita pesquisa para encontrar um material mais macio.
"Foram vários testes e muita pesquisa de fios. Cheguei a um pano mais gostoso que a sacaria, com a tecelagem manual", diz ela. Em Carmo do Rio Claro, MG, com algodão e mão de obra local, tudo se desenvolveu.
Mas nada fácil — ainda nos anos 1990, ela chegou a investir um apartamento na tecelagem. Perdeu tudo com uma seca que afetou os negócios. "Quase fui internada. Recomecei no jornalismo e trabalhei por mais 20 anos", conta.
Até que em 2013, se encheu de coragem de novo e voltou às expedições pelo interior do país, onde se aliou a comunidades e às suas técnicas — a cearense Nequinha, que você já viu aqui no Feito à Mão, é uma das parceiras de criação.
Acreditar
Zizi ainda acreditava no seu sonho e via que no interior havia técnicas de trabalho ricas, que precisavam de mais acesso a informações de design para resultar em criações com significado e valor. "Bordados entram em extinção se não valorizarmos. Hoje estamos em grandes projetos arquitetônicos", diz ela, que tem como clientes resorts e arquitetos pelo Brasil afora.
Obcecada pelo acabamento das peças que produz, ela destaca que seu trabalho é uma troca de saberes com as comunidades. "Esse é o Brasil que deveríamos fazer. Aqui o verbo ajudar não existe, é sempre uma troca".
Ao lado de artistas populares, ela desenha e busca as possibilidades de criação. Depois, cria coleções, dá escala à produção e revende em seu site ou pelo Instagram @estudioavelos. "O artista popular é de uma generosidade incrível. Quando encontra quem acredita no trabalho dele, as vidas se transformam".
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