Clima 'motoqueiro' e roupas a R$ 390: marca de Marina Ruy Barbosa se renova
A Ginger, marca de moda criada por Marina Ruy Barbosa, conquistou sucesso entre o público desde a sua fundação, em 2020. Roupas esgotadas e a abertura de uma loja física, em São Paulo, ilustram seu crescimento nestes dois últimos anos desde o lançamento oficial.
Em busca de maior relevância na moda nacional, agora a etiqueta dá um novo passo para garantir originalidade: o estilista Ale Brito assume a direção criativa, estreando na mais recente coleção lançada, intitulada "Special" — apresentada por cores vibrantes, peças em vinil e cores metalizadas, além de uma estética motoqueira e underground em sua campanha oficial.
Aos interessados, os preços flutuam entre blusas de R$ 397 até blazers por R$ 1,9 mil, incluindo cintos disponíveis pela bagatela de R$ 527.
"O Ale é um dos grandes talentos da moda nacional e eu já conhecia o seu trabalho há alguns anos", conta Marina Ruy Barbosa para Nossa. "Ele transpira moda e quer sempre surpreender. Tenho um imenso respeito pelo trabalho dele e por tudo o que ele construiu".
De McQueen para a "ruiva"
Embora jovem, Ale Brito já tem o nome consagrado na moda nacional. Teve sua própria marca lançada pela Casa de Criadores e, há pouco, voltou de Londres, na Inglaterra, onde trabalhou no Atelier Alexander McQueen — uma das casas de moda mais prestigiadas do mundo.
"Poder trabalhar para a Alexander McQueen foi uma grande escola para mim", conta o estilista em entrevista para Nossa. "Foi uma experiência única e que me deu a oportunidade de colaborar com pessoas incríveis. Tinha uma afinidade genuína com a marca, o que só agregou. Moda é moda em todos os lugares do mundo, mas estar inserido dentro de uma operação internacional traz uma visão mais abrangente".
A moda sempre esteve presente na vida do novo diretor criativo da Ginger. Em suas palavras, é "uma paixão de infância": "Vivia o sonho de ser estilista desde criança: nas minhas brincadeiras eu era o estilista, o modelo, a plateia. Era algo que fazia parte de mim", relembra. "Pedia para a minha mãe comprar as fitas VHS dos desfiles internacionais e nacionais, por exemplo".
O que pode ser considerada sua primeira peça nasceu de um desenho. Um bolero visto por sua tia, ainda no papel, que posteriormente ganhou forma ao ser confeccionado pelos dois juntos.
"Foi um momento que me marcou muito, me emociona até hoje", diz ele. "Era um interesse autêntico. Tive o privilégio de crescer com a certeza de que eu queria fazer moda".
Anos depois, a paixão se tornou profissão. Quando saía do colégio, Ale ia até a Galeria Ouro Fino, no bairro do Jardins, em São Paulo, onde acontecia a cena underground dos novos estilistas com sede na capital paulistana: "Foi lá que eu conheci as Gêmeas [Carolina e Isadora Fóes Krieger], com quem eu tive o prazer de começar a trabalhar como assistente. Foi a minha entrada no universo da moda de maneira oficial".
Ao ser questionado sobre como definiria a própria moda, Ale Brito pontua: "Atemporal, urbana e sempre busca uma nova forma de execução, de construção das peças". O conforto e atenção aos acabamentos também são características predominantes em suas criações.
"Sou muito inspirado por diretores de cinema como Pedro Almodóvar, Bruce LaBruce e Sofia Coppola. São estéticas que me fascinam e que me guiaram por muitos anos", cita. "Música e o street style também são elementos que complementam meus conceitos".
Tudo que é contemporâneo e atual me inspira, coisas que estão acontecendo no mundo, acabam influenciando bastante o que eu tenho vontade de criar".
O diretor criativo Ale Brito
Encontro de artes
O convite para trabalhar com Marina Ruy Barbosa surgiu um pouco antes do estilista voltar para o Brasil. Enquanto fazia uma pesquisa de mercado para entender quais eram as marcas que estavam "acontecendo", como ele diz, se deparou com a Ginger: "Saltou aos meus olhos".
Foi nesse momento em que ele percebeu o quanto a etiqueta se destacava. Ao mesmo tempo, colegas da moda reforçavam essa visão: "O que começou com um papo informal [com Marina Ruy Barbosa] se transformou em diversas longas conversas sobre o mercado da moda. Nossas visões criativas se cruzavam de diversas formas e isso despertou ainda mais a minha vontade de colaborar com a Ginger".
Especificamente sobre a "Special", coleção que marca sua estreia na etiqueta nacional, Ale explorou sua liberdade poética para apresentar peças que acreditava e o emocionavam de alguma forma. Sua identidade se faz nítida nos looks.
"A Ginger é uma marca que bebe da fonte das artes. Uma abordagem que eu adoro. Usamos isso como ponto de partida e encontramos, Marina e eu, uma vontade de explorar o universo da arquitetura", comenta. "Ela muito movida pela qualidade estética e eu pelo valor dado às proporções e shapes".
O diretor criativo completa: "Minha personalidade dentro da coleção se traduz de muitas formas: na paleta de cores, na introdução de novas silhuetas, na escolha dos materiais".
Os elementos arquitetônicos citados por Ale são exemplificados por Marina Ruy Barbosa: "Sou apaixonada por design e pelos trabalhos de grandes arquitetos como Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi, que preencheram o nosso moodboard", conta a atriz e empresária. "Arte sempre será um fio condutor para a Ginger e para mim".
Para ela, além dos desenhos e toda concepção criativa, a personalidade de Ale Brito aparece nos detalhes e na construção da coleção. São peças que tem acabamento minucioso, além do cuidado com as proporções e com a forma.
"Ele também introduziu novas silhuetas ao nosso repertório, que também trouxeram um pouco da visão dele como diretor criativo", complementa Marina. "Posso citar uma jaqueta bomber feita com fio italiano, um macacão com decote cavado e os vestidos em Jersey, super sexys".
Moda para ficar
Sobre essa nova etapa da Ginger, ao lado agora do novo diretor criativo, Barbosa diz que uma das metas é dar sequência a alguns dos elementos que estabeleceram a marca no mercado nacional de moda, como uma estética facilmente reconhecível entre o público: "O Top Coração, por exemplo, se tornou uma peça statement", diz ela sobre a peça, à venda no site por R$ 1,1 mil.
"Tudo o que apresentamos precisa fazer sentido. Não vamos lançar coleções apenas para seguir as cartilhas do mercado. A ideia é promover uma moda mais inteligente, menos perene", conclui.
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