Topo

Prédio de antigo tribunal e prisão vira hotel moderno e clean em Berlim

Hotel Wilmina, em Berlim - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten
Hotel Wilmina, em Berlim Imagem: Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten

De Nossa

29/07/2022 10h35

Um prédio com um passado nada hospitaleiro acaba de se tornar o mais novo (e charmoso) hotel de Charlottenburg, em Berlim.

Localizado no número 79 da Kantstraße, um antigo tribunal e penitenciária feminina abriga agora o Wilmina graças ao trabalho de revitalização do espaço do escritório Grüntuch Ernst Architekten.

O complexo, na verdade, serve a três propósitos — gerenciados pela mesma família. A porção onde estava situado o antigo tribunal tornou-se o Amtsalon, um espaço de arte e cultura anexo ao Wilmina, segundo o time do próprio hotel. Já a porção dedicada antes à detenção recebe hóspedes, enquanto clientes do restaurante Lovis almoçam ou jantam no pátio rodeado por jardins.

Com 44 suítes e quartos de proporções modestas — afinal, um dia eles se trataram de celas — o Wilmina tem sua maior acomodação na suíte da cobertura, com apenas 35 metros quadrados. (Hotéis de luxo chegam a ter aposentos semelhantes do tamanho de um apartamento entre 200 m² e 1.000 m²).

Hotel Wilmina, em Berlim - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten
Imagem: Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten

O hotel ainda conta com um terraço aberto no seu topo, uma biblioteca, bar, spa e academia, em espaços bem iluminados e minimalistas. Nem sempre foi assim.

Uma breve história do endereço

Em 1896, foi criado um tribunal criminal e uma prisão associada em Charlottenburg. As estruturas independentes foram assinadas pelos arquitetos Adolf Bürckner e Eduard Fürstenau.

Hotel Wilmina, em Berlim - Reprodução/Wilmina - Reprodução/Wilmina
Os antigos tribunal e prisão
Imagem: Reprodução/Wilmina

Apesar de inicialmente ter servido como corte com quatro departamentos, o prédio da frente ainda abrigaria, anos depois, a administração estatal, o Instituto Estadual de Química e, mais recentemente, o Cartório de Charlottenburg-Wilmersdorf.

Já a prisão teve um histórico conturbado com o judiciário alemão por décadas. Fechada finalmente em 1985, seu prédio funcionou como os arquivos do cartório até que o prédio foi selado, vendido e transformado no Wilmina em 2022.

A reforma

Com o intuito de dar vida nova ao local, mas sem abrir mão de sua história, os profissionais envolvidos na restauração dos prédios que hoje abrigam o complexo do Wilmina reaproveitaram até mesmo tijolos de paredes que foram derrubadas na prisão para erguer o restaurante Lovis.

Hotel Wilmina, em Berlim - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten
Imagem: Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten

A intenção não era esconder o que o Wilmina foi um dia, mas revelar aos hóspedes a trajetória deste curioso lugar. "Através de intervenções sensíveis com aberturas deliberadas, construções, superimposições e relocações, as estruturas existentes foram expandidas, conectadas e reprogramadas", explicaram os arquitetos (além de marido e esposa) Armand Grüntuch e Almut Grüntuch-Ernst ao site Dezeen.

Hotel Wilmina, em Berlim - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten
Imagem: Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten
Hotel Wilmina, em Berlim - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten
Imagem: Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten

Preservar era o grande desafio, mas sem deixar de também iniciar ali uma nova história. "O processo envolveu reverter a configuração espacial e seu significado para que um lugar antissocial se tornasse convidativo", apontaram Armand e Almut. Não à toa, os tons pastéis e a forte iluminação passam uma atmosfera bastante aconchegante a quem entra.

Hotel Wilmina, em Berlim - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten
Imagem: Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten

Nos lobbies, átrios e espaços transicionais do prédio, elementos do passado dão as caras no design e na decoração, incorporados à modernidade. Portas pesadas do cárcere, barras nas janelas e cortinas de correntes convivem bem com sofás, poltronas, lareiras e megalustres bastante clean.

Hotel Wilmina, em Berlim - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten - Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten
Imagem: Divulgação/Patricia Parinejad/Grüntuch Ernst Architekten

Outra particularidade que faz do Wilmina uma hospedagem interessante está no fato de que, por ter sido reformado, nenhum quarto ou suíte é igual ao vizinho — embora uniformes na estética, eles oferecem uma ambientação única ao visitante.

Uma noite no Wilmina custa a partir de 126 euros ou R$ 692,50. Reservas e orçamentos podem ser feitos no site do hotel, onde também é possível encontrar a programação das exposições e eventos culturais do Amtsalon.